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15/Out/2021

Brasil tem recuperação descompassada com mundo

Baixo crescimento, alta inflação, desemprego elevado e dívida pública acima dos padrões dos emergentes dão ao Brasil uma posição diferenciada entre seus pares, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). A recuperação global continua, mas com impulso menor que o estimado em julho, num ambiente de maior incerteza, afetado pela pandemia e com desempenhos muito desiguais entre países, segundo a Perspectiva Econômica Mundial, principal relatório periódico do FMI. As novas projeções apontam crescimento de 5,9% em 2021 e 4,9% em 2022 para a economia mundial e de 5,2% e 1,5% para a brasileira. O pobre desempenho brasileiro tem muito a ver com o mau uso de recursos públicos, bem exemplificado, nas notícias do dia a dia, pelos escândalos do orçamento secreto e das emendas “cheque em branco”.

A expansão agora projetada para o Brasil, neste ano, é pouco menor que a estimada em julho, de 5,3%. O desempenho calculado para o próximo ano foi revisto de 1,9% para 1,5%. Os novos números são muito parecidos com aqueles mostrados pela pesquisa Focus, conduzida no mercado, semanalmente, pelo Banco Central (BC). Ao comentar a piora das expectativas em relação ao Brasil, o FMI mencionou os efeitos da alta de juros e a revisão, para baixo, do crescimento previsto para os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do País. Mas, essas explicações apenas dão conta de mudanças no curto prazo. As limitações brasileiras são muito mais amplas e mais graves e aparecem há muito tempo nos cálculos dos especialistas.

Baixo crescimento em 2022 e nos anos seguintes apareceria nas projeções, certamente, mesmo sem o aperto monetário promovido pelo Banco Central e sem a perda de impulso, aliás, muito moderada, prevista para a economia norte-americana. Em 2026, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deverá aumentar apenas 2,1%. Taxas maiores são previstas para outros emergentes, incluídos vários países da América Latina. A desvantagem do Brasil em relação a seus pares de vários continentes vem sendo apontada há anos por economistas do FMI e de outras instituições multilaterais. Essa diferença é explicável pelo menor potencial produtivo do Brasil. Esse potencial é severamente limitado pelo baixo investimento em máquinas, equipamentos e obras, pela escassez de inovação, pela insuficiência do avanço tecnológico e pela carência de mão de obra em condições de operar uma economia moderna.

Pouca integração nas cadeias globais de negócios, proteção excessiva, impostos pouco funcionais, entraves burocráticos, orçamentos públicos muito rígidos e desperdício de recursos são componentes desse quadro. Estão previstos para o próximo ano R$ 3,4 bilhões em emendas “cheque em branco” (sem destinação transparente e sem controle institucional). Isso é parte de uma rotina de uso ineficiente, e até desastroso, de dinheiro público. Esse mau uso afeta a qualidade do gasto governamental, limita o investimento produtivo, impede o desenvolvimento social e restringe a modernização e o crescimento da economia. Em países mais bem administrados, o setor público se endivida para financiar o desenvolvimento.

No Brasil, a maior parte da dívida pública tem origens menos nobres. É preciso considerar a qualidade do gasto oficial para avaliar com realismo a diferença entre a dívida pública do Brasil e a dos demais emergentes. No Brasil, a dívida do governo geral deve passar de 90,6% do PIB em 2021 para 92,4% em 2026. Na média dos países emergentes e de renda média a trajetória deve ser de 64,3% para 69,8%. Na média dos latino-americanos, o aumento será de 73% para 73,2%. A economia brasileira tem piorado e a deterioração acelerou-se a partir de 2019. O desemprego é um dos componentes mais visíveis dessa piora. Em 2022, 13,1% dos trabalhadores brasileiros estarão desocupados. O número é pouco menor que o da projeção anterior, 13,2%, mas, se confirmado, garantirá o “gran finale” do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.