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28/Out/2021

Dólar sofre baixa, mas segue acima dos R$ 5,50

À espera da decisão do Copom, o dólar experimentou certa volatilidade na sessão desta quarta-feira (27/10), com trocas de sinais especialmente pela manhã. A amplitude das oscilações, contudo, foi bastante reduzida, de apenas cerca de R$ 0,06 entre a mínima (R$ 5,53) e a máxima (R$ 5,59), um sintoma clássico de cautela e falta de apetite por posições mais contundentes. A expectativa amplamente majoritária no mercado é que o Banco Central acelere o ritmo de aperto e eleve a Selic em ao menos 1,50%, para 7,75% ao ano, e que o comunicado da decisão seja duro. A tese é que um Banco Central mais agressivo serviria de contraponto à perda da âncora fiscal, com a mudança na regra de cálculo do teto de gastos embutida na PEC dos Precatórios. Operadores chegaram a atribuir parte da oscilação do dólar a rumores sobre qual será, de fato, a postura do Banco Central.

A avaliação é que qualquer aumento da Selic inferior 1,50% ou dubiedade no comunicado pode levar a taxa de câmbio rapidamente a flertar com o patamar de R$ 5,70. Em meio a idas e vindas, prevaleceu o sinal negativo e o dólar fechou em queda de 0,33%, a R$ 5,55. Depois de subir 3,16% na semana passada, a moeda norte-americana acumulou baixa de 1,28% nos últimos três pregões. Em outubro, ainda avança 2%. No exterior, o índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis moedas fortes) operou em leve queda, na maior parte do tempo abaixo dos 94 pontos. Mas, o dólar subiu em relação a divisas emergentes consideradas pares do Real, como o peso mexicano (+0,53%), o peso chileno (+0,16%) e o rand sul-africano (+1,58%). Para a Golden Investimentos, o dólar já está em um valor "bem esticado" e reflete prêmio de risco elevado, dada a questão fiscal. O Banco Central tem o argumento perfeito agora para não ficar atrás da curva. Pode compensar os erros do passado com a decisão de subir a Selic em pelo menos 1,50% com um comunicado mais forte.

Isso ajudaria a segurar um pouco o câmbio, uma referência ao aumento da atratividade das taxas de juros locais para investidores estrangeiros. Se o Banco Central não agir agora, o mercado pode se estressar com mais força novamente. Tudo depende da decisão e do comunicado do Copom. A JF Trust argumenta que o ideal seria um choque maior ou igual a 200 pontos bases, com Selic mínima de 8,25%, para desacelerar o impacto do dólar e estabilizar as expectativas de inflação. Porém, não há espaço para um movimento amplo de apreciação do Real, já que o risco-País (medido pelo CDS de 5 anos) está na casa de 200 pontos, por causa da piora fiscal, e haverá uma deterioração sazonal do resultado da conta corrente no quarto trimestre. As pressões por mais gastos públicos seguem no Congresso. Desejam aumentar o valor do fundo eleitoral, emendas parlamentares dentro da PEC dos Precatórios e ainda prorrogar a desoneração fiscal da folha de pagamentos para 2022.

O presidente Jair Bolsonaro se diz confiante na aprovação da PEC dos Precatórios e afirmou que não avaliou o eventual impacto político do Auxílio Brasil no valor de R$ 400,00 neste momento. Bolsonaro voltou a chamar o mercado financeiro de "nervosinho". O presidente também arriscou um diagnóstico para a depreciação recente do Real, ao dizer que "o Brasil está vivendo uma insegurança jurídica, aí o dólar não baixa". Entre os indicadores, dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (27/10) mostram que o fluxo cambial está negativo em US$ 211 milhões em outubro (até o dia 22 de outubro). O saldo no canal financeiro, contudo, foi positivo em US$ 1,131 bilhão, revelando apetite dos investidores por ativos locais. Quem pesou no resultado do fluxo foi o saldo negativo de US$ 1,342 bilhão no comércio exterior. No acumulado de outubro, destaque para o resultado da semana passada, quando o saldo foi positivo em US$ 1,573, graças sobretudo a entrada líquida de US$ 1,160 bilhão pelo canal financeiro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.