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22/Out/2021

Petróleo vai elevar as emissões de GEE após 2030

Relatório internacional elaborado por cientistas aponta que o Brasil está entre os países que mais despertam preocupação em relação ao aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE). O desmatamento poderá deixar de ser o foco no País pelas emissões entre 2030 e 2050, devido ao grande aumento previsto para a produção de petróleo e gás natural nos campos do pré-sal. De acordo com o 2021 Production Gap Report (Relatório de lacuna de produção de 2021), que detalha as estratégias e os planos de governo para a produção de combustíveis fósseis em 15 dos principais centros produtores, lançado no dia 20 de outubro, os grandes produtores mundiais planejam produzir mais do que o dobro da quantidade de combustíveis fósseis em 2030 do que seria consistente para limitar o aquecimento global a 1,5°C, em linha com expectativas do Acordo de Paris. O Brasil pretende quase dobrar sua produção de petróleo até 2030, e ressuscitou o carvão mineral com um programa de substituição das atuais usinas térmicas que usam a fonte poluente.

A atual projeção do governo brasileiro é incompatível até mesmo com sua promessa recente de ser neutro em carbono em 2050. Por isso, os responsáveis pelas áreas de energia em geral, e de petróleo em particular, não estão conversando com aqueles da área ambiental no Brasil. Ao projetar dobrar sua produção de petróleo em um momento em que é necessário conter as emissões, o País fica em uma posição equiparável a Estados Unidos e Arábia Saudita, que também pretendem ampliar suas produções. Com isso, o principal foco de preocupação climática no País, que é o desmatamento, pode se tornar outro, entre 2030 e 2050, passando a ser a área de petróleo, gás natural e seus derivados. Produzido pelo Instituto de Meio Ambiente de Estocolmo (SEI), Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), ODI, E3G e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o relatório mede a lacuna existente entre a produção de carvão, petróleo e gás natural planejada pelos países e os limites de produção globais que seriam necessários para o cumprimento do Acordo de Paris.

A maior lacuna é a do carvão, cuja produção está prevista para ser aproximadamente 240% maior do que o recomendável em 2030. Em seguida vem a do óleo cru, ultrapassando o limite em mais de 57%, e na sequência a do gás, com 71% a mais do que seria consistente com a limitação do aquecimento global em 1,5°C. O relatório mostra, ainda, que o total do volume planejado pelos grandes produtores de combustíveis fósseis para 2030 acarretará na produção anual de 36 bilhões de toneladas de CO2, uma quantidade que supera o dobro das 17 bilhões de toneladas, que seria a quantidade máxima de emissões associada à queima de combustíveis fósseis, conforme o Acordo de Paris. Além do Brasil, fazem parte do grupo de grandes produtores Austrália, Canadá, China, Alemanha, Índia, Indonésia, México, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, e Estados Unidos. Outra preocupação levantada pelo documento se refere aos recursos destinados para os combustíveis fósseis durante a pandemia de Covid-19, que foram superiores aos destinados à energia limpa.

Além disso, vários grandes produtores de carvão estão planejando continuar ou aumentar a produção para além de 2030, e tudo ocorre mesmo esses países tendo reduzido significativamente as finanças públicas internacionais para a produção de combustíveis fósseis nos últimos anos. Para os 40 autores que assinam o relatório, os governos deveriam fortalecer a transparência, divulgando seus planos de produção nos documentos relacionados a seus compromissos climáticos para com o Acordo de Paris, levando em conta que os governos têm um papel primordial, que é fechar a lacuna de produção de uma forma que garanta que a transição para o abandono dos combustíveis fósseis seja justa e equitativa. Os governos podem restringir a exploração e extração de combustíveis fósseis, eliminar gradualmente os subsídios aos produtores e as finanças públicas para projetos de combustíveis fósseis, e redirecionar o apoio para a descarbonização e para esforços de transição justa, conclui o relatório. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.