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01/Nov/2021

Dólar encerra mês de outubro com fortes ganhos

Com muita volatilidade e trocas de sinais ao longo da sexta-feira (29/10), o dólar encerrou a sessão em alta, alinhando ao sinal predominante da moeda norte-americana no exterior. O Real, contudo, apresentou perdas bem mais amenas que seus pares, como o rand sul-africano e o peso mexicano, movimento atribuído por operadores a fluxos pontuais de recursos e ajustes na rolagem de contratos futuros. Pela manhã e início da tarde de sexta-feira (29/10), quando se deu a disputa pela formação da última taxa Ptax de outubro, o dólar chegou a correr até a máxima de R$ 5,66 (+0,67%), refletindo preocupações fiscais, apreensão com a paralisação dos caminhoneiros no dia 1° de novembro e desconforto provocado pela declaração do presidente Jair Bolsonaro de que a Petrobras não devia dar "lucro muito alto". A mínima, de R$ 5,59 (-0,48%), veio na esteira da fala novo secretário do Tesouro, Paulo Valle, de que pode atuar no mercado em conjunto com o Banco Central.

Experiente funcionário de carreira do Tesouro, Valle, em apresentação de detalhes da PEC dos Precatórios, sinalizou que, além retirar oferta de títulos prefixados, o órgão pode intervir com a recompra de títulos. Mas, o alívio na taxa de câmbio foi momentâneo. Com a aceleração da queda do Ibovespa e o ambiente externo ruim para divisas emergentes, o dólar acabou recuperando fôlego e voltou não apenas a ser negociado acima de R$ 5,60 como tocou na casa de R$ 5,65. No fim do pregão, era cotado a R$ 5,64, em alta de 0,37%. Com o avanço de sexta-feira, a moeda fechou a semana passada com variação de 0,33% e acumulou valorização de 3,67% em outubro, após ter subido 5,30% em setembro. O detalhamento da PEC dos Precatórios pelos novos integrantes da equipe econômica não chegou a ter influência relevante na formação da taxa de câmbio.

Os temores giram em torno de possíveis alterações no texto, com inclusão de novos furos no teto para acomodar despesas, e da própria chance de aprovação da proposta, que, após eventual chancela da Câmara, ainda tem de ir ao Senado, casa refratária a Bolsonaro. Segundo os cálculos do Ministério da Economia, o impacto total da PEC dos Precatórios é de R$ 91,6 bilhões para 2022, acima do estimado anteriormente (R$ 83,6 bilhões). O limite do pagamento de precatórios traria espaço de R$ 44,2 bilhões, ao passo que a mudança dos parâmetros de inflação para correção do teto liberaria R$ 47 bilhões. Além dos efeitos em 2022, a alteração do teto abriria espaço de R$ 15 bilhões ainda neste ano, que seriam para despesas com vacinação contra Covid-10 ou relacionadas a ações emergenciais e temporária de caráter socioeconômico. O novo secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, rechaçou qualquer plano para pôr o Auxílio Brasil de R$ 400,00 que não seja a aprovação da PEC.

Já Valle disse as expectativas devem voltar a ficar ancoradas quando for definida a versão final da proposta. Essa volatilidade do mercado é devida a incertezas criadas pelo processo de votação da PEC dos Precatórios. A Correparti não vê espaço para um alívio na taxa de câmbio no curto prazo e prevê nova onda de "estresse" nesta semana com as negociações para votação da PEC dos Precatórios e a divulgação da ata do Copom, além das repercussões da paralisação dos caminhoneiros. Na sexta-feira (29/10), o mercado foi um pouco atípico pela formação da Ptax. Mas, a pressão continua forte. Pode não haver quórum para votação da PEC e o texto pode ser modificado. Mas, mesmo que seja aprovada na Câmara, a PEC não deve passar no Senado, pois Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, é postulante ao Palácio do Planalto. Esse nível entre R$ 5,55 e R$ 5,70 é o novo range de flutuação do dólar e não deve haver recuo nesta semana.

Para a Fair Corretora, o desempenho do Real foi surpreendente e pode ser atribuído a fluxos pontuais de entrada e a movimentos de rolagem de posições no mercado futuro. Foi um dia atípico, com o Real bem melhor que o peso mexicano na sexta-feira (29/10). Mas, o ambiente doméstico continua muito complicado. Mesmo com a aprovação da PEC, o mercado deve seguir nervoso. A partir do momento que se fura o teto, podem surgir novas demandas por gastos. No exterior, o índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis moedas fortes) operou em forte alta e a maior parte do tempo acima dos 94,100 pontos, na esteira de dados positivos da economia dos Estados Unidos, que reforçam o cenário de retirada de estímulos por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O dólar também subiu em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, com destaque para o peso mexicano (+1,03%), o rand sul-africano (0,91%) e o rublo (+0,85%). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.