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25/Out/2021

Dólar acumula forte alta na semana e em outubro

O mercado doméstico de câmbio viveu uma sessão agitada e de muita volatilidade na sexta-feira (22/10), com oscilação de mais de R$ 0,13 entre a mínima e a máxima, em dia marcado por especulações em torno da permanência de Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia. O dólar já abriu em forte alta e chegou no teto de R$ 5,70 logo na primeira hora de negócios, ainda espelhando a debandada na equipe econômica, puxada pela saída, na quinta-feira (21/10) do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e do secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, na esteira da mudança das regras do teto de gastos embutida da PEC dos Precatórios. No início da tarde de sexta-feira (22/10), no auge da boataria de que Paulo Guedes estava demissionário, a moeda norte-americana chegou a ultrapassar a marca de R$ 5,75, ao correr até a máxima de R$ 5,7545 (+1,53%). O movimento altista arrefeceu após notícia de encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, às 14h30.

O alívio veio quando Bolsonaro e Guedes apareceram juntos, selando a permanência do ministro no governo. Embora Paulo Guedes tenha perdido grande parte da sua credibilidade entre os investidores, sua presença ainda serve de contraponto para as tendências mais populistas da ala política do governo. Com mínima a R$ 5,62, registrada na reta final do pregão, o dólar encerrou a sessão de sexta-feira (22/10) em queda de 0,71%, a R$ 5,62. Apesar disso, a moeda norte-americana terminou a semana passada com valorização de 3,16% e já acumula alta de 3,33% em outubro, o que evidencia uma reprecificação relevante do Real nos últimos dias. O mercado estava precisando de mais informações e as explicações de Paulo Guedes acabaram fazendo preço. Houve um estresse muito grande na quinta-feira (21/10) e em parte do pregão de sexta-feira (22/10), com o dólar flertando com R$ 5,80, e era de se esperar que houvesse alguma correção. A Commcor DTVM chama a atenção para a fala de Paulo Guedes sobre dados positivos da arrecadação, em uma tentativa de dizer que o aumento de gastos com o Auxílio Brasil não prejudica a política fiscal

Em sua fala, Bolsonaro disse que tem "confiança absoluta" em Paulo Guedes e que o ministro entende as aflições que o governo passa. Após defender o Auxílio Brasil no valor de R$ 400,00, o presidente disse que o governo tem responsabilidade e não fará "nenhuma aventura". Paulo Guedes, por sua vez, refutou que tenha pedido demissão e disse faltou tolerância aos "jovens" da equipe econômica para conciliar a solução técnica com a fiscal, em referência a Bruno Funchal e Jeferson Bittencourt, cujas saídas ele classificou como algo natural. O substituto de Funchal será o Esteves Colnago, que hoje ocupa a Assessoria Especial de Relações Institucionais do Ministério da Economia. A preferência do Ministério da Economia era manter o teto e pedir uma autorização para gastar um pouco mais. Mas, tecnicamente, a mudança no teto é defensável, afirmou Guedes cuja proposta inicial era de gastos de R$ 30 bilhões fora do teto, mas que acabou cedendo à reformulação da âncora fiscal.

O ministro afirmou que foi mal interpretado quando disse que era preciso "licença para gastar um pouco mais", ao se referir ao Auxílio Brasil, e ressaltou que a solução costurada na PEC dos Precatórios não altera os fundamentos fiscais da economia brasileira. Segundo ele, as finanças não foram abaladas e não há preocupação se foi extrateto ou levantamento do teto. O Banco Ourinvest viu a queda do dólar após o discurso de Paulo Guedes como um pequeno ajuste depois de um período de grande estresse, mas ressalta que a percepção de risco segue em nível elevado. O fato de Paulo Guedes continuar deu algum ânimo e possibilitou esse ajuste, já que ele é o único braço relativamente liberal no governo. Mas, o dólar no patamar atual sugere que o mercado não gostou das mudanças fiscais, que ainda são vistas como 'pedaladas'. Deve haver ainda bastante volatilidade.

Para a Commcor DTVM, após as movimentações dos últimos dias, a taxa de câmbio já carrega um prêmio de risco considerável, o que pode, em tese, abrir espaço para uma queda do dólar. A disputa pela formação da taxa Ptax de fim de outubro na semana que vem e eventuais fluxos podem, contudo, levar a moeda a flertar novamente com R$ 5,75. Pelos fundamentos, é mais plausível o dólar ir para R$ 5,50, porque o pior momento do ajuste de prêmios já passou. Mas, é preciso ver a questão do fluxo e da demanda. A expectativa dos analistas é que o Banco Central deve continuar a atuar com leilões extras de swaps cambiais para suprir demandas específicas, além das ofertas ligadas ao overhedge dos bancos e das rolagens de contratos vincendos. A perspectiva de uma aceleração do ritmo de aperto monetário pelo Copom nesta semana pode dar também algum fôlego ao Real, caso não haja novas surpresas no front fiscal. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.