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24/Set/2021

COP26: Brasil quer melhorar imagem internacional

O Brasil quer deixar de ser apontado como um vilão do clima e virar a página na COP26, programada para ocorrer em novembro, em Glasgow (Escócia). Além de fazer questão de ser membro ativo na definição das regras do mercado de carbono, entregará ao menos outros dois projetos na área ambiental: o programa de crescimento verde e uma turbinada na Cédula de Produto Rural (CPR), uma ferramenta que existe já há décadas para fomentar o crédito agrícola, mas que passará a ter também um viés sustentável. É possível que uma degustação desses programas já seja apresentada para o público doméstico durante a comemoração dos mil dias de Jair Bolsonaro como presidente na semana que vem, mas a ideia é ter o resto do mundo como principal receptor das ações na área verde.

O tom de confronto com os países que vêm condenando como o Brasil coordena sua atuação no clima promete ser mudado. Em vez de troca de palavras ríspidas e acusações, o governo brasileiro pretende "calar a boca" dos seus críticos com essas novas medidas. Por isso, corre para angariar US$ 2 bilhões em iniciativas com o Green Growth Program (GGP), em fase final de finalização. Será uma questão de honra para o governo ir para o Reino Unido com uma cifra quatro vezes o tamanho da oferta feita pelo presidente norte-americano Joe Biden para combater o desmatamento ilegal no Brasil. O GGP ganhou muita força internacional com a pandemia de coronavírus, com vários países prometendo focar na retomada da atividade pós-crise por meio de um viés sustentável.

No Brasil, o GGP deverá ser uma espécie de consolidação de programas que já existem hoje, mas com avanços que, por enquanto, ainda não estão tão claros. O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, mais conhecido como Banco dos BRICS) é tido como um parceiro de primeira ordem do programa e deve financiar parte das iniciativas. Já a CPR é vista como um grande atrativo doméstico para o mercado internacional, já que, no lugar de empenhar um produto, o agricultor poderá receber recursos para preservar a sua área. O governo avalia que investidores do mundo inteiro vão querer comprar. Há uma disputa nessa divulgação. Enquanto a ministra da Agricultura quer lançar a nova CPR para suas bases durante o evento dos mil dias, no Mato Grosso do Sul, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, defende a COP26 como o melhor palco para tal.

O próprio governo admite que apenas tem conseguido avançar mais nessa área depois da saída de Ricardo Salles do Meio Ambiente. Além de estar envolvido num escândalo de corrupção do governo Bolsonaro, o ex-ministro era o estopim de uma guerra interna de ideias entre sua Pasta e o Ministério da Economia, que acabou desencadeando na exoneração do então coordenador de Economia Verde, em maio. Assim como no caso do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, há a avaliação de que Ricardo Salles também se “queimou” no exterior. Já Joaquim Pereira Leite, o atual ministro do Meio Ambiente, é visto como um conhecedor do assunto de forma mais profunda. Ainda sobre a receptividade internacional, há dentro do governo a avaliação de que Bolsonaro acertou no pronunciamento de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (21/09).

Essa análise é feita com base em relato de investidores internacionais, que teriam sentido um discurso mais leve sobre sustentabilidade, ainda que, nos demais temas, o presidente tenha mantido suas já conhecidas impressões digitais. O próprio governo se frustra em não poder apresentar mais na vitrine internacional que será a COP26. Um dos desejos era conceder incentivos para as grandes companhias de tecnologia se instalarem na Amazônia. A ambição era transformar a região numa espécie de "Vale do Silício dos trópicos". Vai ficar de fora, no entanto, porque é uma iniciativa que depende de acertos que só poderiam ser feitos no âmbito da reforma tributária, ainda em aberto. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.