ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

27/Out/2021

Dólar fecha em alta próximo do nível dos R$ 5,60

A piora das perspectivas para a economia brasileira, na esteira do IPCA-15 de outubro acima do esperado, aliada ao sinal predominante de alta da moeda norte-americana no exterior, levou investidores a recompor posições defensivas no mercado de câmbio doméstico, jogando o dólar para cima na sessão desta terça-feira (26/10). A perspectiva de anúncio de uma alta mais agressiva da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (27/10), entre 1,5% e 2% e de um aperto monetário mais prolongado tem, por ora, um efeito misto sobre a taxa de câmbio. Por um lado, aumenta, em tese, a atratividade das operações de carry trade, já que eleva o diferencial de juros interno e exterior. De outro lado, aumenta as chances de uma recessão em 2022 e onera o financiamento da dívida pública, justamente em momento de dúvida sobre o regime fiscal.

A alta do dólar também foi atribuída à inclusão da PEC dos Precatórios, que traz mudança na regra de cálculo do teto dos gastos, na pauta desta terça-feira (26/10) na Câmara dos Deputados. No fim da tarde, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que votação será nesta quarta-feira (27/10), provavelmente. Espremido entre essas forças contrárias, o Real não encontrou forças para dar sequência à recuperação esboçada no pregão de ontem, embora não tenha amargado, desta vez, o pior desempenho entre divisas emergentes, papel que coube ao rand sul-africano. O DXY (que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes) trabalhou em alta moderada, em dia de dados positivos da confiança do consumidor nos Estados Unidos. Afora uma queda pontual pela manhã desta terça-feira (26/10), a moeda norte-americana operou com sinal positivo durante todo o pregão e chegou a se situar acima de R$ 5,60 no início da tarde, ao atingir a máxima de R$ 5,60 (+0,91%).

Com arrefecimento da pressão altista ao longo das duas últimas horas da sessão, o dólar fechou a R$ 5,57, com variação de +0,32%, o que leva a valorização acumulada em outubro a 2,34%. O Banco Ourinvest observa que, embora a alta dos juros possa ter um impacto positivo para o câmbio, a conjunção de um quadro inflacionário ruim, ratificado pelo IPCA-15 de outubro, com baixo crescimento econômico escancara a fragilidade do Brasil e limita o fôlego do Real. O combo de incertezas políticas e fiscais, baixo crescimento, alta dos juros e da inflação só pode refletir em mais pressão e volatilidade para a nossa taxa de câmbio. A inflação já supera dois dígitos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que, depois de ter avançado 1,14% em setembro, o IPCA-15 acelerou para 1,20% em outubro, se aproximando do teto das estimativas (1,25%). Em 12 meses, o índice acumula alta de 10,34%.

A resposta do mercado ao IPCA-15 acima do esperado foi elevar as projeções de alta da taxa básica pelo Copom nesta quarta-feira (27/10), com uma elevação de 1,5% sendo considerada agora como "piso" pela maioria das instituições. A leitura predominante é que o Banco Central, órfão da política fiscal, tem que ser ainda mais duro para conter a deterioração das expectativas inflacionárias. A HCI Investimentos vê possibilidade de o dólar recuar para o patamar de R$ 5,50 caso o Copom promova, pelo menos, uma alta da Selic em 1,5%, de 6,25% para 7,75% ao ano. A inflação está elevada e a política fiscal provoca muita incerteza. Um aumento mais forte dos juros pode trazer alívio para o câmbio. Há potencial para entrada de fluxo externo, tanto para explorar o diferencial de juros quanto para eventuais “pechinchas” na Bolsa. O Banco Central tem que ao menos tentar estancar essa piora das expectativas que estão acontecendo.

Há uma pressão compradora por dólar por parte das instituições financeiras, que deve se intensificar no fim do ano. O Banco Central está mais atento à questão cambial, como demonstram as intervenções recentes, tanto para lidar com o overhedge dos bancos quanto para suprir demandas pontuais com oferta extra de swaps e até venda de dólar à vista. Entre os indicadores divulgados nesta terça-feira (26/10), destaque para os dados da arrecadação em setembro, de R$ 149,102 bilhões, que representou alta real de 12,87% em relação a setembro do ano passado. Dados do Caged mostraram criação de 313.902 postos de trabalho em setembro, abaixo das mediana das projeções, de 360 mil vagas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.