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17/Nov/2021

COP-26: anúncio de um novo acordo para o clima

O presidente da Convenção do Clima de Glasgow (COP26), Alok Sharma, anunciou, no dia 13 de novembro, que 197 países assinaram o "Pacto do Clima de Glasgow", acordo final do evento. Este será o acordo para ação climática das principais nações. O acordo define regras para o mercado global de carbono, que prevê a negociação de créditos entre países com base na quantidade de emissões feitas ou evitadas de CO2 na atmosfera. A regulamentação do mercado de carbono, importante na luta contra o aquecimento global, era prevista desde o Acordo de Paris, em 2015. Alguns países têm seus mercados internos regulamentados e outros operam com mecanismos voluntários, como é o caso do Brasil.

O sistema internacional, cujos detalhes da operação ainda serão definidos, é um passo para que países onde existem grandes áreas de absorção de CO2 (como a Amazônia) possam negociar títulos com nações poluentes, que precisam compensar o excesso de emissões na atmosfera. Na última COP (a de Madri, em 2019) a delegação brasileira foi um dos principais obstáculos para um acordo. Nesta conferência, entretanto, o governo decidiu fazer concessões e aceitar o modelo proposto. Uma das principais críticas do Brasil era sobre os itens que impedem a dupla contagem: que a emissão de um crédito de carbono seja contado e abatido das emissões totais do país que vendeu e também do que comprou.

O texto final cita ainda a diminuição progressiva do uso do carvão e de combustíveis fósseis e não a eliminação destas fontes energéticas como apontavam os rascunhos anteriores. O uso e os subsídios à produção do carvão foi o maior ponto de imbróglio do acordo. A mudança no texto final ocorreu após pressão e resistência da Índia, que tem no carvão uma das suas principais matrizes energéticas. A China também demonstrou insatisfação com o uso da palavra eliminação no texto final. Contudo, países da Europa se disseram desapontados com a versão final do texto em relação ao carvão. Negociadores europeus avaliam que a redução não será suficiente para limitar o aumento de temperatura da Terra em 1,5°C.

O texto final também recomenda dobrar os recursos oferecidos pelos países ricos às nações em desenvolvimento, com o objetivo de financiar ações contra o aquecimento global e adaptações às mudanças climáticas. Em 2009, os países desenvolvidos haviam se comprometido a criar, até o ano passado, um fundo climático de US$ 100 bilhões. A promessa, porém, não foi cumprida. Segundo os cálculos mais recentes, o montante oferecido para essa finalidade não passava de US$ 80 bilhões. O financiamento dessas estratégias contra as mudanças climáticas foi alvo de um dos principais embates ao longo da COP-26.

Ainda na plenária final do evento, representantes das nações mais pobres reivindicaram mais verbas. O Brasil foi uma das principais vozes nos apelos por mais verbas dos países desenvolvidos. Alguns pontos ainda estão sendo discutidos e detalhes ajustados. Foi possível chegar a acordo para medidas que aumentem o uso de energias limpas, de eficiência energética e adoção de mecanismos para reduzir os subsídios para geração de carvão e de combustíveis fósseis para levar a uma transição justa. Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o acordo final aprovado hoje na Convenção do Clima (COP-26) é um compromisso, mas não é o suficiente. O acordo reflete os interesses, as contradições e o estado de vontade política do mundo hoje.

É um passo importante, mas não é o suficiente. Ele defende a necessidade de acelerar as ações climáticas para limitar o aumento da temperatura global em 1,5ºC. Guterres ainda deixou um recado para jovens, comunidades indígenas, líderes mulheres e todos os ativistas: “Sei que vocês estão desapontados, mas o caminho para o progresso nem sempre é uma linha reta. Às vezes há desvios e valas. Mas sei que conseguimos chegar lá. Estamos na luta das nossas vidas e essa luta deve ser vencida. Nunca desista nem recue, continue indo em frente. Estou com vocês”, afirmou. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.