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18/Out/2021

Dólar cai com ambiente externo de apetite ao risco

O ambiente externo de apetite ao risco, com alta das Bolsas em Nova York, e o efeito cumulativo das intervenções do Banco Central minaram o fôlego do dólar no mercado doméstico de câmbio na sexta-feira (15/10). No fim da manhã, sob efeito de leilões de swaps (extra e de rolagem) e de declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, o dólar chegou a ser negociado abaixo do patamar de R$ 5,44, ao registrar a mínima de 5,43 (-1,48%). Com uma redução do ritmo de perdas ao longo da tarde, o dólar voltou a rodar na casa de R$ 5,45, mas ainda assim fechou em queda firme, de 1,11%, cotado a R$ 5,45. Com a queda de sexta-feira (15/10), a divisa norte-americana fechou a semana passada em queda 0,77% e avanço de apenas 0,16% em outubro. Operadores destacam que o Real voltou a andar em sintonia com seus principais pares entre as divisas emergentes, já que o rand sul-africano e o peso mexicano também apresentaram ganhos de cerca de 1% em relação à moeda norte-americana.

O índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes) operava perto da estabilidade, abaixo da linha dos 94 pontos. O diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil admitiu que pode haver uma dinâmica perversa no câmbio, mas reforçou que a instituição tem uma capacidade robusta de intervenção no mercado. A fala foi interpretada, nas mesas de operação, como um recado de que o BC não vai deixar a taxa de câmbio à deriva. Ele afirmou também que o mercado teve claramente dificuldade em digerir parte do risco cambial desde fins de setembro, fruto da saída concentrada de recursos, o que acabou levando o BC a atuar para garantir a liquidez. Segundo Bruno Serra, é sempre melhor quando o mercado funciona sozinho, mas os volumes vendidos pelo BC nos últimos dias mostram que o BC está atento. Ele acrescentou que se a política econômica “ficar de pé”, o dólar vai perder força, voltando a responder ao diferencial de juros.

Segundo a Integral Group, a postura do BC mudou claramente na semana passada com os leilões extras de swap, que já somaram US$ 3 bilhões. Isso revela que o BC está reticente em dar um aumento de juros ainda maior já que a inflação está vindo de choques de oferta. Mas, a percepção é de que o dólar, a despeito da presença mais forte do BC, ainda tende a seguir pressionado em razão de um cenário fiscal desafiador, inflação ainda elevada e deterioração das expectativas de crescimento. Além disso, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai reduzir os estímulos no fim do ano, o que terá impacto nas moedas emergentes. Embora não se descarte a possibilidade de o dólar voltar a ser negociado acima de R$ 5,50 e busque até R$ 5,55 no curto prazo, operadores avaliam que a atuação do BC quebrou a espiral de desvalorização do Real. Com a autoridade monetária na ponta vendedora, a montagem de posições compradas (que apostam na alta do dólar) se torna muito mais arriscada, o que inibe a especulação e evita que haja uma antecipação da busca por hedge.

A Treviso Corretora afirma que a antecipação da oferta de swaps para overhedge dos bancos, cuja demanda será concentrada no fim do ano, acabou levando parte do mercado a acreditar que o BC estava tentando conter o dólar por causa da inflação. Começou um movimento de especulação para chamar o BC ao mercado. Esses leilões extras quebraram essa dinâmica. Agora, ficou mais desconfortável ficar comprado, porque o BC pode intervir e dar liquidez para atender à demanda por dólares. A taxa de câmbio, no curto prazo, deve oscilar em uma banda entre R$ 5,35 e R$ 5,55. O aumento das remessas típico de fim de ano, aliado ao ruído político e ao cenário externo ainda conturbado, impõem um piso à taxa de câmbio.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou que o câmbio é flutuante e que a instituição intervém quando o mercado está disfuncional. Além da demanda adicional de dólares por questões técnicas, como o overhedge dos bancos (US$ 17,4 bilhões), Campos Neto reconheceu que o mercado preficica incertezas no campo fiscal. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, voltou a dizer que a votação da PEC dos Precatórios será nesta semana, com apreciação pela Comissão especial na terça-feira (19/10) e no plenário na quarta (20/10) ou quinta-feira (21/10). O relator da Medida Provisória do Auxílio Brasil afirmou que o programa terá orçamento de R$ 34,7 bilhões sem essa PEC. Caso a proposta seja aprovada, esse valor sobe para R$ 60 bilhões. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.