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24/Set/2021

Dólar em alta com cautela no mercado doméstico

Cautela com a cena fiscal doméstica e movimentos técnicos de rearranjo de posições impediram que o Real se beneficiasse do aumento do apetite ao risco no exterior, em dia marcado por forte valorização das bolsas em Nova York e do próprio Ibovespa. Nesta quinta-feira (23/09), após alternar sinais, com descida até a mínima de R$ 5,25 logo após a abertura, o dólar passou a tarde perto da estabilidade. Afora um pequeno repique na reta final dos negócios, quando atingiu a máxima a R$ 5,31, a moeda norte-americana trabalhou sempre perto do patamar de R$ 5,30. No fim da sessão, fechou a R$ 5,30, em alta de 0,10%. Como na quarta-feira (22/09), corriam nas mesas de operação relatos de que fundos estariam zerando posições vendidas em real e insuflando os preços do dólar futuro, movimento que se espalha para as cotações no mercado à vista e prejudica a performance do Real no curto prazo.

No exterior, a moeda norte-americana operou em queda tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes, devolvendo os ganhos obtidos na quarta-feira (22/09), após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, sinalizar que o início da redução do volume mensal de compra de bônus ('tapering') deve começar em novembro, embora de forma bastante gradual. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) recuava mais de 0,40%, na casa dos 93.000 pontos. Entre as divisas emergentes, a única com perda acentuada em relação ao dólar era a lira turca, punida pela decisão do Banco Central da Turquia de reduzir a taxa básica de juros de 19% para 18% ano.

O Banco do Povo da China (PBoC) anunciou injeção de 120 bilhões de yuans (US$ 18,6 bilhões) no sistema financeiro, atenuando as preocupações em torno dos desdobramentos de eventual insolvência da incorporadora Evergrande. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, como esperado, elevou a taxa Selic em 1%, para 6,25% ao ano, e já sinalizou outra alta de 1% em seu próximo encontro (em 26 e 27 de outubro). O Fed, com a sinalização do 'tapering' em novembro, foi um pouco mais hawkish do que o mercado esperava, o que fez o dólar se valorizar no exterior na quarta-feira (22/09). A decisão do Copom de subir 1% foi neutra. Segundo a Wise Investimentos, é preciso notícias positivas, de reformas andando no Congresso, para aliviar essa pressão e o dólar voltar para sua tendência de queda no Brasil.

Em tese, juros mais elevados aumentam a atratividade da renda fixa local para investidores estrangeiros e desencorajam apostas contra o Real. Por ora, contudo, não se vislumbra uma depreciação mais forte do dólar no Brasil, por conta das incertezas no cenário fiscal e político doméstico, em meio à tramitação da PEC dos Precatórios na Câmara e da reforma do Imposto de Renda no Senado, essenciais para o programa Auxílio Brasil, a versão ampliada do Bolsa Família. O governo já trabalha com a possibilidade de nova prorrogação do auxílio emergencial (programado para terminar em 31 de outubro) caso a PEC dos Precatórios e a reforma do IR não sejam aprovadas nas próximas semanas. Neste caso, o auxílio emergencial seria renovado com valor de R$ 400,00, acima dos eventuais R$ 300,00 do Auxílio Brasil.

A principal diferença entre os dois programas, do ponto de vista fiscal, é que a despesa com auxílio emergencial fica fora do teto dos gastos. Na avaliação da Wagner Investimentos, a combinação de início de retirada de estímulos nos Estados Unidos com alta mais comedida da Selic no Brasil, aliada à falta de avanço das votações no Congresso para resolução do Orçamento de 2022, incomoda os investidores. Acima da região de R$ 5,30, o dólar tem potencial para subir em direção a R$ 5,40. Entre os indicadores, o destaque positivo foi o resultado da arrecadação de impostos e contribuições federais em agosto (R$ 146,463 bilhões). No ano, até agosto, a arrecadação federal soma R$ 1,199 trilhão, o maior volume para o período desde o início da série histórica, em 1995. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.