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01/Out/2021

Desemprego: taxa em queda no trimestre até julho

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta-feira (30/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Brasil ficou em 13,7% no trimestre encerrado em julho. Em igual período de 2020, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 13,8%. No segundo trimestre, a taxa de desocupação estava em 14,1%. A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.508,00 no trimestre encerrado em julho. O resultado representa queda de 8,8% em relação a igual período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 218 bilhões no trimestre até julho, recuo de 1,0% ante igual período do ano anterior. O País tinha 89,042 milhões de trabalhadores ocupados, entre formais e informais, no trimestre encerrado em julho.

A população ocupada aumentou em 3,6% em um trimestre, o que indica a abertura de 3,102 milhões de postos de trabalho, entre formais e informais, na comparação com o trimestre móvel encerrado em abril. Em relação a um ano antes, o total de ocupados cresceu 8,6%, indicando a criação de 7,014 milhões de postos de trabalho, entre formais e informais. Tanto na comparação trimestral quanto na interanual, houve crescimento bastante significativo da população ocupada. Mesmo assim, esse avanço ainda é insuficiente para recuperar o total de postos perdidos na crise causada pela Covid-19. No início de 2020, a população ocupada somava em torno de 94 milhões de pessoas. Ou seja, a comparação com o contingente atual ocupado, entre formais e informais, indica que ainda há 5 milhões de postos de trabalho a menos do que antes da pandemia. O patamar de ocupação ainda é bem menor do que no período pré-pandemia.

O avanço na recuperação de vagas de trabalho se deve a avanços na normalização das atividades econômicas, com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a redução de medidas de restrição ao contato social. Qualquer recuperação, de fato, passa também pela superação, ainda que em parte, das dificuldades oriundas da pandemia. Os dados se referem ao trimestre móvel encerrado em julho, dois meses atrás. Em julho, vacinação chegou aos grupos etários mais envolvidos no mercado de trabalho. Isso acaba contribuindo, sim, para que as pessoas, uma vez vacinadas, voltem à sua dinâmica de circulação. Com isso, o nível da ocupação (porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi de 47,1% no trimestre encerrado em julho de 2020 para 50,2% no trimestre até julho de 2021. É o maior nível desde o trimestre móvel encerrado em abril de 2020, quando a taxa ficou em 51,6%.

No trimestre terminado em abril, o nível da ocupação era de 48,5%. O crescimento do total de trabalhadores com carteira assinada, no trimestre móvel encerrado em julho, foi destaque na recuperação da ocupação. Agora, já é possível perceber o crescimento no emprego com carteira, passando a contribuir para a recuperação da ocupação. O trimestre encerrado em julho de 2021 mostrou a abertura de 1,027 milhão de vagas com carteira assinada no setor privado em relação ao trimestre encerrado em abril. Na comparação com o trimestre até julho de 2020, 1,246 milhão de vagas com carteira assinada foram abertas no setor privado. O total de pessoas trabalhando com carteira assinada no setor privado foi de 30,631 milhões no trimestre até julho. Conforme o saldo de demissões e admissões do Caged, foram criadas 372.265 vagas de emprego formal em agosto. No acumulado até agosto de 2021, o saldo do Caged aponta para a criação de 2,203 milhões de vagas.

Nos oito primeiros meses do ano passado, nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, foram extintos 849.387 empregos formais. O País tinha 14,085 milhões de desempregados no trimestre encerrado em julho. O total de desocupados caiu 4,6% em relação ao trimestre móvel terminado em abril, com 676 mil pessoas a menos em busca de uma vaga. Em relação ao trimestre móvel encerrado em julho de 2020, o número de desempregados aumentou 7,3%, com 955 mil pessoas a mais procurando trabalho. A população fora da força de trabalho somou 74,144 milhões de pessoas no trimestre encerrado em julho, 2,239 milhões a menos que no trimestre móvel imediatamente anterior. Em relação ao mesmo período de 2020, a população fora da força diminuiu em 4,812 milhões de pessoas, queda de 6,1%. O País alcançou uma taxa de informalidade de 40,8% no mercado de trabalho no trimestre móvel até julho, com 36,295 milhões de trabalhadores atuando informalmente.

Em um trimestre, 2,073 milhões de pessoas a mais passaram a atuar como trabalhadores informais. Na comparação com o trimestre móvel encerrado em julho de 2020, são 5,601 milhões a mais na informalidade. Ainda assim, esse contingente está abaixo dos níveis pré-pandemia. O auge desse contingente foi registrado em fins de 2019, quando o total de informais estava em torno de 38,8 milhões. O crescimento do trabalho informal, que puxa a geração de vagas, tanto na comparação com o trimestre móvel terminado em abril quanto com um ano antes, no trimestre móvel até julho, sugere uma volta a padrões históricos do mercado de trabalho brasileiro. Nesse padrão, em momentos de crise, as primeiras ocupações a serem perdidas são as associadas à informalidade, enquanto as vagas com carteira assinada demoram um pouco mais a serem fechadas.

No sentido inverso desse padrão, nos momentos de recuperação das crises, as ocupações informais começam a crescer antes do emprego formal, que também demora um pouco mais a retomar. O impacto inicial da pandemia foi justamente nos informais, que saíram do mercado num quantitativo bastante elevado. Com o decorrer do tempo, por mais que houvesse programas de mitigação dos impactos, a população ocupada com carteira de trabalho também foi afetada e teve quedas importantes. Os dados começam a mostrar o início da retomada mais firme das vagas formais. O emprego com carteira teve um prazo maior de resistência (no início da pandemia), mas, uma vez afetado, continuou em queda no trimestre até julho, quando tem recuperação. Nesse grupo de ocupações tipicamente associadas à informalidade, 10,339 milhões de trabalhadores atuavam no setor privado sem carteira assinada, 587 mil a mais que no trimestre móvel imediatamente anterior, uma alta de 6,0%.

Em relação ao trimestre até julho de 2020, foram criadas 1,648 milhão de vagas sem carteira no setor privado, um salto de 19,0%. O trabalho por conta própria, majoritariamente informal, ganhou 1,132 milhão de pessoas em um trimestre. Em relação ao patamar de um ano antes, há 3,766 milhões de trabalhadores por conta própria a mais, totalizando 25,172 milhões de pessoas, o recorde absoluto da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, mesmo considerando todos os trimestres móveis mês a mês. Com o recorde, o total de trabalhadores por conta própria superou os níveis de antes da pandemia, diferentemente do que ocorreu com a população ocupada total. Pelo contingente atual de ocupados, ainda há em torno de 5 milhões de vagas de trabalho, entre formais e informais, a menos do que antes da pandemia. Dinâmicas associadas à pandemia ainda podem estar afetando diretamente a composição do trabalho informal.

Algumas ocupações que concentram boa parcela dos vínculos informais, como o emprego doméstico e o trabalho sem carteira em negócios de serviços, como bares e restaurantes, ainda seguem afetados por receios com o contato social. Ao mesmo tempo, algumas ocupações típicas do trabalho por conta própria, como os bicos da construção civil com pequenos reparos ou o comércio ambulante, acabam retornando mesmo diante da Covid-19. Destaca-se ainda o peso da informalidade na dinâmica de renda. O rendimento médio do trabalho tombou 8,8% em termos reais em um ano, na comparação com o trimestre móvel até julho de 2020. A queda se explica pelo crescimento da ocupação via vagas informais e pela aceleração da inflação nos últimos meses. Houve expansão da ocupação, porém esse aumento ocorre com trabalhadores de menores remunerações do que um ano atrás, fazendo com que, na média, o rendimento seja menor. O crescimento da inflação que vem ocorrendo nos últimos meses também contribui para a queda real no rendimento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.