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26/Out/2021

Dólar cai com cenário externo de apetite ao risco

A ausência de surpresas negativas no cenário doméstico e o ambiente externo de apetite por ativos de risco abriram espaço para que dólar recuasse no pregão desta segunda-feira (25/10), em um movimento de correção após a alta de 3,16% na semana passada, quando chegou a ser negociado acima de R$ 5,70 diante da proposta de mudança do teto de gastos e de rumores de saída de Paulo Guedes do Ministério da Economia. Contribuíram também para a recuperação parcial da moeda brasileira a entrada de fluxo estrangeiro para a Bolsa brasileira e a perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom) acelere o passo do aperto monetário nesta quarta-feira (27/10), elevando a Selic em 1,25% ou 1,5%. Afora uma leve alta logo na abertura dos negócios, o dólar operou em queda durante toda a segunda-feira (25/10), rompendo o piso de R$ 5,60 ainda pela manhã. Ao longo da tarde, em meio à renovação de recordes das Bolsas em Nova York e aceleração dos ganhos do Ibovespa, a moeda norte-americana registrou sucessivas mínimas, descendo até R$ 5,53 (-1,59).

Com desaceleração das perdas na reta final dos negócios, o dólar fechou em baixa de 1,27%, a R$ 5,55, o que reduziu a alta acumulada em outubro para 2,01%. Vale ressaltar que o giro com o contrato de dólar futuro para novembro, que havia superado US$ 20 bilhões na sexta-feira (22/10), foi de cerca de US$ 12,8 bilhões nesta segunda-feira (25/10). Isso sugere que o movimento mais agressivo de ajustes de posições fiscal pode ter ficado para trás. Dados compilados pela corretora Renascença mostram que, na sexta-feira (22/10), os fundos locais lideraram as movimentações, reduzindo posições vendidas (que ganham com a queda do dólar) em 20.650 contratos (US$ 10,3 bilhões). No exterior, o índice DXY (que espelha a variação do dólar frente a seis divisas fortes) operou em leve alta, mas a moeda norte-americana recuou em relação à maioria dos emergentes, com destaque para o peso chileno, o rand sul-africano e a lira turca.

O Real, que tanto apanhou na semana passada, foi o destaque nesta segunda-feira (25/10). Segundo a Câmbio Curitiba, o movimento de alta do dólar na semana passada, em meio ao noticiário fiscal e político conturbado, foi desproporcional. Houve muita especulação com notícias de fim do dia que impactaram o dólar e, agora, o dólar caiu com correções. Há também um movimento muito forte de compra de estrangeiros na Bolsa, para aproveitar oportunidades. As ações da Petrobras dispararam, turbinando o Ibovespa, após informação da CNN de que a União estuda vender ações da petroleira em volume suficiente para deixar de ser acionista majoritária da empresa. O governo manteria, contudo, a chamada "golden share", preservando o direto de indicar o presidente e evitar determinadas operações. Chama a atenção o aumento das apostas em uma aceleração do ritmo de alta da Selic, em meio à deterioração recente das expectativas de inflação, ratificadas nesta segunda-feira (25/10) pelo Boletim Focus.

Embora avalie que é preciso ter cautela por conta das questões político e fiscais, há espaço para que o dólar volte a ser negociado na casa de R$ 5,40 até o fim do ano. Não deve cair muito mais do que isso porque o cenário político, com as movimentações para as eleições do ano que vem, já começa a impactar o dólar. No Boletim Focus, houve aumento da medida das expectativas para o IPCA neste ano (8,69% para 8,96%) e para 2022 (de 4,18% para 4,40%). A estimativa para a taxa Selic no fim deste ano subiu de 8,25% para 8,75%. Diversas casas divulgaram relatórios alterando a expectativas tanto para alta da Selic no Copom desta semana (de 1% para 1,25 ou 1,50%) quanto para a extensão do atual ciclo de elevação. O Itaú Unibanco passou a trabalhar com alta de 1,5% da Selic, para 7,75%, nesta semana e com taxa básica de 11,25% em março de 2022.

O banco também elevou a estimativa para a taxa de câmbio de R$ 5,25 para R$ 5,50 no fim deste ano e do próximo, argumentando que, apesar das taxas de juros mais altas, a maior incerteza fiscal, como indicado pela reação recente do mercado, limita o espaço para a valorização do Real. A JF Trust não espera um ingresso expressivo de recursos externos para aproveitar uma Selic mais elevada enquanto durar a pressão sobre o prêmio de risco, o juro real negativo e a expectativa de desvalorização média do Real ainda elevada. Há incertezas presentes em relação ao valor do Auxílio Brasil em patamar até superior a R$ 400,00 e tentativas de novas exclusões de gastos da regra do teto. O cenário para "Selic mínima" foi revisado de 10,50% para 10,75% e há chance de 50% da taxa básica atingir 11,50% no fim do ciclo de aperto. A PEC dos Precatórios é uma solução de curtíssimo prazo para dar espaço de gasto no orçamento de quase de R$ 85 bilhões, mas para o mercado o fato concreto é que a política fiscal mais expansionista veio para ficar. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.