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04/Nov/2021

COP-26: metas do Brasil são para o pós-Bolsonaro

Sob isolamento internacional, a gestão Jair Bolsonaro iniciou a Cúpula do Clima (COP-26), em Glasgow, alinhada à agenda norte-americana, de elevar esforços contra o aquecimento global. O Brasil assumiu novos compromissos ambientais, como o de corte pela metade nas emissões de gases estufa e redução de 30% na liberação de metano. Mas, são metas para 2030, após o governo Bolsonaro, ainda que ele seja reeleito. O alinhamento aos Estados Unidos não é novidade. A diferença é ter na Casa Branca Joe Biden, que busca protagonismo na luta contra a crise climática após quatro anos de Donald Trump, que minimizava o problema. A avaliação de negociadores internacionais e ambientalistas é de que, sem Trump e diante da importância econômica dos Estados Unidos para a economia nacional, o Brasil não consegue manter postura declaradamente negacionista, sob risco de prejuízos econômicos.

O País chegou à COP-26 sob desconfiança internacional, diante da alta no desmate na Amazônia e da resistência ao diálogo sobre a floresta com nações desenvolvidas. A pressão norte-americana foi reforçada no último mês para que o Brasil firmasse compromissos. Isso se soma a cobranças da sociedade civil organizada e do empresariado, que teme perder mercado com a má reputação ambiental. O anúncio da meta de redução de 50% nas emissões de gases estufa até 2030 corrigiu uma revisão de cálculo da gestão Bolsonaro, batizada de “pedalada climática” por ambientalistas. Na prática, a meta climática não é mais ambiciosa do que a de 2015, quando houve o Acordo de Paris, pacto global contra as mudanças climáticas. O enviado especial para o Clima do governo norte-americano, John Kerry, porém, celebrou. Também houve elogios de autoridades britânicas nas redes. O acordo para o metano foi assinado por mais de cem países.

Pressionado pelos Estados Unidos, o Brasil aderiu. Outros emergentes, como China, Rússia e Índia, e recusaram. Uma das preocupações do Brasil em se comprometer com o metano se deve à agropecuária, com grande peso na economia do País e maior responsável pelas emissões desse gás. Nas pré-negociações de Glasgow, o Brasil disse que, se houver metas específicas para metano, também será importante ter para o CO2, pedra no sapato dos desenvolvidos, já que é emitido em maior volume por causa dos combustíveis fósseis. O acordo, porém, prevê um corte coletivo de 30% até 2030. Não cria meta específica para cada nação. O Brasil não prevê criar metas próprias para esse poluente. A pressão dos Estados Unidos e da União Europeia foi elevada pelo menos há três meses. Essas questões da redução de metano e do desmatamento já estavam no relatório (do IPCC, de agosto) como indicações. A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou que seria uma surpresa se o Brasil ficasse fora.

Para o Observatório do Clima, o desafio é alinhar as metas de médio e longo prazo com as práticas do governo agora. A mesma caneta que assina esse compromisso é a que assina o desmonte dos órgãos ambientais. O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), que reúne responsáveis por quase 50% do PIB, elogiou outro anúncio do Brasil na COP-26: o de atingir a neutralidade (saldo zero) de emissões até 2050. Compensar cada tonelada de carbono com algum tipo de absorção, como o reflorestamento. Essa é outra meta que fica para bem depois da gestão Bolsonaro, que acaba em 2026 se ele for reeleito. O grupo empresarial, porém, cobrou plano, metas e métricas claros, que aumentem agora a ambição climática do País. A neutralidade também dividiu os emergentes. Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia pressionaram pela data de 2050. China e Rússia optaram pela década seguinte. Já a Índia deixa para 2070. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.