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15/Out/2021

Mercado de Carbono: oportunidades para o Brasil

Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil deve ser um dos beneficiários do mercado global de carbono, que está sendo discutido pelo mundo neste momento. O setor agropecuário brasileiro consegue mitigar, neutralizar e estocar carbono em florestas plantadas, com reflorestamento, em lavouras, em sistema radicular das pastagens. Tudo isso precisa de ciência e inovação, mas há expectativa muito boa do Brasil ser um dos beneficiários desse mercado. Entre os possíveis mercados para o carbono brasileiro, destaca-se a China. O país asiático regulamentou o mercado de carbono em julho, inicialmente voltado para energia. A China deve regulamentar o mercado de carbono para outros setores e isso pode ser uma oportunidade para carbono brasileiro. A China é um dos maiores emissores de carbono do mundo; e Brasil e China são grandes parceiros comerciais e complementares. A relação bilateral entre os dois países pode contribuir para intensificação da inovação no agronegócio brasileiro.

A China como maior mercado para o Brasil vai puxar o setor produtivo nacional para se intensificar em inovação e novidades. Pode-se citar a rastreabilidade como uma das tecnologias inovadoras que devem se expandir no curto prazo. A rastreabilidade é um caminho sem volta. É um assunto cada vez mais presente no mercado europeu e a China emula esse mercado. Logo mais, essas exigências estarão para todos os lados. Para o Instituto Insper, a China deve adotar a agenda europeia de proibir importação de commodities ligadas a desmatamento. A sustentabilidade vai entrar fortemente na agricultura chinesa. A China deve comprar a agenda europeia de proibir desmatamento importado. A China já fez isso na sanidade, adotando regras europeias e acredito que vão incorporar essas restrições de uso da terra. A mudança da agenda chinesa deve atingir a soja e a pecuária de corte do Brasil.

No caso da soja, afeta particularmente produção no Cerrado, porque na Amazônia há a moratória e no Cerrado há expansão da soja com desmatamento. Na pecuária de corte, o tema é ainda mais complicado porque trata-se da principal atividade agrícola presente no bioma Amazônia. A adoção de uma agenda sustentável na China exige que o Brasil melhore a relação com o país asiático, que é o maior parceiro comercial, e adote postura de diálogo. É preciso explicar a realidade brasileira, tanto o lado “vilão” como o lado solução. O "lado vilão" é o desmatamento ilegal e o lado da solução é a adoção da agricultura de baixo carbono, de plantio direto e de projetos de integração lavoura-pecuária-floresta. O diálogo entre Brasil e China será mais importante do que nunca. O Brasil precisa mostrar o que está fazendo em sanidade e meio ambiente para eliminar o desmatamento ilegal e para expandir a agricultura sobre pastagens.

O Brasil precisa ampliar o diálogo e fazer a “lição de casa” no combate ao desmatamento ilegal. Sobre o desmatamento ilegal que ocorre no País, o Insper defendeu o combate e a transparência do País nas medidas adotadas. O desmatamento ilegal é um problema do Brasil. Não é problema da China, dos Estados Unidos e nem da Europa. É um problema de implantação do Código Florestal, de regularização fundiária e de falta de fiscalização na Amazônia que precisa ser combatido. O Brasil tem enorme potencial agroambiental e é um dos países que mais pode conciliar expansão agrícola e conservação ambiental. O País não precisa ampliar a agricultura sobre áreas de florestas. A agricultura será ampliada sobre pastagens. O País possui 80 milhões de hectares de terras agrícolas e mais de 160 milhões de hectares de pastos. Destes, 50 milhões podem ser convertidos para agricultura. Neste ano, 3 milhões de hectares foram convertidos de pastos para agricultura.

Ainda segundo o Insper, mesmo que estabeleça a autossuficiência "controlada" como prioridade, a China não vai deixar de olhar para o mercado internacional e importar sempre que necessário. Foi isso que abriu oportunidades para soja, celulose, algodão e mais recentemente para as carnes brasileiras. Mas ainda assim, a China quer ser autossuficiente. Além da autossuficiência, a China está incluindo o componente ambiental dentro da sua política agrícola, somando exigência em sanidade e segurança do alimento. Há poucos anos, a China começou a olhar a sustentabilidade dentro da agricultura. O uso da terra e as tecnologias de baixo carbono entram na pauta da agricultura chinesa. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.