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08/Out/2021

Alta de preços internacionais favorece exportação

Favorecido pela alta dos preços internacionais, o Brasil acumulou superávit comercial de US$ 56,4 bilhões de janeiro a setembro, valor 38,3% maior que o obtido nos nove meses correspondentes de 2020. As exportações totalizaram US$ 213,2 bilhões, superando por 36,9% a receita de um ano antes. A despesa com importações cresceu 36,4% e chegou a US$ 156,8 bilhões. Os índices de preços aumentaram 28,9% nas vendas e 9,5% nas compras. Os dois movimentos tiveram reflexos na inflação interna, complicando a vida das famílias, principalmente das mais pobres, as mais afetadas pela piora do mercado de trabalho e mais dependentes da escassa ajuda governamental. A alta das cotações internacionais alterou tanto os custos de produção, afetados pelo encarecimento das matérias-primas e dos bens intermediários, quanto os preços pagos no varejo pelos consumidores. Nem todo aumento de custos foi repassado aos compradores finais, mas os danos causados até agora estão muito claros nos índices de inflação e na piora das condições de vida.

Todos os grandes setores da exportação dependeram principalmente dos preços para aumentar o faturamento no comércio exterior. No ano, o volume exportado pela agropecuária foi 8,7% menor que o de janeiro a setembro de 2020, mas as cotações foram 23,7% mais altas. O caso mais notável foi o das indústrias extrativas, com ganho de 2,2% no índice de quantidade e de 70,5% no de preços. A indústria de transformação exportou 9% em volume e obteve preços 15% maiores. No conjunto, o volume exportado cresceu 4,7%, enquanto os produtos encareceram 28,9%. Do lado das importações, os indicadores de volumes e preços tiveram os seguintes aumentos de um ano para outro: nas indústrias extrativas, variação de 29,1% na quantidade e de 14,1% no custo; nas indústrias de transformação, altas de 26,6% e 9%; na agropecuária, elevações de 3,8% e 21,2%; no total, acréscimos de 26,5% e 9,5%. A Ásia se manteve como o destino regional mais importante para as exportações brasileiras e proporcionou 48,3% da receita.

China, Hong Kong e Macau importaram produtos no valor de US$ 73,2 bilhões, 34,3% das vendas do Brasil. A Europa absorveu 17,3% das vendas brasileiras (US$ 37 bilhões), continuando em segundo lugar. Com 14% das compras, a América do Norte continuou em segundo lugar, em posição sustentada pelos US$ 22,3 bilhões importados pelos Estados Unidos, segundo maior na lista dos países clientes. O terceiro lugar entre os países foi novamente ocupado pela Argentina, compradora de US$ 8,7 bilhões. Cada um com suas características, todos os parceiros são importantes e a diplomacia econômica tem de ser competente para entender suas peculiaridades, suas demandas e seus interesses legítimos, mas houve falhas muito perigosas, nesse trabalho, desde o começo de 2019. Incidentes com a China, mal-entendidos com países muçulmanos e tensões com os europeus marcaram o período bolsonarista, pondo em risco operações no valor de dezenas de bilhões de dólares.

Com a substituição de Donald Trump por Joe Biden no governo dos Estados Unidos, a política antiecológica promovida pelo presidente Jair Bolsonaro passou a pesar também no relacionamento com os Estados Unidos. O risco de erros ambientais é especialmente preocupante no Brasil, porque parte dos empresários do agronegócio apoia as atitudes do presidente, embora ele nada tenha feito pela modernização e pelo crescimento do setor, alcançados graças a políticas de governos anteriores. Mesmo em relação ao Mercosul houve erros diplomáticos importantes, com destaque, nesse caso, para atitudes e declarações desastradas do ministro da Economia, Paulo Guedes. A troca na chefia do Ministério de Relações Exteriores tem permitido um entendimento melhor com vários parceiros. Não se deve, no entanto, menosprezar o risco de novos erros, num governo chefiado pelo presidente Bolsonaro e sujeito a intervenções inoportunas de seus filhos, tão despreparados quanto o pai e igualmente dispostos a dar péssimos palpites em todos os setores da administração pública. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.