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25/Out/2021

Petróleo: crise de energia afeta países produtores

A crise da energia está afetando economias do mundo todo. Com o petróleo cotado acima de US$ 80,00 por barril, disparou também o óleo diesel, base do transporte de muitos países. Os efeitos dessas altas variam, no entanto, dependendo do perfil da indústria do petróleo. O Brasil, assim como os Estados Unidos, apesar de ser um grande produtor de petróleo, está no grupo dos que padecem com a inflação dos combustíveis. Os Emirados Árabes, em contrapartida, estão com os preços estabilizados, porque usam os altos ganhos com exportação para beneficiar os consumidores. A Espanha sofre com a alta tributação. Enquanto a China usa mecanismos para tentar frear as altas. Levantamento produzido pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) analisa o comportando desses cinco países: Brasil, Estados Unidos, Espanha, China e Emirados Árabes, neste momento de crise de energia.

Entre eles, o caso mais bem sucedido é o dos Emirados Árabes, que, embora tenham apenas cinco refinarias produtoras de derivados, usam os elevados ganhos com a exportação de petróleo para conter os preços internos. Nos Estados Unidos, onde estão instaladas 133 refinarias, os preços dos combustíveis estão disparando com a mesma intensidade que no Brasil. Na Espanha é vendido o diesel mais caro entre os cinco países. O país é penalizado pela elevada carga tributária. Enquanto no Brasil e nos Estados Unidos os impostos sobre o diesel variam de 25% a 30%; na Espanha, eles representam 48% do preço. A conclusão do estudo é que os grandes produtores de petróleo estão conseguindo passar melhor pela turbulência, com preços menores nos combustíveis, em comparação aos que têm maior número de refinarias, com diferentes investidores e concorrentes.

Mesmo na China, onde o preço do diesel é controlado pelo governo e há quatro vezes mais refinarias que no Brasil, o preço do diesel está elevado, abaixo apenas do da Espanha, entre os países avaliados pelo Ineep. A China estabelece limites de preço ao consumidor. Ainda assim, há uma variação, que não suporta as pressões do petróleo por um longo período. Nos Emirados Árabes, embora também tenham a forte presença estatal, a lógica é diferente da chinesa. O país é um grande produtor de petróleo. Pouco mais da metade dos 3,6 milhões de barris de petróleo que produz é exportada. A sobra é transformada em combustível para atender toda demanda interna e ainda resta uma parcela de derivados para vender a outros países. Como as empresas produtoras do petróleo também são fabricantes de combustíveis, elas compensam as perdas com a compra de petróleo caro para produzir derivado com os ganhos extraordinários da exportação de petróleo.

Ao avaliar os casos internacionais, fica claro que a autonomia da administração dos preços depende de a capacidade dos países exportarem e produzirem petróleo. Abrir mão disso por medidas pontuais para tentar elevar a concorrência não demonstrou efeito prático no mundo. No Brasil, a crise da energia, na qual a demanda ultrapassa a oferta, elevando os preços, recai sobre a população como inflação generalizada. O diesel é o combustível utilizado no transporte da maior parte dos produtos comercializados no País, inclusive de alimentos. Por isso, qualquer alta no preço do diesel rapidamente se reflete no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que, em setembro, atingiu o patamar de dois dígitos, de 10,25%, muito acima dos 3,75% perseguidos pelo Banco Central. Esse cenário levou o governo a disparar ataques aos agentes envolvidos na cadeia de petróleo, mas, até agora, nenhuma política efetiva foi anunciada para solucionar a questão.

Os principais determinantes do preço no Brasil (o preço internacional do petróleo e o dólar) continuam pressionando altas nos combustíveis. A defasagem já está significativa (entre o valor praticado pela Petrobras e os internacionais). Nos próximos meses, a cotação tende a ficar elevada, pois os estoques estão baixos e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) está com condições de controlar a oferta. Segundo o Instituto de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), pelo lado do câmbio, a situação atual não indica alívio. O Brasil é um importador líquido de diesel e tem os seus preços ancorados aos de importação. Com isso, cotações mais altas se traduzem em valores de importação mais elevados, que pressionam o varejo local. A avaliação é que os preços do petróleo bruto e dos produtos refinados devem permanecer firmes nos próximos meses uma vez que os balanços globais continuam apertados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.