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15/Out/2021

Brasil deve ampliar ações ante aquecimento global

O Brasil deve ampliar suas metas de redução das emissões dos gases do efeito estufa e reduzir significativamente o desmatamento ilegal para ser um protagonista relevante nas discussões da próxima Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-26), decisivo encontro climático que a Escócia sediará a partir do dia 31 de outubro. Essas recomendações foram feitas ao governo Jair Bolsonaro pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que reúne representantes do agronegócio, do setor financeiro, da sociedade civil e da ciência do País. Com um PIB fortemente baseado em produtos agropecuários, o Brasil é vulnerável a alterações climáticas. A atual meta de redução de gases-estufa do País é de 43% até 2030 em relação às emissões de 2005. De acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, no entanto, os países precisam ir além. Devem reduzir pelo menos 50% até 2030, se quiserem manter o aumento total da temperatura média do planeta em 1,5ºC, como foi firmado no Acordo de Paris.

Segundo o Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), o planeta está no caminho de ter um aumento médio da temperatura global de 2,5ºC a 3,0ºC até o fim do século, alcançando uma situação indesejável e imprevisível do ponto de vista climático; a geração atual vai entregar um planeta muito instável para seus filhos e netos. Todas as nações do mundo têm que se conscientizar e ampliar suas ambições, sobretudo os maiores emissores (China, Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Brasil). De acordo com o documento, três quartos das emissões do Brasil estão relacionadas ao uso da terra. Do total, 28% são geradas pela agropecuária e 44%, pelo desmatamento. Como 90% do desflorestamento da Amazônia é ilegal, precisa haver um compromisso maior do governo no combate a crimes ambientais. Sobretudo, porque a situação vem se agravando. É isso que indicam dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia, entre agosto de 2020 e julho de 2021, foi de 8,7 mil quilômetros quadrados. Foi o segundo pior resultado em cinco anos. A área desmatada representa praticamente o dobro do registrado de 2016 para 2017 e de 2018 para 2019. O Brasil precisa de metas mais ambiciosas e precisa acelerar esse processo agora, pois 2030 está muito longe. É necessário antecipar essa meta e ter ações mais contundentes, até porque são crimes. É preciso um compromisso maior do governo de combate efetivo ao desmatamento. Além do fim do desmatamento, o documento sugere outras medidas, como o incentivo a ações de restauração de áreas degradadas que sejam consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade, segurança hídrica, mitigação climática, segurança alimentar, além da promoção da bioeconomia. Outra iniciativa importante seria a criação de novas áreas protegidas.

A Coalizão sugere ainda o apoio a populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas. Desfazer as áreas de proteção existentes sinaliza para grileiros que eles podem invadir e desmontar. É preciso manter o que já existe e ampliar. Na Amazônia, 50 milhões de hectares são florestas públicas não destinadas, ou seja, não são parque, não são reserva, não são território indígena, e é nessas áreas que acontece o desmatamento ilegal. O Brasil confirmou no ano passado os 43% como objetivo oficial de redução de emissões até 2030. Até então, o número era só indicativo. Mas, a menção à meta de redução absoluta, em gigatoneladas de carbono, foi retirada. Esse movimento abriu possibilidade ao aumento das emissões. Além disso, as metas do governo não mencionam as ações políticas para atingi-las. Não se fala em combate ao desmatamento ilegal, restauração da mata e reflorestamento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.