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27/Out/2021

COP-26: é necessário um "new deal global verde"

Num mundo que ainda luta para retomar a atividade econômica depois do auge da crise causada pela pandemia de coronavírus, é preciso criar uma espécie de "new deal" verde, com foco na recuperação em bases sustentáveis. A expressão foi usada durante o painel "Carbon Adjustment Mechanism Implications" realizado de forma virtual pelo Citi. Para a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), é preciso de um “new deal global verde”, que seja inclusivo. É preciso avançar sem afetar os outros, é preciso ir junto. O evento ocorre dias antes do início da Conferência do Clima (COP26), em Glasgow, na Escócia. O New Deal original foi um plano de recuperação econômica americana nos anos 30, depois da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Com a Covid-19, os fluxos saíram dos emergentes e foram para os países desenvolvidos. Tem muita liquidez no mundo agora, mas esse dinheiro não está nos emergentes, está nos desenvolvidos. A Unctad defende a taxação sobre emissão de carbono e outras medidas para diminuir as emissões.

É necessário ter cooperação internacional. De outra forma, o mundo vai ser mais desigual, mais injusto e mais volátil", previu. A União Europeia é uma das regiões do globo que mais poluem, mas o tema ganhou espaço relevante no continente e que teve repercussões até mesmo na eleição na Alemanha, com um crescimento forte do Partido Verde. O "new deal verde" deve ser um pacote de diferentes medidas e ações liderado pela União Europeia. O bloco europeu está preocupado com o efeito líquido das ações para mitigar as emissões e com a perda da competitividade. A ideia é compensar a totalidade das emissões de carbono até 2050 e conta com um plano para evitar que linhas produtivas com alta pegada de carbono sejam alocadas para fora do bloco e tenham seus produtos importados com vantagens competitivas e menores padrões ambientais. A proposta Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM) prevê a incidência de uma sobretaxa às importações para incorporar as pegadas ao preço final de produtos importados, mas há muitas dúvidas ainda sobre o tema e críticas de países exportadores. Bens como alumínio e fertilizantes estão entre os mais afetados.

O impacto estimado em outros países tem grande variação e, nas emissões gerais no globo, é realmente muito baixo. O Citi Global Insights salientou que o CBAM deve forçar outros mercados a apresentarem progresso de forma mais rápida em relação a emissões. De qualquer forma, é praticamente impossível contar com um trabalho nesse sentido na mesma velocidade entre países ricos e pobres. É impossível, a menos que uma parte dos recursos migre dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, lamentou a "falta de liderança" que afeta os esforços globais para reduzir as emissões de carbono na atmosfera e frear a mudança climática. Guterres discursou durante o lançamento de um novo relatório do Programa da ONU para o Meio Ambiente, que delineou novas promessas de governos para reduzir as emissões, mas não de forma rigorosa o suficiente para evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5ºC até o fim deste século.

O relatório concluiu que anúncios recentes de dezenas de países visando emissões "líquidas zero" até 2050 poderiam, se totalmente implementados, limitar o aumento da temperatura global a 2,2ºC. O número está mais perto, mas ainda acima da meta menos rigorosa acordada no pacto climático de Paris de limitar o aquecimento global a 2ºC, em comparação com o período pré-industrial. Os Estados Unidos, a União Europeia e dezenas de outros países estabeleceram metas de zerar suas emissões nas próximas décadas. No entanto, o relatório do Programa Ambiental disse que as metas que muitos governos anunciaram antes da COP-26 permanecem vagas, com grande parte dos cortes em emissões empurrados para além de 2030. Guterres disse que os cientistas foram claros sobre os fatos da mudança climática, acrescentando que agora os líderes precisam ser tão claros quanto em suas ações, apresentando planos ousados e prazos para atingi-los. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.