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01/Nov/2021

Falta de chips preocupa e pode perdurar até 2023

Quase um ano após o início da escassez global de chips, os problemas aumentaram para muitos clientes, à medida que os atrasos se tornam ainda maiores e vendas são perdidas. A falta global de semicondutores está piorando, com tempos de espera aumentando, compradores acumulando produtos e o potencial fim disto parecendo menos provável de se materializar no próximo ano. A demanda não atenuou como esperado. As rotas de abastecimento ficaram obstruídas. Contratempos imprevisíveis na produção abalaram as fábricas que já vinham operando em plena capacidade. O que resta é uma confusão generalizada tanto para fabricantes quanto para compradores. Alguns compradores que tentam fazer novos pedidos estão obtendo datas de entrega para 2024. A indústria de semicondutores, de US$ 464 bilhões, não conseguiu acompanhar o ritmo do mercado, levando à perda de receitas em todos os setores. O problema se espalha para além daqueles inicialmente afetados, como é o caso dos fabricantes de automóveis e de eletrodomésticos, atingindo fabricantes de outros produtos, inclusive os de equipamentos médicos e dispositivos para fumantes.

A indústria de smartphones crescerá apenas 6% em 2021, metade da previsão inicial do início deste ano, devido ao problema dos chips, de acordo com a Counterpoint Research, que rastreia as remessas de aparelhos telefônicos. A Apple alertou que as interrupções na cadeia de suprimentos estão atrapalhando a fabricação do iPhone e de outros produtos antes do trimestre de compras de fim de ano, mesmo com a empresa reportando lucro recorde em 12 meses. Os fabricantes de chips afirmam que a falta de suprimentos levou à perda de vendas. A Intel afirmou que poderia embarcar muito mais se não houvesse essa limitação na cadeia de suprimentos e que essa escassez pode durar até 2023. O tempo de espera para entrega de chips continua a subir acima do limite saudável de 9 a 12 semanas. Durante o verão (do Hemisfério Norte), a espera se estendeu para 19 semanas em média. No entanto, a partir de outubro, aumentou para 22 semanas. O prazo é mais longo para as peças mais escassas: 25 semanas para componentes de gerenciamento de energia, e 38 semanas para os microcontroladores necessários para a indústria automobilística.

O Fargo Investment Institute afirmou que, há seis meses, imaginava que a escassez de chips começaria a diminuir a esta altura do ano. Agora, provavelmente, a falta durará até 2023. Recentemente, o Wells Fargo Investment Institute revisou para baixo sua previsão do PIB dos Estados Unidos, de 7% para 6,3%, pois a escassez de chips limitou o fornecimento de bens de consumo. Essa situação está durando muito mais do que o esperado. O restabelecimento do abastecimento este ano se baseou em suposições otimistas de que a produção já no limite não enfrentaria mais contratempos. Porém, o processo de fabricação de chips está sob pressão do início ao fim. Seus elementos básicos de fabricação, como os substratos, estão escassos. Percalços como mau tempo e incêndios interromperam a produção das pastilhas. Seu estágio final de fabricação foi prejudicado pelos surtos do coronavírus e subsequentes fechamentos de fábricas na Malásia, especializada na embalagem dos produtos. As restrições globais de embarques aumentaram interrupções e atrasos.

De acordo com um relatório da Accenture e da Global Semiconductor Alliance, a montagem do chip pode exigir que as peças percorram até 40 mil quilômetros antes de se tornarem produtos acabados. Segundo a Harvard Business School, a terceirização de chips se transformou quase em uma loteria, levando a pedidos excessivos que criam ainda mais tensão na oferta. As pessoas estão comprando muitas peças para se prevenir e isso está agravando a escassez. Os estoques também podem levar a um sentimento inflacionado de demanda, o que levantou preocupações de que um aumento da oferta em todo o setor poderia levar a uma inundação de chips. Grandes fabricantes de chips como a Taiwan Semiconductor Manufacturing, Samsung Electronics e Intel anunciaram investimentos ambiciosos para aumentar a produção, mas as instalações custam bilhões de dólares e levam anos até se tornarem operacionais. A indústria automobilística, atingida duramente e desde cedo pela escassez de chips, tem sido a que mais clama por aumento da oferta.

A TSMC, maior fabricante mundial de chips por contrato, aumentou a produção de chips automotivos em 60% neste ano, mas as montadoras têm lutado para se recuperar, à medida que os fechamentos de fábricas continuam e as perdas estimadas sobem. No dia 27 de outubro, a General Motors e a Ford relataram quedas acentuadas no lucro do terceiro trimestre, uma vez que a escassez de chips de computador afetou a produção da fábrica. Ambas as empresas disseram que veem a situação dos semicondutores se normalizando gradualmente no próximo ano. Ninguém esperava que isto fosse tão desafiador como está sendo e deve levar um bom tempo para superação deste problema. Até mesmo empresas em que se acreditava ter cadeias de suprimentos bem estabelecidas, como a Tesla, tiveram desafios em atender à demanda dos clientes, pois a falta de componentes críticos prejudicou sua produção e o crescimento das receitas. Outras empresas também começaram a alertar os investidores sobre um impacto prolongado.

A Philip Morris estimou perda neste trimestre de centenas de milhares de vendas unitárias dos seus dispositivos IQOS para fumantes, um bastão de tabaco aquecido comercializado como alternativa aos cigarros tradicionais ou eletrônicos. Esse número pode chegar a 1,5 milhão, no segundo semestre do ano. Embora a situação possa melhorar no primeiro semestre de 2022, também é possível que os problemas persistam até 2023. A Royal Philips NV, que fabrica equipamentos médicos, reduziu suas vendas e perspectivas de crescimento de lucro neste ano, pois sofreu no terceiro trimestre perda de vendas de 150 milhões de euros, o equivalente a US$ 174 milhões. Na PowerX, empresa de dispositivos de monitoramento de serviços públicos, a falta de componentes corroeu as margens de lucro da empresa e custou milhões de dólares em pedidos de dispositivos não atendidos. A empresa pagou até cinco vezes o preço normal para obter lotes menores de suprimentos. A PowerX informou que tem quase seis meses de estoque contra as seis semanas que uma startup como esta teria. Há preocupação com o que acontecerá quando os chips acabarem. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.