09/Nov/2021
Principal fonte de descrédito para o Brasil durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), o desmatamento ilegal da Amazônia é tema de uma carta assinada por 19 CEOs de grandes empresas com operação no País. No posicionamento, cobram políticas para combate à derrubada criminosa da floresta e apontam para soluções, como o uso intensivo de tecnologia de rastreamento e a inclusão econômica das comunidades locais. Organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) em parceria com a iniciativa Uma Concertação, o posicionamento foi divulgado no domingo (07/11), durante a COP-26, em Glasgow, na Escócia. A carta reúne assinaturas de CEOs como Eduardo Bartolomeo (Vale), João Paulo Ferreira (Natura & Co), Jean Jereissati Neto (Ambev), Mauricio Rodrigues (Bayer), Fabio Adegas Faccio (Renner) e Tânia Consentino (Microsoft).
Para o CEBDS, o desmatamento é o “nosso elefante na sala”. Representa 44% das emissões de gases de efeito estufa do País, sendo que mais de 90% deste total são provenientes de atividades ilegais. O desmatamento ilegal não gera renda, não cria empregos, derruba árvores que tiram gases do efeito estufa. O único que tira proveito disso é o criminoso. O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima mostra que as emissões brasileiras de gases de efeito estufa cresceram 9,5% em 2020, mesmo com a paralisação econômica provocada pela pandemia. O principal motivo foi o desmatamento na Amazônia, o que tem sido uma constante durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. O CEBDS foi um dos organizadores de uma carta entregue no ano passado ao vice-presidente Hamilton Mourão, na qual o empresariado e representantes de entidades setoriais pediram ao governo o combate ao desmatamento ilegal. O documento divulgado no domingo (07/11) é tratado como uma sequência daquele, aprofundando as propostas de soluções. Na carta, os empresários reforçam a importância do poder público na aplicação da lei e no combate à ilegalidade.
Defendem investimento na digitalização de cadeias produtivas, como a da madeira e a da pecuária, assegurando a legalidade das operações, impedindo que recursos públicos e privados financiem atividades ilegais. O posicionamento trata ainda de bioeconomia, energia e infraestrutura, inclusão das comunidades locais e tecnologia. Para a iniciativa Uma Concertação pela Amazônia, a presença empresarial na COP-26 tem sido marcante, sinalizando que a sociedade brasileira continua protagonista. Certamente vai superar as dificuldades que o Brasil hoje tem de credibilidade, com demonstrações concretas de ações no sentido de reduzir emissões e controlar o desmatamento. O governo até emitiu sinais positivos durante a COP-26, como a assinatura do Brasil no Compromisso pelas Florestas ao lado de mais de 100 países, documento em que todos se comprometem em acabar com o desmatamento até 2030, e o realinhamento de metas ao Acordo de Paris. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.