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28/Out/2021

Taxa de Desemprego fica em 13,2% no trimestre

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quarta-feira (27/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Brasil ficou em 13,2% no trimestre encerrado em agosto. Em igual período de 2020, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 14,4%. No trimestre móvel terminado em julho, a taxa de desocupação estava em 13,7%. A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.771,00 no trimestre encerrado em agosto. O resultado representa queda de 10,2% em relação a igual período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 219,2 bilhões no trimestre até agosto, recuo de 0,7% ante igual período do ano anterior. O País tinha 90,188 milhões de trabalhadores ocupados, entre formais e informais, no trimestre encerrado em agosto.

A população ocupada aumentou em 4,0% em um trimestre, o que indica a abertura de 3,480 milhões de postos de trabalho, entre formais e informais, na comparação com o trimestre móvel encerrado em maio. Em relação a um ano antes, o total de ocupados cresceu 10,4%, indicando a criação de 8,522 milhões de postos de trabalho, entre formais e informais. Com isso, o nível da ocupação (porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi de 46,8% no trimestre encerrado em agosto de 2020 para 50,9% no trimestre até agosto de 2021. Houve aumento bastante significativo da ocupação, com geração de vagas formais e informais, num cenário de acentuação de um movimento que já vinha sendo observado nos trimestres móveis anteriores ao período encerrado em agosto, marcado para retomada gradual da normalidade nas atividades econômicas, em meio ao avanço da vacinação contra Covid-19.

Apesar do aumento na ocupação em termos quantitativos, especialmente na comparação com o trimestre móvel até agosto de 2020, há duas ressalvas. A primeira é que, do ponto de vista estatístico, a forte alta de 10,4% na população ocupada, ante um ano antes, se dá sobre uma base de comparação deprimida. No trimestre até agosto de 2020, a população ocupada atingiu os níveis mais baixos da série histórica da Pnad, iniciada em 2012, um ponto bastante deprimido. A segunda ressalva tem a ver com a qualidade da retomada da ocupação. Indicadores associados à ocupação ainda apresentam um quadro desfavorável. O destaque negativo são os indicadores de formalização do trabalho e do rendimento médio do trabalhador. Há um predomínio ou uma importância muito acentuada do trabalho informal nesse processo de recuperação. Inclusive, é um dos motivos para a queda do rendimento, uma referência ao tombo de 10,2% no rendimento médio real do trabalhador.

O País tinha 13,656 milhões de desempregados no trimestre encerrado em agosto. O total de desocupados caiu 7,7% em relação ao trimestre móvel terminado em maio, com 1,139 milhão de pessoas a menos em busca de uma vaga. Em relação ao trimestre móvel encerrado em agosto de 2020, o número de desempregados caiu 1,0%, com 137 mil pessoas a menos na fila do desemprego. A queda significativa no contingente de desempregados, especialmente na comparação com o trimestre móvel imediatamente anterior, se explica pelo avanço na ocupação, com geração de vagas formais e informais. A ocupação, tanto na comparação com o trimestre (móvel anterior) quanto no ano, foi o que permitiu a queda da taxa de desocupação. Houve uma expansão na ocupação que conseguiu fazer com que a taxa de desocupação cedesse. O contingente de ocupados cresceu em 8,5 milhões de pessoas em um ano. A população fora da força de trabalho somou 73,371 milhões de pessoas no trimestre encerrado em agosto, 2,433 milhões a menos que no trimestre móvel imediatamente anterior.

Em relação ao mesmo período de 2020, a população fora da força diminuiu em 5,770 milhões de pessoas, queda de 7,3%. O total de trabalhadores com carteira assinada ficou em 31,039 milhões de pessoas no trimestre móvel encerrado em agosto. A variação da população ocupada nessas condições aponta para a criação de 1,241 milhão de vagas no setor privado com carteira em um trimestre, avanço de 4,2% ante o trimestre móvel encerrado em maio. Na comparação com um ano antes, são 1,972 milhão de trabalhadores com carteira assinada a mais, alta de 6,8%. Os dados são diferentes, tanto em termos de metodologia quanto de período de referência, das informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), registro administrativo de responsabilidade do Ministério da Economia, divulgadas na terça-feira (26/10). Conforme o saldo de demissões e admissões do Caged, foram criadas 368.091 vagas de emprego formal em setembro, no mês seguinte ao trimestre móvel referente à Pnad Contínua divulgada nesta quarta-feira (27/10).

No acumulado até setembro de 2021, o saldo do Caged aponta para a criação de 2,513 milhões de vagas. Nos nove primeiros meses do ano passado, sob os efeitos iniciais da pandemia de Covid-19, foram extintos 558.597 empregos formais. O avanço da ocupação, com geração de vagas tanto formais quanto informais, foi um destaque do mercado de trabalho no trimestre móvel encerrado em agosto, mas os dados mostram que a recuperação foi puxada pela informalidade. Das 3,480 milhões de vagas criadas em um trimestre, 2,387 milhões foram em ocupações tidas como informais. Já dos 8,522 milhões de postos gerados na comparação como trimestre móvel terminado em agosto de 2020, 6,056 milhões são em ocupações informais. É nítido que o que realmente contribuiu para a expansão da ocupação são os trabalhadores informais. Com o crescimento do trabalho informal, o País alcançou uma taxa de informalidade de 41,1% no mercado de trabalho no trimestre móvel até agosto, com 37,099 milhões de trabalhadores atuando informalmente.

Ainda assim, esse contingente está abaixo dos níveis pré-pandemia. O auge desse contingente foi registrado em fins de 2019, quando o total de informais estava em torno de 38,8 milhões. No grupo de ocupações tipicamente associadas à informalidade, 10,791 milhões de trabalhadores atuavam no setor privado sem carteira assinada, 987 mil a mais que no trimestre móvel imediatamente anterior, uma alta de 10,1%. Em relação ao trimestre até agosto de 2020, foram criadas 2,036 milhões de vagas sem carteira no setor privado, um salto de 23,3%. O trabalho por conta própria, majoritariamente informal, ganhou 1,036 milhão de pessoas em um trimestre. Em relação ao patamar de um ano antes, há 3,888 milhões de trabalhadores por conta própria a mais, totalizando 25,409 milhões de pessoas, o recorde absoluto da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, mesmo considerando todos os trimestres móveis mês a mês. Destaque entre os indicadores que apontam para a má qualidade na recuperação do mercado de trabalho, a queda no rendimento médio real no trimestre móvel encerrado em agosto foi a maior já registrada na série histórica da Pnad Contínua.

Na comparação com um ano antes, o tombo no rendimento médio real do trabalho foi de 10,2%. Em relação com o trimestre móvel terminado em maio, a queda foi de 4,3%. O recorde negativo foi registrado nas duas óticas de comparação. O desempenho negativo se deve tanto à informalidade quanto à aceleração da inflação. Por um lado, a recuperação da ocupação via vagas informais tende a provocar queda ou moderação na alta nominal das remunerações. Isso porque vagas tidas como informais, geralmente, pagam menos do que o emprego formal, com carteira de trabalho. Combinado a isso, a inflação corrói o poder de compra dos salários. Mesmo que a remuneração nominal do trabalhador fique estacionada, o valor real, descontada a inflação, passa ao terreno negativo, especialmente na comparação com um ano antes.

Há tanto o efeito composição, do perfil desses trabalhadores e das atividades em que eles se inserem, quanto o próprio processo de inflação, que vem se acelerando nos últimos meses, que evitou estimar qual dos dois fatores pesou mais na queda do rendimento médio verificada nos dados da Pnad Contínua do trimestre móvel encerrado em agosto. No trimestre terminado em agosto de 2021, faltou trabalho para 31,135 milhões de pessoas no País. Diante desse contingente, a taxa composta de subutilização da força de trabalho passou de 29,3% no trimestre até maio para 27,4% no trimestre até agosto. O indicador inclui a taxa de desocupação, a taxa de subocupação por insuficiência de horas e a taxa da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. No trimestre até agosto de 2020, a taxa de subutilização da força de trabalho estava em 30,6%. A população subutilizada em termos compostos caiu 5,5% ante o trimestre até maio, com 1,811 milhão de pessoas a menos.

Em relação ao trimestre móvel até agosto de 2020, houve um recuo de 6,6%, menos 2,184 milhões de pessoas. Dentro do contingente para o qual faltava trabalho, havia 5,343 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em agosto. O resultado significa 368 mil desalentados a menos em relação ao trimestre encerrado em maio, um recuo de 6,4%. Em um ano, 508 mil pessoas a menos estavam em situação de desalento, queda de 8,7%. A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.