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28/Set/2021

Orgânicos: Brasil pode elevar participação global

Se o Brasil é uma potência global em commodities agrícolas, no mercado internacional de hortifrútis orgânicos, o País é um mero coadjuvante. Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Embrapa concluiu que a produção orgânica de hortaliças e frutas do Brasil está bem distante da de outros países, inclusive quando comparada à de nações que têm área agricultável bem menor que a brasileira. No estudo “Produção orgânica e sustentabilidade”, os pesquisadores analisaram informações de produção de dez países com importante produção agrícola distribuídos por quatro continentes e dados globais da FAO. No caso das hortaliças orgânicas, a produção do Brasil perde por larga margem para a da China, 11,5 vezes maior que a brasileira, e para países menores. Espanha e Itália, por exemplo, cultivam 4,3 e 6,4 vezes mais hortaliças orgânicas que os brasileiros, respectivamente. O Brasil também fica atrás no mercado de frutas orgânicas de clima tropical, no qual, teoricamente, o País deveria ir bem.

A China, por exemplo, tem uma produção 10,2 vezes maior que a brasileira, e as frutas tropicais da Índia ultrapassam o Brasil em volume em 8,4 vezes. O Brasil também perde novamente de Espanha e Itália, onde a produção de frutas tropicais sem agrotóxicos é 2,7 e 2,5 vezes maior que a do Brasil, respectivamente. Já no caso das frutas de clima temperado, o Brasil fica ainda mais atrás de outros países, inclusive da pequena Dinamarca, que produz 1,4 vez mais frutas temperadas sem agrotóxicos que o Brasil. Na citricultura, o Brasil, que é líder na produção convencional, fica próximo da média no segmento orgânico. Os citricultores brasileiros produzem 1,9 vez mais que seus concorrentes norte-americanos, mas ficam atrás da Espanha, que colhe 5,2 vezes mais, e da Itália, que tem produção 4 vezes maior. Em outras culturas em que o Brasil é líder global na produção convencional, como açúcar e café, os pesquisadores tiveram dificuldades de encontrar dados fidedignos.

No caso do açúcar, os dados dos três grandes produtores de açúcar orgânico (Native, Jalles Machado e Giasa) indicam que o País é líder desse nicho de mercado, com 61% do volume global, incluindo o açúcar feito da beterraba. Porém, os pesquisadores ressaltam que esse é um nicho que representa apenas 0,16% do mercado internacional de açúcar. A pesquisa também analisou a produção orgânica derivada de animais. Em alguns segmentos, foi possível estabelecer comparações internacionais, como no leite. Neste caso, a produção brasileira representa 0,09% do mercado global, com 6,8 milhões de litros. Os Estados Unidos, líderes em leite orgânico, produzem 172 vezes mais. Na Alemanha, segunda maior produtora, o volume é 122 vezes maior, e a Dinamarca produz 82 vezes mais. A criação de bovinos no Brasil, que se destaca na forma convencional, também está bem distante de outros produtores globais no caso do método orgânico.

O rebanho bovino criado de forma orgânica no País soma 13,8 mil cabeças, enquanto na Europa, há 318 vezes mais cabeças de gado criados nesse sistema. A área ocupada pela agricultura orgânica brasileira também é consideravelmente pequena quando comparada com a de outros países. Levantamento do Research Institute of Organic Agriculture (FIBL) indica que o Brasil dedica 1,3 milhão de hectares de terras para o cultivo orgânico, o que corresponde a 0,5% de todas as áreas agricultáveis nacionais e a 1,8% das áreas destinadas à produção de orgânicos no mundo, que somam 72,9 milhões de hectares. A maior área de cultivo orgânico no Brasil está em assentamentos de reforma agrária do Rio Grande do Sul, vinculados ao Movimento Sem Terra (MST). Essas lavouras fazem do País o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Os dados indicam que há potencial para o desenvolvimento dos sistemas orgânicos brasileiros e oportunidades para ocupar espaço no mercado internacional. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.