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28/Set/2021

Insumos: ainda há risco de falta para 2021/2022

A demanda aquecida por insumos agrícolas e os entraves globais no fornecimento de alguns produtos, como falta de contêineres e conflitos regionais, preocupam agricultores quanto à disponibilidade dos agroquímicos para a safra 2021/2022. No momento, não há registros de falta dos produtos, porém há receio dos produtores quanto ao cumprimento de entregas de alguns ativos. A safra de verão 2021/2022 já está sendo semeada no País e as previsões apontam para uma temporada recorde de produção. O País plantará área 4% superior com grãos, com produção estimada pela Cogo Inteligência em Agronegócio em 300 milhões de toneladas, o que demanda maior volume de insumos agrícolas. Para as lavouras de milho de verão, que estão sendo plantadas agora, o planejamento e a compra de insumos estão realizados e dentro da normalidade. Boa parte dos produtores já comprou a maioria dos insumos para o milho. Os agricultores estão organizados e completamente prontos para iniciar também o plantio da soja.

No entanto, há relatos de produtores que não encontraram determinada variedade de semente e que tiveram de substituir por outro tipo. Como há boa procura e haverá incremento na área de milho, inclusive de verão, houve maior demanda por alguns tipos, principalmente os mais resistentes à cigarrinha. Uma ou outra variedade esgotou. Em Mato Grosso, no início de setembro algumas indústrias sinalizavam aos produtores que poderiam não conseguir entregar integralmente os insumos que já estavam contratados. Há relatos nas regiões norte e sul do Estado de alguns atrasos nas entregas iniciais. Esses atrasos estão relacionados principalmente aos problemas de logística interna e importação. Apesar desses atrasos iniciais, 75% dos insumos comercializados para a soja já foram entregues aos produtores. Há, também, relatos de atraso na entrega de máquinas decorrente de dificuldades na importação dos componentes pelas fabricantes para a montagem dos equipamentos.

Não é uma situação que possa afetar o avanço do plantio em Mato Grosso, mas ocasiona transtorno para alguns produtores. No Paraná, não há relatos de problemas com o recebimento de insumos. No momento, está sob controle. No entanto, há preocupação com as dificuldades na importação de cloreto de potássio (Kcl) da Bielo-Rússia. As exportações daquele país estão restritas diante de sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE). A Bielo-Rússia é o segundo maior produtor de potássicos do mundo e responsável por 14% do nutriente importado pelo Brasil. O cloreto de potássio é um dos principais fertilizantes usados no Brasil. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) preocupa-se com o fato de a demanda mundial por cloreto de potássio ser maior que a oferta e, portanto, poderá haver riscos de fornecimento. Mas, por ora, segundo a Anda, não há registros de falta de fornecimento doméstico do Kcl. A situação na Bielo-Rússia não deverá trazer problemas no fornecimento do insumo para a safra 2021/2022, pois a maior parte dos adubos está adquirida.

O maior problema é o preço do insumo, que aumentou expressivamente em virtude dos conflitos. Outro ativo mencionado pelos produtores como parte da lista de cautela é o glifosato. O aperto na disponibilidade do glifosato decorre da redução da oferta da matéria-prima para produção do herbicida na China em virtude de readequações ambientais. No Brasil, há restrição de glifosato por esta questão e também de outras moléculas como o paraquate e o 2,4-D por restrições de uso. Isso faz com que produtor busque mais outras moléculas e a oferta não consegue suprir totalmente a demanda. Representantes das revendas estão atentos e monitoram de perto o cenário de oferta e demanda de insumos. Segundo o presidente executivo da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), Paulo Tiburcio, a realidade do mercado de distribuição não indica atrasos ou ausência das entregas de insumos para o plantio da safra de verão 2021/2022.

Segundo ele, por enquanto, há relatos apenas do reajuste de preços, puxados por custos com logística e câmbio. Ainda assim, os temores de falta de insumos justificam-se pelo descompasso entre demanda e oferta. A projeção é crescimento de 11% no consumo nacional de adubos, para de 42,5 milhões de toneladas. Do outro lado, há gargalos na cadeia global de fornecimento como paralisações temporárias de fábricas nos Estados Unidos em virtude do furacão Ida, possíveis restrições chinesas nas exportações e sanções às exportações da Bielo-Rússia. O fato de o País importar 85% dos fertilizantes consumidos internamente, a dinâmica global de forte demanda e escassez de oferta gera impactos importantes para o Brasil, refletindo no preço e na disponibilidade do insumo. A Anda está monitorando a situação e atuando de maneira integrada para avaliar os desdobramentos e mitigar possíveis impactos para o agricultor brasileiro.

Também há desafios de ordem logística que refletem nas cadeias de suprimento. O mesmo acontece com os fertilizantes, que disputam espaço em portos nacionais e internacionais sobrecarregados, fretes marítimos e rodoviários mais escassos e dificuldades operacionais devido aos cuidados com a Covid-19. Por outro lado, na contramão da instabilidade do mercado internacional, as compras dos insumos foram antecipadas pela maioria dos produtores. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que 94% dos insumos agrícolas a serem utilizados nas lavouras de soja 2021/2022 já foram garantidos. No milho, o porcentual é de 70%. A compra antecipada de fertilizantes para a temporada 2021/2022 está ainda mais adiantada, com 99% contratados para soja e 74% para o milho. No Paraná, a Ocepar estima que praticamente todo volume de fertilizantes e sementes já foi adquirido. Os defensivos agrícolas, por sua vez, serão adquiridos de acordo com a necessidade de uso.

As cooperativas e revendas já possuem estoques para atender à demanda dentro de uma situação de normalidade. Até o momento, as entregas de fertilizantes adquiridos antecipadamente pelos produtores ocorrem dentro da normalidade. Houve atraso pontual no recebimento dos insumos na primeira semana de setembro, em virtude de bloqueios realizados por caminhoneiros pelo País. Mas, com o fim da greve e a pequena duração do movimento, a situação foi resolvida e o fluxo de entregas normalizado. Os problemas foram superados e os insumos estão sendo entregues dentro do ritmo. Os distribuidores associados à Andav não registraram atrasos ou prejuízos na comercialização e entrega dos insumos em virtude das mobilizações de rodoviários. A Anda também não observou prejuízos nas operações decorrentes dos bloqueios nas rodovias. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.