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06/Out/2021

Dólar sobe com exterior e desafios fiscais internos

O dólar subiu nesta terça-feira (05/10) e atingiu o patamar R$ 5,48 escorado em dois pilares: o impasse nas pautas econômicas no Congresso, sobretudo em torno das fontes de financiamento para o Auxílio Brasil (programa social do presidente Jair Bolsonaro), e o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior, em dia marcado por nova rodada de alta das taxas dos Treasuries. Afora uma queda pontual pela manhã, quando registrou a mínima de R$ 5,42, o dólar trabalhou em terreno positivo ao longo de todo pregão. Com máxima a R$ 5,48 (+0,76), já na reta final dos negócios, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,71%, a R$ 5,48, maior valor de fechamento desde 23 de abril (R$ 5,49). Vale ressaltar que o giro nos contratos de dólar futuro para novembro, principal termômetro do apetite por negócios, era reduzido (na casa de US$ 10,8 bilhões).

A máxima veio em meio a declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que colocam em xeque o andamento de pautas caras ao Planalto no Congresso. Em dia de entrega do parecer da PEC da Reforma Tributária (que trata da unificação de tributos), Rodrigo Pacheco afirmou que o projeto do Imposto de Renda pode até ser apreciado pelo Senado, mas que é preciso exaurir todas as possibilidades de fontes de financiamento para o Auxílio Brasil, citando o Refis, repatriação de recursos e arrecadação com atualização de valor de ativos. Para Pacheco, não é recomendável apostar todas as fichas na reforma do IR para bancar o programa social que vai substituir o Bolsa Família. Ele também disse que está sendo debatida a prorrogação do auxílio emergencial, adotado para lidar com a perda de renda das famílias por conta da pandemia do novo coronavírus.

Em relação ao parecer da reforma tributária apresentado nesta terça-feira (05/10), Rodrigo Pacheco evitou se comprometer com prazos. Na avaliação da Integral Group, é grande no mercado a preocupação com as contas públicas e a ameaça à âncora fiscal do País justamente em meio a uma escalada inflacionária provocada por choques de oferta (como a crise hídrica) e que não será combatida com uma aceleração do ritmo de alta da taxa Selic. Chama a atenção o impasse em torno da questão dos precatórios e da reforma do Imposto de Renda, que é considerada claramente populista e ruim para o crescimento potencial. O mercado está com uma cautela muito grande em relação ao Brasil. As bolsas no exterior estão se recuperando e o Brasil está estagnado, com o dólar subindo.

O cenário é muito desafiador para o fim do ano e começo do ano que vem. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) provavelmente vai iniciar o processo de redução de estímulos em novembro e dezembro, o que afeta o dólar e impacta no Brasil. O impasse dos precatórios alimenta ideias “mirabolantes” em Brasília, como a possibilidade de abertura de crédito extraordinário (o que aumenta o endividamento da União) ou até mesmo o uso das reservas internacionais para quitar as dívidas judiciais. Segundo a JF Trust, aumenta a percepção de que a cobertura do Auxílio Brasil não será atingida, dada a falta de perspectiva de aprovação da reforma do IR no Senado. O governo precisaria de quase R$ 30 bilhões, em particular dos dividendos (referência à tributação de lucros e dividendos).

Não haverá contribuição fiscal para desacelerar a inflação, e a inércia inflacionaria aumentou e não está estabilizada. O governo dá sinais de subsídios ou escalonamento de reajustes de preços administrados. Além disso, os "jabutis" incluídos MP da crise hídrica (com custos estimados em R$ 46,5 bilhões bancos por consumidores) podem agravar o quadro inflacionário. O contexto fiscal negativo dá rigidez ao câmbio doméstico na faixa de R$ 5,40. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) avançava 0,23%, perto do limiar dos 94 pontos. Em relação às divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar subia em relação ao peso mexicano, colombiano e a lira turca, mas recuava ante o rand sul-africano e o rublo, este apoiado por mais uma rodada de alta do petróleo.

Entre os indicadores norte-americanos, destaque para PMI de Serviços (medido pelo ISM), que subiu de 61,7 em agosto para 61,9 em setembro, acima da expectativa do mercado, de 60. O déficit comercial dos Estados Unidos atingiu US$ 73,3 bilhões em agosto, também acima do esperado (US$ 70,3 bilhões), com grande avanço das importações, reflexo do ímpeto da economia norte-americana. O presidente do Federal Reserve de Chicago afirmou estar "confortável" em pensar que a inflação, por conta sobretudo dos gargalos de oferta vai diminuir, mas isso pode demorar um pouco mais do que se esperava. Na avaliação dele, o início da redução mensal da compra de bônus ('tapering) pode vir em breve. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.