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22/Nov/2021

Amazônia: desmatamento é o maior em 15 anos

Em mais um recorde, o governo Jair Bolsonaro registra o maior índice de desmatamento do País dos últimos 15 anos na chamada Amazônia Legal, que engloba o território de nove Estados. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram desmatados 13.235 Km² de floresta na região. Esse volume é 21,97% maior que o registro no mesmo intervalo de 12 meses anterior, quando a área devastada chegou a 10.851 Km². Os dados consolidados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélites (Prodes) são conhecidos como a informação técnica mais precisa sobre a medição de desmatamento no País. Para chegar ao levantamento, foi detalhada a situação de 106 cenas prioritárias em todos os Estados que compõem a região. O Pará é o Estado com a maior taxa de desmatamento, respondendo sozinho por 5.257 Km² de devastação, o equivalente a 39,72% da área total.

O Amazonas é o segundo Estado mais afetado, com 2.347 Km² (17,73%), seguido por Mato Grosso, com 2.263 Km² (17,10%). O dado alarmante esvazia o discurso de proteção ambiental que o governo Bolsonaro insistiu em vender na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-26, sob o argumento de que tem protegido a Amazônia e de que esta sequer pegaria fogo, por ser uma região úmida. O que as informações oficiais expõem, na realidade, é que o governo Bolsonaro conseguiu, praticamente, dobrar o volume de desmatamento na região, se considerada a situação de quando assumiu o comando do Executivo. O índice medido de julho de 2017 a agosto de 2018 foi de 7.536 Km² de desmatamento na região. Já no primeiro ano da gestão Bolsonaro, porém, em 2019, o volume saltou para 10.129 Km². No ano passado, em nova alta, chegou a 10.851 Km².

Agora, atinge 13.235 Km², só atrás do que se viu em 2006, quando a área desmatada chegou a 14.286 Km². O desmatamento responde por quase metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil. Segundo estudos, já existem áreas da Amazônia que emitem mais CO2 do que absorvem, diante do avanço do desmate e das queimadas. Chama a atenção o fato de que o documento do Inpe com os dados oficiais ter a data de 27 de outubro, mas ser divulgado só em 18 de novembro, ou seja, a informação só foi conhecida 22 dias após o documento ser elaborado e depois de ser encerrada a COP-26. Segundo o Sindicato dos Servidores da área de Ciência e Tecnologia, o governo e a direção do Inpe teriam conhecimento dos dados desde meados de outubro, mas só agora houve aval para divulgação. Os números expõem ainda a dificuldade que o Brasil terá para superar a desconfiança internacional nas discussões sobre ambiente.

A série de compromissos revistos e assumidos em Glasgow, não foi o bastante para destravar contribuições bilionárias de países europeus ao Fundo Amazônia, mecanismo que recebia doações estrangeiras para financiar ações de proteção da floresta. O ingresso de novos recursos foi bloqueado no primeiro ano da gestão Bolsonaro por causa da destruição acelerada do bioma. A Alemanha afirma que não pretende dar mais dinheiro enquanto o Brasil não demonstrar como vai implementar seus compromissos da COP-26. A Noruega deseja ver nova redução substancial no desmatamento para retomar doações. Segundo o embaixador da Alemanha, é difícil ver como o Brasil vai reduzir o desmatamento no próximo ano em 15%, porque não tem pessoal, não tem financiamento e não tem muito tempo. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, critica o fato de que a nota divulgada pelo Inpe é de 27 de outubro, anterior à COP-26.

É a primeira vez em que o Prodes não foi divulgado antes ou durante a COP. O governo foi a Glasgow já ciente da taxa de desmatamento, mas, ainda assim, não a informou para a Organização das Nações Unidas (ONU). Outro fator chocante é o aumento em si do desmatamento, que ocorreu apesar de anos de investimento maciço na presença das Forças Armadas na Amazônia. Só comprova o que era sabido por todos que acompanham a pauta ambiental: desmate se combate com planejamento e intervenções em áreas definidas de forma estratégica, e não pelo mero deslocamento de milhares de soldados, sem planejamento interno, para uma área de dimensões continentais. Para a WWF-Brasil, esse é Brasil real que o governo Bolsonaro tenta esconder. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.