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08/Out/2021

Dólar em alta limitada pela cautela de investidor

A cautela deu o tom aos negócios no mercado de câmbio doméstico nesta quinta-feira (07/10). Durante a manhã, o dólar correu entre mínima a R$ 5,47 e máxima a R$ 5,52. Mas, durante a tarde, a moeda norte-americana apresentou oscilações modestas, flutuando levemente abaixo de R$ 5,50. Com uma aceleração dos ganhos na reta final do pregão, acabou fechado em alta de 0,57%, a R$ 5,51. Operadores destacam que a liquidez foi reduzida, com investidores evitando montagem de posições mais contundentes diante da agenda carregada desta sexta-feira (08/10). No mercado futuro, o giro com dólar para novembro, principal termômetro do apetite por negócios, foi fraco, na casa de US$ 11 bilhões. Os rumores que circularam sobre uma atuação mais forte do Banco Central no câmbio a partir desta quinta-feira (07/10) não se confirmaram. A autoridade monetária anunciou, na noite de quarta-feira (06/10), apenas o início da rolagem de swaps cambiais que vendem em janeiro.

Com isso, esta quinta-feira (07/10) foi de ajuste de posições, em meio à expectativa para a divulgação do relatório de emprego (payroll) nos Estados Unidos, que pode ratificar a aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai anunciar a redução da compra mensal de bônus já em novembro. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta sexta-feira (08/10) o IPCA de setembro, diante de um quadro de escalada inflacionária que assusta os investidores. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) trabalhava perto da estabilidade, mas em níveis elevados, na casa dos 94,200 pontos. As taxas dos Treasuries subiam e as Bolsas em Nova York apresentavam ganhos firmes, na esteira do acordo em torno do teto da dívida nos Estados Unidos. Entre as divisas emergentes, o Real e o peso mexicano amargaram as piores performances.

Depois de dados fortes da abertura de vagas no setor privado norte-americano na pesquisa ADP de quarta-feira (06/10), números de auxílio-desemprego nos Estados Unidos divulgados nesta quinta-feira (07/10) vieram acima do esperado. Houve queda de 38 mil nos pedidos na semana encerrada em 2 de outubro, para 326 mil, inferior a expectativa dos analistas, de 345 mil. O Banco Ourinvest avalia que a principal pressão sobre a taxa de câmbio vem do exterior, diante da expectativa pelo 'tapering', em meio a indicadores positivos da economia norte-americana. Isso tem se refletido nas taxas dos Treasuries, o que impacta em cheio as moedas emergentes. O tema orçamentário nos Estados Unidos pesa pouco, mas, de qualquer forma, aumenta a volatilidade. No Brasil, a apresentação do substitutivo da PEC dos Precatórios, cuja votação em comissão especial na Câmara foi adiada para o dia 19 de outubro, veio em linha com o esperado e não chegou a ter peso decisivo nos negócios.

O texto do relator da PEC, deputado Hugo Mota (Republicanos-PB) prevê, como acordado com a equipe econômica, que haverá um limite para pagamento das despesas com dívidas judiciais com base no valor desembolsado em 2016, com correção pela inflação. Isso abre um espaço de R$ 51 bilhões no teto de gastos em 2022. O parecer também prevê "encontro de contas" via quitação de débitos de débitos parcelas ou inscritos da dívida ativa do ente da federação. O desenlace da PEC dos Precatórios e a aprovação da reforma do Imposto de Renda no Senado são fundamentais para que haja uma definição sobre o valor do Auxílio Brasil, o programa social que substituirá o Bolsa Família. Nos bastidores, há também negociações para prorrogação do auxílio emergencial. A avaliação nas mesas de operação é de que as indefinições no campo fiscal, aliadas ao ambiente de inflação elevada e indicadores fracos de atividade, jogam contra o Real, que não deve encontrar espaço para uma melhora significativa em um momento de menor liquidez no mundo.

Para a Ourominas, a taxa de câmbio mudou de patamar e deve operar em uma faixa entre R$ 5,45 e R$ 5,55 daqui para frente. O dólar não deve voltar para o nível de R$ 5,30. A cautela é muito grande com essa expectativa de retirada de estímulos nos Estados Unidos, além dos números ruins da economia brasileira. O desgaste adicional do ministro da Economia, Paulo Guedes, após a revelação de que ele tem conta offshore em um paraíso fiscal, aumenta o desconforto dos investidores. O Banco Ourinvest ressalta que o "pano de fundo do Brasil" segue muito ruim. Após a decepção com os dados das vendas no varejo em agosto, divulgados na quarta-feira (07/10), pode haver novas revisões para baixo nas expectativas para o crescimento do PIB. Tudo isso em um cenário de pressão inflacionária e ambiente político pouco propício para evolução de reformas. O resultado é um dólar acima de R$ 5,50. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.