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19/Nov/2021

Brasil precisa reduzir pela metade emissões de GEE

Uma gota de otimismo em um oceano de ceticismo. Essa é a sensação de muitos especialistas diante das metas relacionadas à emissão de gases divulgadas pelo Brasil na COP-26. O País informou a intenção de reduzir pela metade a emissão de gases do efeito estufa até 2030 e zerar a emissão de carbono na atmosfera em 2050. Segundo a Universidade de São Paulo (USP), uma coisa é você falar; outra, agir. O que está acontecendo é uma certa desconfiança de todos que têm acompanhado tudo o que vem acontecendo em termos de meio ambiente no País. Na COP de 2019, em Madri, as ações do País foram apontadas como o principal obstáculo para a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que trata da criação de um mercado internacional de carbono.

O objetivo é promover um balanço na emissão de gases, no qual países poderiam ter licença para suas emissões comprando créditos de nações que comprovadamente estão tirando carbono da atmosfera. Na ocasião, o Brasil defendeu que os créditos vendidos não precisassem ser descontados da prestação de contas sobre o cumprimento das metas climáticas do País. Dessa forma, ocorreria uma "contabilidade dupla". A proposta foi rechaçada por muitos países, impediu a regulamentação do artigo 6 e fez o Brasil ser considerado um dos vilões da conferência. Neste ano, o governo decidiu fazer concessões e aceitar o modelo proposto. No relatório final, aprovado no dia 13 de novembro por líderes de quase 200 nações, ficou, enfim, definida a criação de um sistema internacional para o mercado de carbono. Os detalhes dessa operação ainda serão combinados.

Na cúpula, o Brasil também se comprometeu, ao lado de mais de cem países, a reduzir em 30% a emissão de metano até o fim da década, na comparação com 2020. O País é o quinto maior poluidor com metano do globo, atrás de China, Rússia, Índia e Estados Unidos. Dessa lista, só os norte-americanos também firmaram o compromisso. Para dar conta da meta, será necessária uma ação de impacto em uma das principais atividades econômicas do País: a agropecuária. Conforme dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, o ramo foi responsável por mais de 70% das emissões de metano no Brasil entre 1990 e 2019. Desse total, 97% das emissões foram por fermentação entérica, ou o arroto do boi.

Na falta de amplas regulações internacionais, o que se vê são acordos voluntários ou políticas feitas por empresas comprometidas a compensar suas emissões. Uma das principais referências é o GHG Protocol, ferramenta que ajuda a gerenciar as emissões responsáveis pelo aquecimento global e que caracteriza as emissões em três escopos. O tipo 1 é relacionado às emissões da própria instituição, como os veículos controlados por uma empresa. O escopo 2 trata da difusão de gases provenientes do consumo de energia elétrica ou térmica. Já o 3 lida com emissões indiretas ligadas às operações da companhia, como descartes de resíduos, deslocamentos de colaboradores, aquisição de matérias-primas e logística de distribuição de produtos. A Vale, por exemplo, pretende investir US$ 6 bilhões para, até 2030, reduzir em 33% suas emissões de carbono classificadas nos escopos 1 e 2 do GHG Protocol.

Em relação ao escopo 3, a empresa se comprometeu a reduzir 15% até 2035. Atualmente, 98% das emissões de CO2 da companhia são provenientes do escopo 3. Só para dar uma ideia do tamanho da questão, isso representa cerca de 90 milhões de toneladas de CO2. É o equivalente às emissões de um país como o Chile. A Klabin anunciou, em 2020, uma agenda relacionada a questões ambientais, sociais e de governança: o tripé conhecido pela sigla em inglês ESG. Foram definidos 11 temas a serem trabalhados até 2030, como segurança operacional; promoção da diversidade; e proteção da biodiversidade, com projetos de recuperação de áreas degradadas. As empresas atentas estão enxergando esse movimento histórico, cultural e comportamental. Hoje, há um processo, por parte das empresas, de escuta diferente da sociedade civil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.