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22/Nov/2021

Agronegócio falha na comunicação com o exterior

De acordo com o livro "O Brasil no agronegócio global: reflexões sobre a inserção do agronegócio brasileiro nas principais macrorregiões do planeta", do Insper Agro Global, o agronegócio brasileiro se comunica muito mal no exterior. Além disso, a regulamentação ambiental e climática do setor deve melhorar para que o País consiga se inserir e conquistar mais mercados. O País enfrenta um problema gravíssimo de comunicação de sua imagem e dos produtos brasileiros no exterior. O Brasil exporta commodities, que não chegam ao consumidor final, mas é bom lembrar que a imagem do Brasil chega ao consumidor final. Trata-se de uma questão importante, principalmente neste momento, em que há a questão ambiental, sanitária e geopolítica em jogo. A questão de comunicação e imagem é o ponto principal, que aparece em todos os capítulos do livro no quesito de "recomendações políticas".

Outro ponto, é a necessidade de uma melhor regulamentação ambiental e climática. Principalmente depois da pandemia de Covid-19. O agronegócio precisa trabalhar com muito mais atenção nesses aspectos porque isso pode prejudicar a inserção internacional do Brasil. Entre outras análises do livro, estão também os potenciais mercados que o Brasil pode conquistar ou ampliar no futuro, sobretudo no sul da Ásia, no Oriente Médio, Sudeste Asiático e África Subsaariana. Sem deixar de lado, porém, a União Europeia e os Estados Unidos, mercados que têm sido aproveitados por vários outros países exportadores, inclusive os da América Latina, em detrimento do Brasil. Em relação à Europa, embora o market share do Brasil no bloco tenha caído ao longo dos anos, é necessário focar esforços na região porque a União Europeia é formadora global de opinião. O agronegócio brasileiro já chegou a destinar metade de suas exportações para Europa e hoje elas não representam mais do que 16%.

O green deal pode virar um instrumento protecionista importante num continente já bastante protecionista. De todo modo, o Brasil é bastante diversificado em destinos para exportação. Apesar da concentração na Ásia, com a China perfazendo 35% do faturamento dos embarques externos brasileiros, o País exporta para grande quantidade de outros países. Neste ano, o agro brasileiro deve faturar US$ 115 bilhões em exportações (35% deste valor graças à China). Mesmo assim, o Brasil é diversificado em destinos, apesar de ter concretizado poucos acordos comerciais, contribuindo com 6% a 7% das exportações mundiais. Outra necessidade premente do agronegócio brasileiro é diversificar sua pauta de exportações. Para os Estados Unidos, por exemplo, o Brasil tem uma pauta muito concentrada, com carne bovina e laranja.

Na prática, o País é concorrente dos Estados Unidos, em relação à exportação de grãos. Mas, os países latino-americanos exportam para os Estados Unidos frutas, pescados e castanhas, produtos nos quais o Brasil é insignificante no mercado externo. Infelizmente, o Brasil atua apenas com commodities, produtos dos quais os Estados Unidos são concorrentes, e não compradores. Quanto à China, apesar de o gigante asiático ser o principal comprador de produtos do agronegócio brasileiro, ainda falta credenciar o Brasil como fornecedor confiável e de longo prazo. Basta ver o recente episódio de suspensão das exportações de carne bovina para a China. As relações com a China têm sido muito oportunistas e de curto prazo, com sucessivas aberturas e suspensões de comércio. Então, é preciso trabalhar este mercado e principalmente não atacar a China desnecessariamente, como aconteceu recentemente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.