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05/Nov/2021

Dólar sobe com dúvidas sobre PEC de Precatórios

Após uma manhã de muita volatilidade nesta quinta-feira (04/11), o dólar se firmou em alta, em meio a sinais de que a PEC dos Precatórios, aprovada na quarta-feira (03/11) com placar apertado na Câmara dos Deputados, pode emperrar no Senado, casa mais refratária ao presidente Jair Bolsonaro. Sem a mudança no cálculo do teto de gastos e a limitação do pagamento de despesas judiciais (os principais pontos da PEC), o governo não tem como fechar as contas de 2022 e viabilizar o Auxílio Brasil. Não bastassem as incertezas fiscais no front doméstico, alimentadas pelo jogo político entre Congresso e Palácio do Planalto, o Real também sofreu com ventos externos desfavoráveis. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) operou em forte alta, na casa dos 94,300 pontos, com dados positivos da economia dos Estados Unidos e tombo da libra após o Banco da Inglaterra (BoE) manter a taxa de juros em 0,1% ao ano.

A moeda norte-americana também deu de lavada na maioria das divisas emergentes, tendo o Real apresentado, uma vez mais, as piores perdas. Na abertura dos negócios, o dólar até esboçou ir contra a maré externa, ainda reverberando a aprovação da PEC dos Precatórios, e desceu até a mínima de R$ 5,56. Mas, o movimento teve fôlego curto e, à medida que surgiam informações de posicionamento de partidos contrários à proposta, o dólar se fortaleceu. A máxima, a R$ 5,62, veio na última hora de negócios, em momento de deterioração mais aguda do Ibovespa. No fim da sessão, a pressão compradora diminuiu e o dólar encerrou em alta de 0,29%, a R$ 5,60. A moeda norte-americana ainda acumula queda de 0,71% nesta semana. O volume transacionado no contrato de dólar futuro para dezembro, principal termômetro pelo apetite por negócios, foi reduzido, o que pode ter exacerbado as pressões sobre a taxa de câmbio.

Segundo o Banco Ourinvest, a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara teve uma leitura mista por parte do mercado. Por um lado, o cumprimento de uma etapa trouxe certo alívio. Por outro, o placar apertado sinaliza que as próximas votações podem ser complicadas. Por isso, a cautela com o quadro fiscal continua, o que pressiona o dólar. A PEC dos Precatórios foi aprovada em primeiro turno na madrugada desta quinta-feira (04/11) com 312 votos, apenas quatro a mais do que o necessário, e somente após mudanças de última hora no texto. Se a proposta passar ilesa em segundo turno na Câmara e no Senado, vai liberar espaço de US$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022, dando ao governo condições de bancar o Auxílio Brasil e outros gastos em ano de eleição presidencial. O líder do governo na Câmara disse que os destaques da PEC serão votados na próxima terça-feira (09/11). A Câmara convocará sessão na próxima segunda-feira (08/11), com efeito administrativo. Na prática, isso significa que parlamentar ausente pode ter o ponto cortado.

A ideia é votar demais projetos na segunda-feira (08/11) e a PEC dos Precatórios na terça-feira (09/11). Parte da piora do dólar veio em meio à informação de que a bancada do PSDB no Senado vai se reunir na terça-feira (09/11) para firmar posição contrária a PEC. Mais cedo, Ciro Gomes, contrariado com o apoio de parte relevante dos deputados de seu partido, o PDT, à proposta, anunciou que sua pré-candidatura à Presidência está suspensa. A Renova Invest observa que a pressão de Ciro Gomes, aparentemente, faz efeitos sobre a bancada do PDT e parte dos votos favoráveis a PEC no primeiro turno pode ser revertida, o que coloca em xeque a aprovação da proposta em segundo turno na Câmara. Se a PEC dos Precatórios não for aprovada, a solução deve vir numa “canetada”, com extensão de pagamento do auxílio emergencial. Isso pode comprometer ainda mais a questão fiscal.

A incerteza limita o fluxo de recursos para o Brasil, apesar da perspectiva de altas mais fortes da Selic. O Banco Ourinvest, observa que o "imbróglio fiscal" acaba ofuscando o potencial efeito positivo sobre o Real de um aumento do diferencial de juros interno e externo, na esteira da sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que os juros não serão elevados tão cedo e da possibilidade de taxa Selic em dois dígitos chancelada pelo tom duro da ata do Copom. Na quarta-feira (03/11), o Fed anunciou o início do 'tapering', com redução de US$ 15 bilhões na compra de títulos. O presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou que há espaço para ser paciente com a taxa de juros. Por mais que essas duas medidas pudessem ser positivas para o comportamento do Real, o imbróglio fiscal acaba predominando na formação da taxa de câmbio. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.