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27/Set/2021

Dólar em alta com temor sobre economia chinesa

A onda de fortalecimento global da moeda norte-americana, que subiu tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes, pautou os negócios no mercado doméstico de câmbio na sexta-feira (24/09) e levou o dólar a se consolidar acima do patamar de R$ 5,30, encerrando a semana com valorização acumulada de 1,17%. A semana passada foi marcada pela sinalização do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, de que o início da redução da compra mensal de bônus ('tapering') deve começar em novembro e pelos temores relacionados aos desdobramentos crise de solvência da incorporadora chinesa Evergrande sobre os mercados imobiliário e financeiro. No front doméstico, as atenções dos investidores estiveram voltadas à busca de uma solução para o pagamento de precatórios, em meio à nova proposta de PEC, e à tramitação da reforma do Imposto de Renda no Senado, ambos essenciais para seja possível compatibilizar o programa social Auxílio Brasil com o cumprimento do teto de gastos, a âncora fiscal do País.

Isso tudo em meio a um cenário econômico desafiador, marcado por aceleração da inflação e rebaixamento das expectativas para o crescimento do PIB neste ano e no próximo, o que aviva os receios de que o presidente apoie a extensão de benesses sociais em sua busca pela reeleição. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA-15 de setembro foi de 1,14%, o que levou a variação acumulada em 12 meses a 10,05%. Dada à sinalização do Copom em seu comunicado no dia 22 de setembro, quando elevou a Selic de 5,25% para 6,25%, a maioria dos analistas mantém, por ora, a perspectiva de nova alta de 1% da taxa básica em outubro. Refletindo a busca dos investidores por proteção, o dólar operou em alta desde a abertura dos negócios, sempre acima da linha de R$ 5,30, e correu até a máxima de R$ 5,35. Depois de passar a tarde rodando na casa de R$ 5,34, a moeda norte-americana encerrou o pregão em alta de 0,64%, cotada a R$ 5,34, o maior nível de fechamento desde 23 de agosto (R$ 5,38). Em setembro, o dólar acumula valorização de 3,32%.

No exterior, a informação de que a Evergrande teria deixado de honrar o pagamento de juros programados para o dia 23 de setembro elevou os temores de eventual insolvência da incorporadora. Evento cujos reflexos sobre a economia chinesa e, por tabela, mundial ainda não estão totalmente mapeados. Nas mesas de operação também foram monitoradas falas de dirigentes do Fed que ratificaram a percepção da iminência do 'tapering'. Segundo o Federal Reserve de Kansas Citi, com inflação bem acima da meta e taxa de desemprego em 5,3%, a justificativa para continuar com a compra mensal de ativos diminui. Já o Fed de Cleveland afirmou que as compras de ativos já não funcionam como antes e que apoia o início do 'tapering' em novembro, além de alta de juros no fim de 2022. Para a Inversa Publicações, destaca-se o movimento de alta expressivo do yield da T-note de 10 anos, que atingiu 1,46% na sexta-feira (24/09), e o fortalecimento do dólar nos últimos dias.

Por mais evasivo que o Fed possa ser, o fato é que o 'tapering' está cada vez mais perto do tapering, que só não ocorre em novembro se houver algum problema grave. O mercado está acostumado aos estímulos e isso vai mudar. A diminuição da liquidez tende a carregar recursos para os Estados Unidos e fortalecer o dólar. O Real não deve se beneficiar do aumento da taxa Selic, já que, dada a inflação, o juro real ainda não é atraente. Além disso, os problemas domésticos, com as disputas político-institucionais, turvam o horizonte econômico e inibem a atração de recursos estrangeiros. A verdade é que o Brasil não está no mapa do carry trade. Os grandes hedges funds têm sido bem-sucedidos na própria Bolsa norte-americana e no dólar no exterior. Pode até vir algum recurso para o Brasil, mas nada expressivo.

No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar em relação a seis divisas fortes) operou em alta firme, na casa dos 93,300 pontos. A moeda norte-americana também subia em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para o rand sul-africano (+1,52%), que vinha de uma performance superior à de seus pares, e a lira turca (1,29%), ainda na esteira do corte de juros pelo Banco Central da Turquia na quinta-feira (23/09). Para o Brown Brothers Harriman (BBH), o Fed hawkish e os riscos atuais na China devem ajudar a sustentar o rali do dólar no exterior. O dólar tende a se beneficiar tanto de dados positivos da economia norte-americana quanto de episódios de risk-off nos mercados internacionais. Essa dinâmica esteve em presente em grande parte deste ano e vai continuar até o fim de 2021. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.