08/Out/2021

Os Fundos de Investimento do Agronegócio (Fiagros) permitirão que o agronegócio brasileiro ganhe representatividade no mercado de capitais. Apesar de o setor representar 26,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (dado de 2020), as empresas do segmento listadas na B3 representam menos de 2,64% do valor de mercado de todas as empresas listadas na B3, com R$ 140 bilhões. Até então, a presença do agro no mercado de capitais se dava pela presença na bolsa. A forma com que o agro vai ganhar representatividade no mercado de capitais é pelo Fiagro.

Os Fiagros têm características muito parecidas com os FII (Fundos de Investimentos Imobiliários), como isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos, IR de 20% sobre o ganho de capital e possibilidade de investimento por investidores em geral. Por ser disponível para investidores em geral, o Fiagro deve deslanchar. Um dos tipos de Fiagro que deverá ganhar força rapidamente são os Fiagros de Dívida, ou seja, que investem em títulos de dívida do setor, principalmente os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). As emissões de CRAs já vinham crescendo de forma expressiva nos últimos anos.

A participação dos CRAs no estoque de CRIs (Certificados Imobiliários) e CRAs saiu de 9% do total em 2015 para 38% em 2020, de R$ 6 bilhões em 2015 para R$ 48 bilhões no ano passado. Outra categoria de Fiagro com perspectiva de crescimento será a de Fiagros de equity, de investimento em terras. Neste caso, uma das possibilidades será o investimento do fundo em propriedades que poderão ser arrendadas tanto para o ex-proprietário ou para terceiros. Os Fiagros de equity ajudarão os produtores a elevar produtividade, ao utilizar os recursos de venda de uma parte da terra para investir.

Para mostrar o potencial de crescimento dos Fiagros, pode-se comparar com o mercado de Fundos Imobiliários (FII), similares ao Fiagro, que cresceram 70% ao ano nos últimos 5 anos. O número de FIIs saiu de 156 em 2017 para 368 em 2021, enquanto o valor de mercado de fundos desta categoria, de R$ 37,9 bilhões, atingiu R$ 136 bilhões neste ano. O mercado de gestoras já está preparado para fazer emissões de Fiagros no curto prazo, com ao menos 12 gestoras com investimentos no agronegócio e conhecimento do setor, além de outras 44 do segmento de crédito privado e 17 de FIIs.

O Brasil já tem 78 gestoras capacitadas para desenvolver Fiagros nos próximos 12 meses. Desde julho, quando os Fiagros foram regulamentados, 11 ofertas de fundos do tipo já foram protocoladas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), somando R$ 3,32 bilhões. O mercado de Fiagros deve fechar 2021 com ofertas somando cerca de R$ 3 bilhões e, a partir do ano que vem, passar por crescimento expressivo: R$ 14,8 bilhões em 2022, R$ 25,4 bilhões em 2023, R$ 43,7 bilhões em 2024 e R$ 75 bilhões em 2025. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.