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17/Nov/2021

Amazônia: desmate recorde para mês de outubro

Na contramão do discurso pró-ambiente adotado na Cúpula do Clima (COP-26), em Glasgow, o Brasil continua a registrar recordes em índices de desmatamento na Amazônia. Foi o que ocorreu no mês passado. Dados divulgados na sexta-feira (12/11) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, apontam que a área de alertas de desmatamento de outubro foi a maior para o mês nos últimos sete anos. A conservação do bioma foi destaque na abertura da conferência na Escócia e é considerada chave para evitar uma catástrofe climática. Ao todo, foram 877 Km² de devastação da Floresta na Amazônia, um aumento de 5% em relação a outubro de 2020 e o maior índice no mês em toda a série histórica do Deter, sistema de alertas do Inpe iniciado em 2016. O governo Jair Bolsonaro ainda não divulgou os dados consolidados do desmatamento neste ano, o sistema Prodes, que também é medido pelo Inpe, de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Tradicionalmente, essa informação é tornada pública no começo de novembro.

Na COP-26, o Brasil assinou acordos multilaterais contra a devastação, prometeu zerar o desmate ilegal até 2028 e reduzir as emissões de metano. Na prática, porém, os dados mostram uma realidade diferente. As emissões acontecem no chão da floresta, não nas plenárias de Glasgow, afirma o Observatório do Clima. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) chama a atenção para o fato de que o País seguiu com o mesmo patamar alto de desmatamento na Amazônia em outubro, apesar de haver mais chuvas do que era esperado na região, por causa do fenômeno La Niña. Nas últimas duas semanas, o governo brasileiro disse na COP-26 que tem o desmatamento sob controle. Mas, o Brasil real é o que os satélites mostram. Estimativas do Observatório do Clima apontam que a maior parte (46%) dos gases estufa emitidos pelo Brasil são provenientes do desmatamento. Os dados de 2020 mostram que o Brasil continua, desde 2010, a ampliar suas emissões.

Segundo o Greenpeace, enquanto o governo federal tenta vender o Brasil como potência verde na COP-26, a verdade é que o desmatamento em outubro bateu mais um recorde e vem sendo impulsionado pela política antiambiental do presidente Bolsonaro, do Ministério do Meio Ambiente, com apoio de parte do Congresso. Para o Instituto Clima e Sociedade (ICS), os dados podem ter efeito sobre as negociações da delegação brasileira na COP-26. Neste ano, a mudança de postura é nítida, assumindo comportamento de cooperação e evitando causar entraves aos principais acordos. Mas, nenhum negociador da COP-26 vai respeitar o Brasil se não controlar o desmatamento na Amazônia. Palavras não vão diminuir as emissões, acabar com o desmatamento sim. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que precisa “entender melhor” os dados. O Inpe, responsável pela divulgação do dado, é um órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Nos últimos meses, Leite vinha enfatizando a redução do desmatamento na média trimestral de agosto e setembro e atribuindo a melhora a ações conjuntas de vários ministérios. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.