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01/Out/2021

Celulose: produção deve crescer nos próximos anos

Mudanças no perfil do consumidor, principalmente após a pandemia, têm impulsionado o aumento da demanda por celulose no Brasil, e a expectativa é que a capacidade produtiva do setor cresça 19% até 2025, alcançando mais de 40 milhões de toneladas, segundo levantamento da Valmet, empresa que desenvolve tecnologias para os segmentos de celulose, papel e energia. O estudo diz ainda que o Brasil será protagonista de uma nova etapa da indústria, que contará com a difusão de novas e sustentáveis soluções, que transformarão as plantas em biorrefinarias, capazes de produzir fibra, papel, energia, fio de tecidos, metanol, ácido sulfúrico, lignina e outros produtos bioquímicos. A pandemia, principal barreira para outros setores, ajudou a impulsionar ainda mais a demanda por produtos provenientes da celulose, como papéis tissue (papel higiênico, lenços e toalhas de papel) e cartão (embalagens de alimentos).

Mesmo com a transformação tecnológica em setores que tradicionalmente utilizam grandes quantidades de papel, como escritórios e indústrias gráficas, o segmento de celulose no Brasil tem registrado um grande aumento da capacidade produtiva na última década e buscado se adequar às constantes mudanças no consumo de papel. Em uma sociedade cada vez mais urbana, houve o crescimento do material tissue, como lenços descartáveis, papel-toalha e papel de embalagem. O comércio eletrônico e os aplicativos de comida nunca consumiram tanto papel, e a falta de matéria-prima foi sentida nos primeiros meses da pandemia, com uma demanda nunca antes vista, desencadeada pelas medidas protetivas, entre elas os protocolos de higienização, necessidade de redução de circulação de pessoas e o pelo isolamento social. O Brasil é o segundo maior produtor de celulose no mundo e o maior exportador. Segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), no primeiro semestre deste ano, a produção de celulose chegou a 11,1 milhões de toneladas, avanço de 8,5%.

No segmento de papel, o papel cartão, comumente utilizado em embalagens para entrega via delivery ou embalagens de papel para alimentos e de remédios, cresceu 11,2%. A produção de carvão vegetal encerrou o semestre em 1,7 milhão de toneladas, aumento de 11,3% em relação ao mesmo período de 2020. No primeiro semestre, o volume de vendas domésticas de papel foi de 2,7 milhões de toneladas, com avanço de 11,4%. Ainda de acordo com o Ibá, as exportações de celulose entre janeiro e junho de 2021 somaram 7,8 milhões de toneladas. O papel totalizou 960 mil de toneladas comercializadas com outros países no mesmo período. A Valmet afirma que o Brasil se destaca entre os seus pares mundiais em função do solo, com florestas mais produtivas. O eucalipto, por exemplo, leva de 5 a 7 anos para estar pronto para o corte. Esse tempo é duas, três vezes menor que em outros países e isso é fundamental, já que as despesas de produção com matéria-prima representam de 60% a 70% dos gastos da indústria. Além disso, a área de plantio do eucalipto no Brasil não concorre com locais utilizados para a produção de alimentos, problema vivenciado pelos principais concorrentes.

O preço da polpa é mais baixo que na região escandinava, na Europa e nos Estados Unidos, então, os clientes do Brasil têm maiores lucros nas negociações. Para acompanhar o movimento favorável do mercado, os principais fabricantes de celulose e papel com instalações em solo brasileiro (CMPC, Klabin, Bracell, LD Celulose, Suzano e Eldorado) têm investido em projetos de expansão e modernização de suas plantas. Assim, a expectativa é que, com grandes projetos no Brasil, a América do Sul aumente a sua capacidade produtiva em 35% até 2030. A Suzano, fabricante de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, vai construir uma nova fábrica com capacidade para produzir 2,3 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano. A unidade, em Ribas do Rio Pardo, em Campo Grande (MS), deve iniciar a produção até o fim do primeiro trimestre de 2024. O projeto prevê o investimento industrial de R$ 14,7 bilhões. O Projeto Cerrado, como foi batizado, amplia em aproximadamente 20% a atual capacidade de produção de celulose da Suzano, de 10,9 milhões de toneladas

Além do aumento na capacidade produtiva, o Brasil também será protagonista de uma nova etapa da indústria de celulose, que contará com a difusão de produtos novos e sustentáveis. O Brasil será pioneiro na produção de fibra, papel tissue, embalagem e na substituição de produtos com matéria-prima renovável, substituindo plástico e outros produtos desalinhados com o conceito 'environmental friendly' por fibra de celulose a partir da nanotecnologia. A celulose é uma molécula flexível e pode ser utilizada em uma infinidade de aplicações. Pelo protagonismo, o País será fundamental nessa nova etapa do mercado, como nos avanços da Klabin na extração e refinação de lignina e na microfibra de celulose. O que hoje é uma fábrica de celulose, poderá ser em futuro bem próximo uma biorrefinaria, com florestas certificadas como fonte de matéria-prima, produzindo fibra, papel, energia, fio de tecidos, metanol, ácido sulfúrico, lignina e outros produtos bioquímicos essenciais para a vida humana, com baixo impacto ambiental, através de processos sustentáveis e tecnologia de ponta. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.