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29/Out/2021

Produtor usará os recursos próprios para investir

O iminente esgotamento de recursos de linhas para investimento no campo (para compra de máquinas agrícolas, silos e outros equipamentos) com taxas de juros controladas pelo governo federal e o aumento das taxas de mercado de curto e longo prazo devem levar produtores rurais a recorrer mais a seus recursos próprios para continuar investindo. Bancos privados não notam, até o momento, um recuo da demanda, mas citam o desafio de continuar emprestando com taxas bem mais altas do que aquelas equalizadas pelo Tesouro Nacional. O Santander afirma não ter mais recursos de linhas de investimentos com taxa subsidiada. O que existe no momento são muitas operações protocoladas, cujo dinheiro o banco vai liberando mensalmente. Os recursos devem ser liberados até janeiro, mas não será possível fazer operações novas. Nesta safra 2021/2022, recursos do Moderfrota, principal programa de financiamento de máquinas agrícolas do Brasil, vinham sendo oferecidos com taxa de juros de 8,5% ao ano.

Já em linhas de mercado, a perspectiva é de uma taxa ao redor de 14% ao ano. Percebe-se o desejo dos produtores em continuar investindo em novas máquinas e itens que ajudem a aumentar a produtividade nas lavouras, aproveitando a boa capitalização na última safra. Se considerar a média dos produtores clientes do Santander, eles estão vindo de safras muito boas e, principalmente na última, tiveram uma rentabilidade muito alta. As geadas e problemas climáticos foram compensados em preço, então eles estão bem capitalizados, e isso os leva a comprar e arrendar novas áreas, adquirir tratores, máquinas, investir em infraestrutura. Esses investimentos, entretanto, não serão financiados somente por linhas de crédito dos bancos. Como o juro mais longo é mais sensível a mudanças, muitos produtores capitalizados estão colocando dinheiro do próprio bolso para comprar máquina à vista, e tomando recurso no banco mais para o curto prazo (custeio). Na quarta-feira (27/10), a taxa DI para 2027 era de 11,84% ao ano.

Para a Selic, a previsão do banco é de que a taxa se aproxime de 10% ao ano até janeiro e depois se estabilize neste nível. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica em 1,50%, de 6,25% para 7,75% ao ano. O Itaú BBA tem avaliação semelhante. Os produtores estão capitalizados e com desejo de plantar uma área maior que a anterior, após terem obtido margens de lucro muito positivas na safra passada, 2020/2021. Financiar investimentos, que demandam linhas de longo prazo, é mais desafiador. Mas, apesar de as taxas atuais serem mais altas, ainda permitem a atividade, tanto que os produtores estão tomando recursos. Desde que o ano-safra 2021/2022 se iniciou, em 1º de julho, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a suspensão temporária de novos pedidos de financiamento de várias linhas de crédito rural por causa do esgotamento dos recursos. A mais recente ocorreu em 27 de setembro, com a suspensão de novos pedidos do Moderfrota (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras).

Antes disso, o BNDES já havia bloqueado novos pedidos para o Programa de Financiamento à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido (Proirriga), Pronaf Custeio (operações com taxa prefixada de até 4,5% ao ano), Programa ABC (operações com taxa prefixada de até 7% ao ano), Pronamp Investimento, Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro), Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), Pronamp Custeio, Pronaf Investimento e Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop). Para investimentos, o BNDES Crédito Rural, programa que oferta crédito com taxas de juros de mercado lançado em março do ano passado, deve conceder de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões na temporada 2021/2022. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.