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07/Out/2021

Dólar segue firme e ultrapassa o nível de R$ 5,50

Após uma escalada pela manhã e no início da tarde desta quarta-feira (06/10), quando não apenas furou o teto de R$ 5,50 como tocou o patamar de R$ 5,53, o dólar perdeu força nas últimas horas de negócios e acabou encerrando a sessão praticamente estável, a R$ 5,48. A desaceleração dos ganhos da moeda norte-americana no Brasil foi concomitante à melhora do apetite ao risco no exterior, com virada das bolsas em Nova York para o campo positivo, após sinais de acordo provisório entre Republicanos e Democratas para elevação do teto da dívida nos Estados Unidos. Entre as divisas emergentes, o peso mexicano e o rand sul-africano, considerados os principais pares do Real, também zeraram as perdas em relação ao dólar. Também teria contribuído para a reação do Real o aumento de rumores nas mesas de operação de que o Banco Central poderia, a partir desta quinta-feira (07/10), aumentar as intervenções no mercado de câmbio, com ampliação da oferta de swaps cambiais e até realização de leilões de venda de dólares à vista.

Isso teria levado à realização de lucros e desmonte parcial de operações especulativas com dólar futuro. O Banco Central vendeu os lotes integrais de swaps cambiais extras ligados ao overhedge dos bancos (US$ 700 milhões) e de swaps para rolagem (US$ 846,5 milhões), o que proporcionou alívio momentâneo na taxa de câmbio. Havia relatos também de entrada de recursos por parte de exportadores e expectativa em relação a eventual nova intervenção do Banco Central. Logo em seguida, porém, o dólar voltou a ganhar força e ultrapassou a casa de R$ 5,50, correndo até a máxima de R$ 5,53, momento em que o Real apresentava o pior desempenho entre as divisas emergentes. Com a melhora nas duas últimas horas do pregão, quando registrou a mínima do dia (R$ 5,47), o dólar fechou a R$ 5,48 (+0,02%). Apesar de terminar praticamente estável, a moeda norte-americana já acumula valorização de 2,18% nesta semana.

A Veedha Investimentos observa que a dinâmica do dólar esteve muito ligada ao ambiente externo, com prevalência do sentimento de aversão ao risco na maior parte da quarta-feira (06/10), em meio ao impasse do teto da dívida norte-americana e às vésperas da retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos. À tarde teve uma descompressão do dólar no exterior, com possibilidade de acordo para elevarem o teto da dívida nos Estados Unidos até o fim do ano. Ressalta-se que os problemas fiscais domésticos ainda deixam os investidores locais na defensiva. A probabilidade de extensão do auxílio emergencial (ligado à pandemia do coronavírus) e a dificuldade na aprovação da Reforma do Imposto de Renda, essencial para o Auxílio Brasil, aumentaram o desconforto dos investidores. Também pesa no humor do mercado a proposta do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tentar diminuir os preços de combustíveis.

O pano de fundo é ruim com pendências relacionadas ao Orçamento de 2022, o que mantém a percepção de risco elevada. Com o dólar superando R$ 5,50 e toda a pressão na taxa de câmbio é comum que haja especulação de intervenção maior do Banco Central no câmbio. Mas, não há nada de concreto, apenas rumores que circularam no mercado. Além dos problemas fiscais, há temores de que o Brasil caminhe para um cenário de 'estagflação", dada a deterioração das expectativas inflacionárias e os indicadores ruins de atividade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que as vendas no varejo caíram 3,1% em agosto ante julho (com ajuste sazonal), abaixo do piso das estimativas dos analistas, que tinha intervalo entre queda de 1,4% e alta de 2,4% (mediana de +0,6%). Para a Correparti Corretora, sinais de piora da economia brasileira como a queda nas vendas do varejo, aliados à perspectiva de redução iminente de estímulos monetários nos Estados Unidos, aumentam a demanda por dólares. O dólar está claramente está buscando um novo patamar e deve trabalhar nos próximos dias e meses numa faixa entre R$ 5,45 e R$ 5,55.

A melhora no exterior e os rumores de aumento das intervenções do Banco Central explicam a perda de fôlego do dólar no fim do dia. Os dados fortes de emprego nos Estados Unidos revelados pela pesquisa ADP aumentam a expectativa para a divulgação do relatório de emprego (payroll) na sexta-feira (08/10), indicador fundamental para sacramentar a previsão de que o Federal Reserve inicie o "tapering" já em novembro. Segundo pesquisa da ADP, o setor privado dos Estados Unidos gerou 568 mil empregos em setembro, acima das expectativas (425 mil). Houve, porém, revisão para baixo do resultado de agosto, de 374 mil para 340 mil. No exterior, o índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes) operou em alta durante todo o dia, acima dos 94 mil pontos. A moeda norte-americana também ganhou força em bloco frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, à exceção do real, do peso mexicano e do rand sul-africano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.