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04/Out/2021

Dólar acumula altas em setembro e no ano de 2021

Após fechar setembro com valorização de 5,30% e flertar com o patamar de R$ 5,45, o dólar iniciou o mês outubro em terreno negativo, interrompendo uma sequência de sete pregões seguidos de alta. Nas mesas de operação, o diagnóstico é que o ambiente externo benigno, marcado por avanço dos mercados acionários e enfraquecimento global da moeda norte-americana, abriu espaço para uma correção na taxa de câmbio, embora o clima ainda seja de cautela por causa da questão fiscal doméstica. Muito castigado nos momentos de maior aversão ao risco, o Real liderou os ganhos entre emergentes na sexta-feira (1º/10). Esse desempenho se deve em parte ao menor apetite para especular contra a moeda brasileira, dada a percepção de que o Banco Central está mais vigilante, depois da intervenção de quinta-feira (30/09) com a oferta de swaps cambiais. O recado parece ser de que, caso não haja vendedor de dólares no mercado e a moeda norte-americana entre em um movimento unidirecional, o Banco Central vai intervir.

Embora a autoridade monetária diga que atua para evitar disfuncionalidades e não para defender determinado patamar para a taxa de câmbio, comenta-se nas mesas de operação que, dado o nível das expectativas inflacionárias, o Banco Central vai tentar conter qualquer movimento maior de depreciação do Real. Em queda já no início da sessão de sexta-feira (1º/10), o dólar aprofundou o movimento de baixa ao longo da tarde, em meio à aceleração das Bolsas em Nova York, que foi acompanhada pelo Ibovespa. Com mínima a R$ 5,35 (-1,70%), a moeda norte-americana fechou em queda de 1,42%, a R$ 5,36. Apesar do tombo, o dólar ainda encerrou a semana passada em leve alta (+0,47%). Para a Fair Corretora, o Banco Central deveria ser mais atuante e dar uma referência de taxa de câmbio ao mercado. Quando o Banco Central atua, o mercado fica mais cauteloso. Se o dólar se aproxima do nível em que o Banco Central costuma entrar, já aparece vendedor e o exportador vem para o mercado, sabendo que não vai conseguir uma taxa mais alta.

Mas, a queda da moeda norte-americana na sexta-feira (1º/10) foi um movimento natural de correção e não pode ser interpretado como um sinal de nova rodada de apreciação do Real. Nenhum dos problemas fiscais do Brasil foi resolvido e o cenário externo está bem mais complicado, com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) perto de retirar os estímulos e a crise energética na China. No exterior, o mercado celebrou a notícia do desenvolvimento de um medicamento capaz de reduzir significativamente os riscos de hospitalização e morte pela Covid-19, o que diminui os temores de novas variantes do coronavírus possam levar a eventuais lockdowns e agravar a disrupção nas cadeias globais, insuflando ainda mais a inflação. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes) trabalhou a maior parte da sexta-feira (1º/10) em queda de cerca de 0,20%, no limiar dos 94 pontos.

No Brasil, o mercado monitora as negociações para possível prorrogação do auxílio emergencial e a tramitação da PEC dos Precatórios e da reforma do Imposto de Renda, ambos tidos como essenciais para a criação do Auxílio Brasil, a versão ampliada do Bolsa Família. O ministro da Economia, Paulo Guedes, cometeu um ato falho ao dizer que o ministro da Cidadania, João Roma, iria estender o auxílio emergencial. Diante da repercussão no mercado financeiro, Paulo Guedes afirmou que havia trocado, sem intenção, o Auxílio Brasil (que precisa ser abrigado no teto dos gastos) por auxílio emergencial (que pode ser financiado por crédito suplementar e, portanto, fora do teto). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que vai fazer levar a taxa Selic até o nível necessário para atingir a meta de inflação. Segundo Campos Neto, o volume de precatórios de 2022 tirou espaço de manobra do orçamento de 2022 e muitas perguntas sobre programa social ainda não foram respondidas, o que provoca apreensão.

Para o Banco Ourinvest, o mercado segue muito preocupado com as questões fiscais internas, o que torna difícil ver uma tendência de valorização da moeda brasileira. A queda do dólar na sexta-feira (1º/10) esteve mais ligada ao cenário esterno. Os juros dos Treasuries caíram e isso acaba impactando muito nas moedas emergentes. O Real teve o melhor desempenho na sexta-feira (1º/10) entre os emergentes por uma questão técnica, já que havia sofrido mais que as demais divisas nos últimos dias. O Bradesco revisou a estimativa para taxa de câmbio para o fim deste ano (de R$ 5,00 para R$ 5,15) e de 2022 (de R$ 5,50 para R$ 5,60). Na avaliação do banco, embora a alta da taxa Selic venha contendo os fluxos de saída de dólares, a queda dos termos de troca (na esteira de desaceleração da China), a retirada de estímulos monetários nos países desenvolvidos joga contra o Real. O valor justo da moeda brasileira, segundo o Bradesco, segue abaixo de R$ 5,00, mas o recuo do dólar depende da resolução dos problemas fiscais e redução da inflação. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.