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29/Set/2021

Brasil terá fraco crescimento nos próximos anos

Crescimento baixíssimo, na faixa de 2% ao ano, é a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Brasil nos próximos cinco anos. Pouco dinamismo, dívida pública elevada e baixo investimento produtivo chamam a atenção no cenário dos números, embora o relatório recém-divulgado sobre a economia brasileira comece com palavras positivas e tom otimista. O Produto Interno Bruto (PIB), informa-se depois, voltou ao nível pré-pandemia no primeiro trimestre de 2021, em parte graças à vigorosa resposta política das autoridades, e o impulso continua favorável, sustentado pelo comércio internacional, com forte evolução dos termos de intercâmbio, e pelo crédito robusto ao setor privado. Mantido o impulso, a economia deve crescer 5,3% neste ano, de acordo com o relatório, produzido a partir de uma consulta anual entre técnicos do FMI e fontes brasileiras, principalmente oficiais. Segundo o texto, o consumo será sustentado pela melhora do mercado de trabalho e pelos altos níveis até agora observados de poupança familiar.

Estoques baixos devem ser recompostos, a melhora dos preços das commodities sustentará o investimento e a inflação cairá firmemente dos picos recentes até o centro da meta no fim de 2022. Tudo isso estará associado, naturalmente, ao avanço da vacinação. Além disso, a dívida pública, depois de ter batido em 99% do PIB no ano passado, deve cair para 92% neste ano e permanecer em torno desse ponto no médio prazo. As incertezas são excepcionalmente altas, mas os riscos para o crescimento são vistos como amplamente equilibrados. Mas, é difícil, mesmo com boa vontade e com esforço diplomático, normal nos documentos do FMI, sustentar por muito tempo esse otimismo, quando se trata de um país com baixo potencial produtivo. O otimismo seria ainda menor, se a equipe do Fundo considerasse a competência administrativa, o grau de organização do Executivo e, acima de tudo, as características de seu líder.

Apesar disso, o relatório atribui seriedade e capacidade transformadora a uma agenda de reformas orientada, segundo o texto, para elevar a produtividade, o crescimento potencial, os padrões de vida e a governança. O quadro ganha realismo quando a agenda se traduz em termos de prioridades e desafios, palavras mais adequadas para descrever as mudanças indispensáveis e as ações necessárias para concretizá-las. Reformas estruturais estão longe de ser garantidas e o combate à inflação pode implicar um forte aumento de juros (de fato, já iniciado). O controle da dívida pública dependerá do respeito ao teto de gastos e de maior capacidade administrativa. Os autores do texto provavelmente ficariam menos animados se avaliassem mais de perto as demandas do Centrão e as preocupações eleitorais do presidente da República. Ainda faltaria analisar as condições de tramitação dos projetos, com distorções de finalidades, preservação de privilégios e farta introdução de ‘jabutis e jabuticabas’, tudo isso diante da inércia e da complacência da equipe econômica.

A realidade familiar aos brasileiros fica mais visível, enfim, quando se abandona o texto e se passa aos números do relatório. Apesar do tom otimista de alguns parágrafos, não há sinais importantes, nas tabelas, de expectativas de mudanças no cenário geral. Pelas projeções do FMI, a economia brasileira, depois de avançar 5,3% em 2021, crescerá 1,9% no próximo ano, 2% em 2023 e 2,1% anuais de 2024 a 2026. Esse tem sido o padrão das projeções, desde os tempos da presidente Dilma Rousseff. O investimento em máquinas, equipamentos e obras deve sair de um mínimo de 16,5% do PIB neste ano para um máximo de 18,8% em 2026, superando 18% só a partir de 2023. Em outros emergentes, a taxa supera 24% do PIB e, com frequência, 30%. Sem surpresa, crescem mais que o Brasil. Surpresa, mesmo, haverá se a próxima missão do FMI, num ano de eleições, encontrar um quadro mais promissor e de mais seriedade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.