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28/Set/2021

Dólar avança o com ambiente externo desafiador

O dólar iniciou a semana em alta, flertando com o patamar de R$ 5,40, diante de um ambiente externo desafiador, marcado pela proximidade da redução de estímulos monetários nos Estados Unidos, crise energética e cautela com os problemas de solvência da incorporadora chinesa Evergrande. No front doméstico, ainda pesa sobre o mercado a preocupação com o andamento da pauta econômica do Congresso, em meio à tramitação da PEC dos precatórios e da reforma do Imposto de Renda, essenciais para o Auxílio Brasil. Afora uma queda expressiva no início do pregão, em resposta ao leilão extra de swap cambial do Banco Central ligado ao overhedge dos bancos, o dólar trabalhou em alta durante toda a sessão, renovando máximas. Houve certa apreensão nas mesas de operação em meio ao anúncio inesperado de entrevista coletiva da Petrobras para falar de preços de combustíveis.

Mas, o presidente da empresa descartou a possibilidade de qualquer mudança na política de preços, o que ajudou o Ibovespa a ganhar tração e arrefeceu um pouco a pressão sobre a taxa de câmbio no fim dos negócios. Com mínima de R$ 5,30 (-0,66%) e máxima a R$ 5,38 (+0,83%), o dólar encerrou em alta de 0,65%, a R$ 5,37, maior valor de fechamento desde o dia 23 de agosto (R$ 5,38). Em setembro, a moeda norte-americana já acumula valorização de 4%. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) operava em alta de quase 0,40%. Entre as moedas emergentes, o dólar subia 0,20% em relação ao peso mexicano e trabalhava em estabilidade na comparação com o rand sul-africano, ambos considerados pares do Real. A moeda norte-americana recuava em relação à lira turca (que se depreciou bastante na semana passada) e ao rublo.

Anunciada na sexta-feira (24/09), a oferta extraordinária de swap cambial agradou o mercado, já que pode ajudar a conter a volatilidade e suavizar a trajetória da taxa de câmbio. Mais do que o instrumento escolhido e o volume ofertado (US$ 700 milhões por leilão, sempre às segundas-feiras e quartas-feiras), chamou a atenção o 'timing' da intervenção do Banco Central, que era esperada inicialmente apenas no fim do ano. Na avaliação da Commcor DTVM, uma das hipóteses para esse adiantamento seria o desejo do Banco Central de tentar arrefecer a alta do dólar e, por tabela, amenizar as pressões inflacionárias. Mas, o que foi visto neste primeiro dia de oferta adicional foi que o efeito sobre a taxa de câmbio durou pouco. É preciso observar se essa atuação vai conseguir realmente suavizar as pressões sobre o dólar. A moeda brasileira poderia estar mais perto de R$ 5,10 por conta do movimento de aperto monetário, mas acaba sofrendo com as questões políticas e fiscais domésticas.

No primeiro leilão extra, o Banco Central vendeu nesta segunda-feira (27/09) a oferta total de 14 mil contratos de swap cambial (US$ 700 milhões). Além disso, houve a rolagem de outros 15 mil contratos (US$ 750 milhões) com vencimento programado para dezembro. Para a Integral Group, o mercado já esperava que o Banco Central atuasse para atenuar tanto a volatilidade quanto uma depreciação maior do Real, que pode resultar em inflação. O mercado parcialmente entendeu que o Banco Central interveio não só para o 'overhedge', mas também porque quer ser cauteloso na alta de juros, dado o cenário de crescimento menor no mundo. O câmbio nominal, dado efeito da inflação passada, mudou de patamar e dificilmente ficará abaixo de R$ 5,00. O ambiente externo é desafiador, com a questão da energia na China e na Europa e as pressões inflacionárias disseminadas, em meio à disrupção das cadeias produtivas por conta da Covid-19. Isso afeta muito a dinâmica do câmbio.

Além disso, os desafios internos continuam, com a questão dos precatórios e do orçamento. No Brasil, o relator da reforma do IR no Senado afirmou que seria irresponsabilidade apresentar um relatório com rapidez e que é inaceitável que Estados e municípios percam receita. Há várias reuniões marcadas com entidades de classe empresariais e, depois de ouvir, com mais de 10 a 15 dias, o relatório será apresentado. Mas, não foram especificadas as datas do cronograma e nem mesmo quando começa a contar o prazo para a apresentação do parecer. O governo conta com a reforma do IR e a aprovação da PEC dos precatórios para bancar o Auxílio Brasil no ano que vem. Segundo o Banco Ourinvest, o mercado tinha a expectativa de que o swap pudesse conter o avanço mais agressivo do dólar, mas não é o que ocorreu. O quadro político interno ainda é ruim, com a percepção de que a agenda econômica não avança no Congresso. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.