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16/Nov/2021

Brasil: perspectivas desfavoráveis para economia

O Brasil próspero e otimista do ministro da Economia, Paulo Guedes, continua muito diferente do País de milhões de outros brasileiros, onde o emprego é escasso, a indústria derrapa e o varejista se defronta com um consumidor empobrecido, inseguro e acuado por uma inflação devastadora. O volume vendido no varejo do dia a dia diminuiu 1,3% em setembro, depois de haver encolhido 4,3% em agosto. Também em setembro a indústria produziu 0,4% menos que no mês anterior, acumulando quatro reduções consecutivas. Promoções de fim de ano, incluída a Black Friday, podem criar alguma animação nas próximas quatro ou cinco semanas. Mas, o quadro geral continuará sombrio até o fim de 2022, segundo as projeções correntes, com economia estagnada, forte alta de preços e dinheiro cada vez mais caro. O balanço do terceiro trimestre será ruim, a julgar pelos números já conhecidos da indústria e do varejo. Mostrará, no entanto, apenas o prosseguimento de uma recuperação insegura e precária. Depois do primeiro choque da pandemia, a retomada pareceu vigorosa, durante alguns meses, mas o impulso diminuiu sensivelmente a partir do começo de 2021.

Em sete dos nove meses de janeiro a setembro houve recuo da produção industrial. No comércio varejista houve resultados negativos em cinco dos nove meses, na comparação com o período imediatamente anterior. Mais de 19 milhões caíram na extrema pobreza, no começo do ano, com a suspensão do auxílio emergencial. Esse desastre social explica boa parte da redução das vendas nos primeiros meses de 2021. Nos meses seguintes, a disparada dos preços e o encarecimento do crédito, com a alta de juros, tornaram mais complicada a situação, já muito precária, da maior parte das famílias. Durante todo o tempo, a persistência do desemprego elevado e das más condições de trabalho assombraram os brasileiros. O ministro da Economia costuma alardear melhoras do emprego formal, mas os dados, mesmo quando verdadeiros, são pouco significativos quando confrontados com os cenários mais amplos mostrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, é difícil confiar na fonte do ministro, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Um ajuste recém-divulgado diminuiu quase pela metade os números de 2020, anunciados sempre triunfalmente pela equipe econômica. No varejo do dia a dia, formado pela maior parte das atividades comerciais, as vendas de setembro, além de 1,3% menores que as de agosto, foram 5,5% inferiores às de um ano antes. O varejo ampliado, formado com inclusão das lojas de veículos, motos, partes e peças, além de material de construção, vendeu 1,1% menos que no mês anterior e 4,2% menos que em setembro de 2020. O quadro parece muito melhor quando se comparam períodos longos. No ano, o comércio do dia a dia vendeu 3,8% mais que entre janeiro e setembro de 2020. No caso do varejo ampliado, o confronto aponta um aumento de 8%. Mas, a base de comparação é muito baixa e por isso a recuperação parece mais vigorosa. A percepção se torna mais precisa quando se tomam como referência períodos anteriores à pandemia.

Em setembro, as vendas do varejo restrito foram 0,4% menores que as de fevereiro de 2020, último mês antes do grande choque. As do varejo ampliado foram 1,7% inferiores às daquele mês. No caso da produção industrial, a comparação mostra um volume 3,2% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado. Mas, o Brasil já ia mal no primeiro bimestre de 2020, antes dos estragos causados pela Covid-19. A economia mal havia começado a se recobrar da recessão de 2015-2016. Em 2019, início do período Bolsonaro, o crescimento foi menor que em 2018. O Brasil já estava longe dos picos de atividade alcançados antes daquela crise e assim continua. No trimestre móvel terminado em setembro a indústria produziu 19,4% menos que em maio de 2011 e o varejo continuou abaixo do patamar de outubro de 2014. Pelo menos os parlamentares do Centrão podem manter algum otimismo em relação aos próximos 10 ou 12 meses. O presidente continuará precisando de seu custoso apoio. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.