ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Out/2021

Inflação chega a dois dígitos em algumas capitais

Das onze regiões que integram a coleta de preços para o cálculo da inflação, sete já registram variação de dois dígitos no acumulado de 12 meses. Considerando o IPCA-15 de outubro (prévia do resultado oficial no mês), divulgado na terça-feira (26/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Curitiba-PR aparece com a maior alta, de 13,42%. Na sequência, estão Porto Alegre - RS (11,85%), Fortaleza - CE (11,14%), Goiânia - GO (10,44%), Recife - PE (10,29%), Belo Horizonte - MG (10,19%) e Belém - PA (10,01%). O próprio IPCA-15 dos últimos 12 meses está agora em 10,34%, longe do teto de 5,25% da meta de inflação definida para este ano. Os dados mostram que a maior pressão continua vindo dos preços de bens e serviços administrados pelo governo, como energia elétrica e combustíveis. Só energia subiu 3,91% na prévia de outubro, respondendo praticamente por um quinto do IPCA-15 no mês.

Em outubro, permanece em vigor a bandeira tarifária de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na cobrança da conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Em 12 meses, a energia elétrica já subiu 30,02%, enquanto o gás de botijão ficou 35,18% mais caro. A gasolina aumentou 40,44% no período, e o etanol, 57,91%. O quadro inflacionário segue em deterioração mesmo após sucessivos choques, corroborando a percepção de pressões persistentes e enfraquecendo a defesa do argumento de alta transitória. Além disso, o contexto atual de reabertura, com retorno da demanda por serviços, e a piora na avaliação do risco fiscal contribuem para um balanço de riscos mais negativo. Até o final do ano, haverá uma sazonalidade também negativa no caso da inflação que são os alimentos. Haverá um avanço na demanda para as festas de final de ano, que devem puxar os alimentos para cima. Nos últimos 12 meses, o custo de alimentação e bebidas subiu 12,41%. A batata-doce subiu 60,86%, e o açúcar refinado, 49,78%.

As carnes tiveram redução de 0,31% em outubro, interrompendo uma sequência de 16 meses seguidos de aumentos, mas ainda estão 22,06% mais caras do que há um ano. Ano passado, o IPCA fechou com alta de 4,52%, acima da meta de 3,75% estabelecida para 2020. Mas, a pressão inflacionária estava mais concentrada nos alimentos, que segundo o IPCA comprometem 21% do orçamento familiar e cujos preços subiram em média 14%, pressionando, principalmente, o orçamento doméstico de famílias de baixa renda. Em 2021, ainda que os alimentos permaneçam com alta acumulada acima da inflação média, agora de 12,41%, os energéticos roubaram a cena e passaram a ser os vilões da inflação. Os energéticos respondem por quase 45% da inflação acumulada em 12 meses. Segundo o IPCA, 13,5% do orçamento familiar é comprometido pelas despesas com combustíveis, energia elétrica e gás. Entre estes, a gasolina ocupa duas posições de destaque, a segunda maior alta acumulada em 12 meses (40,44%) e o maior peso no orçamento familiar (6,09%).

O diesel, embora comprometa uma discreta fatia do orçamento familiar, 0,20%, possui grande capacidade de espalhar pressões inflacionárias. Ele compromete o preço do frete, da geração de energia e do transporte público. O avanço no preço do barril de petróleo e a desvalorização cambial voltaram a impulsionar os preços dos combustíveis fósseis em outubro. Para as famílias de baixa renda, o gás de botijão, com alta de 35,18% em 12 meses, aparece como grande vilão. A gasolina afeta diretamente o orçamento de famílias com renda mais alta, o que faz a inflação ser percebida por todos os principais grupos sociais. Diante de tais fontes de pressão inflacionária, o IPCA de 2021 deve fechar em 9,4%, com os energéticos dominando a cena da inflação deste ano. Para 2022, a estimativa é de que a inflação desacelere e os preços subam em média 4,4%, movidos pela expectativa de recuo expressivo da energia a partir de maio de 2022, quando finalmente há possibilidade da prática de bandeiras tarifárias menos onerosas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.