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19/Out/2021

Exportação do agronegócio crescente na pandemia

As exportações brasileiras do agronegócio continuam a crescer durante a pandemia, e os números são bastante impressionantes. Segundo dados do Ministério da Agricultura, de 1º de janeiro até 31 de agosto de 2021, o valor exportado em dólares foi de 83,59 bilhões. No mesmo período do ano passado, havíamos exportado 69,25 bilhões, um crescimento de 20,7%. Mais uma vez, o continente asiático foi nosso maior mercado, com um crescimento de 42,19 bilhões de dólares em 2020 para 50,30 bilhões neste ano, ou 19,2% a mais. E é claro que a China continuou sendo o grande importador, com o valor de 31,71 bilhões contra 26,29 bilhões do ano passado. O segundo maior importador, como continente, foi a União Europeia, com 12,30 bilhões, que também cresceu 18,7% em relação ao ano anterior, que foi de 10,36 bilhões. Já o Oriente Médio, com 4,69 bilhões, importou 20% a mais do que os 3,90 bilhões de 2020.

Nosso segundo maior mercado como país individual depois da China foram os Estados Unidos, que compraram 5,58 bilhões neste ano, pouco mais de um sexto das importações chinesas. Mas, como no ano passado o valor tinha sido 4,24 bilhões, houve um acréscimo superior a 30%, alvissareiro. Para completar a relação dos nossos 20 maiores importadores, seguem os seguintes países: Holanda (3,30 bilhões), Espanha (2,22 bilhões), Tailândia (1,99 bilhão), Turquia (1,65 bilhão), Itália (1,60 bilhão), Vietnã (1,57 bilhão), Coreia do Sul (1,54 bilhão), Japão (1,47 bilhão), Alemanha (1,45 bilhão), Indonésia (1,34 bilhão), Irã (1,32 bilhão), Arábia Saudita (1,24 bilhão), Hong Kong (1,19 bilhão, único com leve queda do valor importado), México (1,17 bilhão), Bangladesh (1,14 bilhão), Bélgica (1,13 bilhão), Chile (1,00 bilhão), e Paquistão (950 milhões). Cabem alguns comentários, sem a necessidade de destacar a óbvia importância da Ásia no comércio agrícola mundial, com grande ênfase para a participação da China.

Analistas coincidem ao apontar as razões desse impressionante percentual, entre as quais a peste suína africana (PSA), que obrigou ao sacrifício de 400 milhões de cabeças de suínos, dando origem a uma demanda espetacular por proteína animal, ao mesmo tempo em que, com a estratégia de recompor os rebanhos em outros moldes mais tecnificados, é necessária a importação de grãos, sobretudo soja e milho. Mas, nem todos coincidem quando analisam o futuro das demandas chinesas. Enquanto alguns defendem a tese de que essa demanda ainda vai perdurar por um longo período, e aí apostam que o Brasil seguirá sendo um grande exportador para lá, outros analistas avaliam a possibilidade de a China buscar aumentar a produção em terras próprias, hoje tecnicamente inviáveis ou em terceiros países, com sistemas de parcerias interessantes. Ou procurarão diversificar seus fornecedores para reduzir a dependência de nossa produção. Outro fato relevante: dos 20 maiores importadores, 9 estão na Ásia.

Como se não bastasse este dado consolidado, note-se que Tailândia, Vietnã, Coreia do Sul e Japão, individualmente, importaram cada um mais do que a Alemanha. Não estão entre nossos 20 maiores importadores: nem a Inglaterra, nem a Índia (com seus 400 milhões de habitantes de classe média) e nenhum país do Mercosul. Fica mais uma vez muito clara a necessidade de nosso País buscar acordos bilaterais com grandes países consumidores, como a Índia. Também devemos intensificar negociações com a Inglaterra, desde o Brexit uma grande importadora de alimentos. E com o Japão, que já foi maior mercado do que é hoje e com quem o Brasil tem uma fraterna relação histórica. Igualmente relevante é a busca de exportar produtos com maior valor agregado, o que estimularia a indústria brasileira. Felizmente estes objetivos fazem parte da estratégia dos excelentes ministros Carlos França, das Relações Exteriores, e de Teresa Cristina, da Agricultura, que já vêm costurando acordos importantes. Disso depende muito o futuro do crescimento do agronegócio brasileiro. Fonte: Roberto Rodrigues. Agência Estado.