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29/Set/2021

Seca afeta plantio e deve elevar inflação em 2022

A maior seca dos últimos 91 anos é a principal ameaça à próxima safra de grãos do País. O plantio no Centro-Sul de culturas como a soja começa neste mês, mas, por conta da falta de chuvas, enfrenta dificuldades em vários locais. O risco climático já entrou no radar de economistas como um fator que pode pressionar os preços da comida e elevar os índices de inflação no ano que vem. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), não haverá um cenário amistoso para alimentos, o que pode pressionar a inflação de 2022. Contando com o risco climático, a projeção é de uma inflação de alimentos ao consumidor de 8,71% para 2022. É um pouco mais da metade da que deve ser registrada neste ano, de 14,1%, complicando ainda mais a tarefa do Banco Central de cumprir a meta de inflação, de 3,5%, com tolerância de 1,5% para cima ou para baixo. Segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a falta de chuvas é uma das maiores preocupações dos produtores hoje.

No momento, a maioria dos agricultores do Paraná, por exemplo, está com os insumos em casa (adubos, sementes, herbicidas), mas o clima não é favorável ao plantio. Se a soja atrasar muito, pode comprometer o milho 2ª safra de 2022, que será plantado após a colheita da soja. Um dos sinais da inquietação dos agricultores com o risco climático aparece na forte contratação de seguro rural. Já foram comprometidos no País quase todos os recursos do programa de subvenção ao seguro rural do Ministério da Agricultura. A oferta é de R$ 924 milhões, e R$ 890 milhões estão empenhados. O risco de chuva está nas previsões dos meteorologistas. A partir do final deste mês, as chuvas devem voltar à Região Centro-Sul do País. Em dezembro, porém, o cenário deve mudar, com a redução das precipitações, apontam os meteorologistas da Climatempo. A segunda metade da primavera e do verão será marcada pelo fenômeno climático da La Niña, que reduz as chuvas na região. Os efeitos da La Niña serão mais sentidos a partir do final de novembro, e o fenômeno deve continuar até o primeiro trimestre de 2022.

Apesar da falta de chuva, e mesmo com custos 30% maiores em média em relação aos do ano passado (no caso da soja), os agricultores estão dispostos a ampliar a área plantada de praticamente todas as lavouras. Isso se deve aos preços elevados das commodities agrícolas no mercado internacional, o que, na contramão, também tem efeitos diretos na alta da inflação no País. A imagem usada pelos analistas do agronegócio para ilustrar o bom momento das cotações é que “hoje o milho está com preço de soja, soja com preço de boi e boi virou Hilux”, a marca de picape usada pelo agricultor. Antes da pandemia, o milho estava em torno de R$ 30,00 por saca de 60 Kg; a soja em torno de R$ 90,00 por saca de 60 Kg; e o boi gordo estava cotado na faixa de R$ 180,00 por arroba. Hoje, o milho gira em torno de R$ 90,00 por saca de 60 Kg; a soja está na faixa de R$ 170,00 por saca de 60 Kg; e o boi gordo passa de R$ 300,00 por arroba. Segundo o Itaú BBA, os preços avançaram porque houve uma combinação de aumento de demanda com oferta escassa.

Serão necessários dois anos bons de produção de milho e soja para que o mercado volte ao equilíbrio. Nas projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), algodão, arroz, milho e soja terão aumentos de área plantada, na safra 2021/2022, de 13,4%,1,4%, 4% e 3,6%, respectivamente, em relação à última safra. Só para o feijão a expectativa é de estabilidade. Com esse aumento de área, a projeção de safra é de 289,6 milhões de toneladas, o que configuraria um novo recorde. Porém, o cenário pode não ser tão positivo assim. Os preços da soja e do milho se mantiveram em patamares elevados, em boa parte, pela grande liquidez de recursos no mercado internacional, fruto dos estímulos fiscais dados pelo governo norte-americano e pelos juros baixos naquele país. Agora, com a sinalização do governo dos Estados Unidos de retirada dos estímulos e aumento de juros, a perspectiva de recuo dos preços, que já começou, deve se acelerar. O risco de ‘furo da bolha’ de preços agrícolas no começo de 2022 é grande. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.