ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/Nov/2021

Dólar tem leve alta e o mercado aguarda pela PEC

Em meio às expectativas para votação da PEC dos Precatórios em segundo turno na Câmara dos Deputados, investidores retomaram posições defensivas no mercado de câmbio doméstico nesta segunda-feira (08/11). Em sessão de liquidez reduzida, a moeda norte-americana fechou em leve alta, na casa de R$ 5,54, após ter encerrado a semana passada em queda de 2,19%. As movimentações foram mais intensas na etapa matutina dos negócios, com o dólar correndo até a máxima de R$ 5,59 (+1,35%), diante de temores de que a PEC pudesse emperrar na Câmara após a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber decidir suspender o pagamento das chamadas emendas ao relator, tidas como principal moeda de troca do Planalto no Congresso, até apreciação do plenário da corte. Depois da aprovação da PEC dos Precatórios em primeiro turno na Câmara por margem estreita e a oposição de vários líderes partidários, cresceram as dúvidas em torno do sucesso da proposta.

A PEC representa calote velado no pagamento de dívidas judiciais e altera a regra do teto de gastos, mas é vista como o mal menor diante da possibilidade de o governo recorrer a créditos extraordinários (fora do teto) para bancar o Auxílio Brasil. A febre altista do dólar amainou um pouco, na esteira de declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira, que garantiu que a votação da PEC em segundo turno ocorrerá nesta terça-feira (09/11) e disse acreditar em aprovação por um placar superior aos 312 votos do primeiro turno. Ele afirmou não acreditar numa paralisação por uma liminar que venha a obstaculizar a votação, em referência a pedido de liminar de deputados ao STF para barrar a tramitação da proposta. Lira também revelou que se encontraria com o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, para tratar do "orçamento secreto". A partir daí, o dólar se acomodou e passou a ser negociado ao redor de R$ 5,55. As mínimas da sessão vieram à tarde, quando a divisa tocou momentaneamente na casa de R$ 5,53. No fim do pregão, a moeda norte-americana fechou a R$ 5,54, em alta de 0,33%.

O giro com o contrato futuro de dólar futuro para dezembro (indicativo do apetite por negócios), foi bem reduzido, abaixo de US$ 10 bilhões. Segundo a Treviso Corretora, o mercado fechou bem na semana passada com a perspectiva de aprovação da PEC dos Precatórios, mas foi pego de surpresa pela decisão da Rosa Weber. Houve uma corrida na abertura, mas logo a taxa se ajustou porque a PEC já está precificada. O mercado está cauteloso, mas tudo indica que o dólar não tem mais força para superar R$ 5,70 no curto prazo. Deve ficar rodando na banda entre R$ 5,50 e R$ 5,70 se não tiver notícia negativa de Brasília. Lá fora, o índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes) operou em queda durante todo o pregão, no limiar dos 94 pontos. A moeda norte americana também perdeu força frente a maioria de divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo os pares do Real, como o rand sul-africano e o peso mexicano.

Seguindo o tom do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, na semana passada, dirigentes do Banco Central norte-americano passaram a mensagem de que não há pressa em subir a taxa de juros. O presidente do Fed de Chicago afirmou que o período de juros baixos de persistir por algum tempo, mesmo com o término do processo de estímulos monetários (tapering) em meados deste ano. Nas mesas de operação comenta-se que, embora tenha subido no Brasil, na esteira das tensões fiscais e políticas, o dólar parece já não ter fôlego para altas mais robustas. A avaliação é a de que já houve uma "reprecificação" da taxa de câmbio ao cenário de um governo mais "gastador" e que o ambiente externo é menos avesso ao risco. Na avaliação da Inversa Publicações, não há fatos novos para alimentar uma nova rodada de depreciação do Real. É ruim furar o teto de gastos, mas, dado o salto na arrecadação e o momento difícil da economia, é razoável ter um benefício para as pessoas. O governo vai gastar de qualquer jeito.

A PEC, por mais que seja ruim, mantém de alguma forma o teto de gastos. Contudo, o mercado opera ainda com um nível elevado de estresse e que a volatilidade deve seguir dando o tom aos negócios. Além das negociações em torno da PEC, também jogaram contra a moeda brasileira a piora das expectativas econômicas reveladas pelo Boletim Focus e a alta 1,60% do IGP-DI. No Focus, foi revisada para cima a projeção para o IPCA deste ano (de 9,17% para 9,33%) e de 2022 (de 4,55% para 4,63%). As expectativas para a Selic em 2022 subiram de 10,25% para 11%, o que representa um aperto adicional de 3,35% em relação ao nível atual (7,75% ao ano). Em encontro por videoconferência com integrantes do Banco Central, analistas do mercado financeiro disseram que a combinação entre a tensão fiscal e eleitoral no País e o aperto monetário global em 2022 pode fazer com que o dólar ultrapasse a barreira de R$ 6,00 em alguns momentos do ano que vem. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.