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17/Set/2021

Dólar em alta acompanhando o mercado externo

O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (16/09) em alta firme no mercado doméstico de câmbio, escorado na onda global de fortalecimento da moeda norte-americana, na esteira um avanço inesperado das vendas no varejo nos Estados Unidos em agosto, justamente na semana que antecede a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em que pode ser anunciado o calendário para a redução dos estímulos monetários. No Brasil, investidores monitoraram as notícias sobre a tramitação das reformas no Congresso, em especial da PEC dos Precatórios, cujo desenlace é essencial para a definição do reajuste do Bolsa Família e, por tabela, do Orçamento de 2022. A despeito da falta de fôlego do Real para emendar pregões seguidos de apreciação, analistas notam que o dólar tem encontrado dificuldades para encostar na casa de R$ 5,30 e apresentado oscilações intradia bem mais modestas, o que pode ser interpretado como um sinal de que a alta das taxas de juros locais já serve como anteparo a apostas contra a moeda brasileira.

Em uma dinâmica similar a dos últimos três pregões, o dólar operou em uma faixa estreita (de menos de R$ 0,05) entre a mínima (R$ 5,28) e a máxima R$ (5,32). No fim da sessão, o dólar estava cotado a R$ 5,26, em alta de 0,53%. Com isso, a moeda norte-americana tem leve queda na semana (-0,04%) e ganho acumulado de 1,80% em setembro. No exterior, o DXY (que mede o desempenho do dólar ante pares fortes) subiu cerca de 0,30%. Na comparação com divisas emergentes, os maiores ganhos da moeda americana forma contra a lira turca e o rand sul-africano, com altas superiores a 1%. Ou seja, desta vez o real não foi o 'patinho feio' da turma. Parte dos analistas afirma até que, caso o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não tivesse desautorizado a expectativa de aceleração da alta da Selic, a taxa de câmbio poderia estar em nível menor. Com uma alta de 1% do juro básico na reunião do Copom nos dias 21 e 22 de setembro, o mercado espera o comunicado da decisão para recalibrar as apostas em relação ao ritmo e a abrangência do aperto monetário.

Uma Selic mais alta, além de aumentar o diferencial de juros e, em tese, aumentar a atratividade da renda fixa doméstica, encarece o hedge e desestimula montagem de posições mais fortes contra o Real. Por ora, contudo, o mercado se mantém na defensiva, à espera da Super Quarta (decisões do Fed e do Copom), que tem potencial para balançar a relação entre risco e retorno da moeda brasileira, e do avanço da pauta econômica em Brasília, em meio ainda há certo ceticismo com a postura menos belicosa do presidente Jair Bolsonaro. No Congresso, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados começou a analisar o parecer do deputado Darci Matos pela admissibilidade da PEC dos Precatórios, que propõe o parcelamento das dívidas judiciais. Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, defendeu, em evento, que as Casas legislativas entrem em acordo para adoção do rito especial na tramitação da PEC.

Em relação aos recursos para bancar o Auxílio Brasil (repaginação do Bolsa Família), Lira disse que o debate deve se "afunilar" entre outubro e novembro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que espera uma solução definitiva para os precatórios já na semana que vem. A grande dúvida que paira sobre o Orçamento de 2022 é justamente como o governo vai compatibilizar o pagamento dos precatórios com o Auxílio Brasil sem subterfúgios que abram furos no teto de gastos, considerado a âncora fiscal do País. Para fechar essa conta, é necessário saber também qual será o desfecho da reforma do Imposto de Renda, que está no Senado, e seu impacto sobre a arrecadação. Segundo o Travelex Bank, se o quadro político continuar tranquilo, não será preciso grandes reformas. Acomodando a questão dos precatórios, a volatilidade tende a continuar baixa e o Real pode se valorizar. O Brasil representa hoje uma oportunidade interessante para operações de carry trade, quando se observa as expectativas para juros e inflação 12 meses à frente.

Após um período de extrema volatilidade em agosto, a taxa de câmbio (à exceção dos dias 8 e 9 de setembro, marcados pela relação às manifestações de 7 de setembro e à carta de Bolsonaro) tem oscilado entre faixas mais estreitas, o que pode abrir espaço para um desempenho melhor da moeda brasileira, uma vez que volatilidade menor significa, em tese, menos risco. Em relação ao mercado externo, o Fed não deve mudar a linha de seu discurso, com sinalização do início do 'tapering' no fim deste ano e alta de juros somente no último trimestre de 2022, o que garante ainda um ambiente global de muita liquidez. As bolsas norte-americanas tiveram uma realização nos últimos dias porque vinham de altas seguidas, mas ainda estão em patamar elevado, e as taxas de 5 e 10 anos nos Estados Unidos estão no mesmo nível desde julho. O cenário externo ainda é favorável. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.