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01/Out/2021

Dólar sobe com temor fiscal e PEC dos Precatórios

Após um início de sessão muita volatilidade nesta quinta-feira (30/09), fruto da disputa pela formação da última taxa Ptax de setembro, o dólar se firmou em alta ao longo da tarde, refletindo, sobretudo, os temores relacionados à política fiscal, em meio ao debate em torno da prorrogação do auxílio emergencial e da tramitação da PEC dos Precatórios. No pior momento, o dólar chegou a tocar na casa de R$ 5,47 (+0,84%). A piora coincidiu com informações de que uma ala do governo defende a inclusão da prorrogação do auxílio emergencial na PEC dos Precatórios, ideia que encontraria resistências no Ministério da Economia. Se não for incluída na PEC, a extensão do auxílio emergencial, adotado para lidar com os efeitos da pandemia de Covid-19, pode ser feita por crédito suplementar (fora do teto de gastos). O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, afirmou que não assinaria qualquer medida relacionada à prorrogação do auxílio emergencial.

Funchal adotou um tom pessimista e disse que há muitas pressões políticas para aumentar o gasto público. A escalada do dólar só diminuiu após intervenção inesperada do Banco Central com a oferta de até 10 mil contratos (US$ 500 milhões) de swaps cambiais, absorvida integralmente pelo mercado. Na prática, o Banco Central injetou dinheiro no sistema com uma operação equivalente a venda de dólar futuro. Foi a primeira intervenção "surpresa do Banco Central" desde 8 de julho, quando o dólar bateu R$ 5,30. Naquela época, o Banco Central também ofertou também US$ 500 milhões. Com o arrefecimento do ímpeto altista após a atuação da autoridade monetária, o dólar fechou a R$ 5,44, em alta de 0,29%. Foi o sétimo pregão seguido de ganhos da moeda norte-americana, que encerrou setembro com valorização de 5,30%, resultado só inferior ao mês de janeiro, quando subiu 5,51%.

Em apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao comentar a oferta de swaps para lidar com o overhedge dos bancos (até US$ 1,4 bilhão por semana), havia repetido que o câmbio e flutuante e as atuações do Banco Central são para evitar disfuncionalidades no mercado. No caso do overhedge, ele afirmou que é importante atuar, porque se trata de um fluxo bastante grande, em um ano com muita incerteza. Segundo operadores, a virada do mês, com rolagem das posições no mercado futuro, tende a provocar solavancos no mercado e contaminar a formação da taxa à vista. Nas mesas de operação comenta-se, contudo, que uma ala do mercado quer esticar a corda para estimular uma atuação mais forte do Banco Central. De acordo com a Treviso Corretora, o Banco Central tentou se adiantar à pressão de fim de ano do overhedge já oferecendo swap, mas acabou piorando a situação, porque deixou o mercado com a impressão de quer é diminuir a fricção no dólar porque está atrás da curva na condução da política monetária.

Na avaliação da Inversa, não havia disfuncionalidade do mercado nem restrição de liquidez que justificasse uma intervenção do Banco Central nesta quinta-feira (30/09). A impressão é de que o Banco central está querendo “forçar a barra” e segurar o câmbio para tentar de alguma forma conter a inflação e não subir tanto os juros. Destaca-se o volume de intervenções do Banco Central no câmbio, com os leilões de rolagem de swap, leilões para o overhedge e intervenções extras não programadas O problema é que isso não funciona e mostra fraqueza do Banco Central. A corretora Correparti observa que o Banco Central precisava atuar para evitar uma alta mais acentuada da moeda norte-americana. Além das questões domésticas, apesar do dólar ter perdido força entre a maioria das divisas emergentes nesta quinta-feira (30/09), a tendência é de valorização da moeda norte-americana no exterior por conta da perspectiva redução da liquidez por conta do início da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos.

O mercado se antecipa ao encurtamento da liquidez por conta do 'tapering', e ainda pelo aperto monetário via elevação dos juros em 2022. Neste caso, o dólar vai continuar valorizando. Chama a atenção as declarações mais duras do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. Em fala no Congresso dos Estados Unidos nesta quinta-feira (30/09), Powell afirmou que o quadro inflacionário é frustrante, diante de gargalos na cadeia de produção que perduram e parecem piorar. Isso deve levar a inflação a ficar mais elevada por mais tempo do que o esperado anteriormente. Ele espera algum alívio apenas no primeiro semestre de 2022. O índice DXY (que mede a variação do dólar frente a seis divisas fortes) chegou a operar em alta, na esteira do discurso de Powell, mas depois arrefeceu e passou a trabalhar entre estabilidade e leve queda.

É preciso ressaltar, contudo, que o índice vem de uma sequência relevante de alta e já está na casa dos 94 pontos. Nesta quinta-feira (30/09), foi divulgado que o PIB anualizado dos Estados Unidos cresceu 6,7% no segundo trimestre, um pouco acima das previsões (6,6%). O índice PCE avançou 6,5% no período (alta de 6,1% do núcleo). A nota negativa para a economia norte-americana foi a alta de 11 mil nos pedidos semanais de auxílio desemprego, para 362 mil (ante projeção de 335 mil). Em sua fala, Powell também afirmou que os Estados Unidos estão em uma situação muito complicada, já que a inflação está em níveis elevados, enquanto o emprego permanece longe do patamar ideal. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.