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17/Set/2021

Biocombustíveis: consumo aumentará em 2021

Os biocombustíveis líquidos se tornaram uma importante ferramenta para a descarbonização do transporte terrestre e é o setor agropecuário o que aporta as matérias-primas fundamentais para industrializar e produzir esses combustíveis biológicos mais ecológicos. A produção e o consumo de biocombustíveis líquidos (estabelecidos como uma opção de transição energética limpa) diminuiu de forma significativa em 2020, devido às restrições de mobilidade e à queda da atividade econômica. No entanto, os dados sobre o primeiro semestre de 2021 mostram uma recuperação relevante depois que, entre 2000 e 2019, a produção e o consumo de biocombustíveis líquidos se multiplicou por 11. De acordo com o “Atlas dos biocombustíveis líquidos 2020-2021”, recentemente publicado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em 2020 as matérias-primas mais utilizadas na produção de biodiesel foram os óleos vegetais, entre os quais se destacam o de palma (32%), o de soja (26%) e o de canola (15%).

Os 27% restantes correspondem a outras matérias-primas, como os óleos vegetais usados, gorduras animais e outros óleos vegetais virgens, como o de girassol. Igualmente, o milho e a cana-de-açúcar foram as matérias-primas mais utilizadas na produção de bioetanol, com uma participação de 63% e 30%, respectivamente. Assim, o biodiesel é produzido a partir de matérias-primas biológicas para substituir o diesel fóssil; e o bioetanol para substituir gasolinas originadas a partir de petróleo. Neste ano, a diminuição das restrições de mobilidade veicular, em comparação com 2020, permitiram que o consumo de biocombustíveis líquidos, no nível agregado, decolasse, com resultados positivos na União Europeia, nos Estados Unidos, na Indonésia, na Índia e na Argentina. Dessa maneira, diversos cenários projetam um aumento do consumo mundial na ordem de 5% a 8% ao ano em 2021, em comparação com 2020.

O crescente consumo de biocombustíveis foi impulsionado pela formulação de políticas públicas que autorizam e, em muitos casos, promovem o seu uso. Neste sentido, um dos instrumentos mais utilizados pelos países é a reserva de cotas de mercado, denominada “mandatos de uso de biocombustíveis”. Em 2020, 65 países estabeleceram mandatos com diversos graus de rigidez e cumprimento. Além disso, Estados subnacionais aplicam essa classe de instrumentos, segundo seu grau de descentralização. As Américas têm uma participação destacada tanto na produção como no consumo e no estabelecimento de “mandatos de uso de biocombustíveis”, especialmente na região sul e norte do continente. O “Atlas dos biocombustíveis líquidos 2020-2021” é uma importante ferramenta que permite que os técnicos governamentais e os decisores de políticas públicas disponham de informações precisas, confiáveis e detalhadas sobre as principais variáveis em termos de biocombustíveis.

Isso lhes permite estar atualizados com as últimas tendências globais e ter informações completas para a articulação de estruturas normativas e a formulação de políticas públicas. Além de seu uso no transporte terrestre, os biocombustíveis começaram a ser usados em outros setores, como a aviação. Neste sentido, em 2007, o biojet (biocombustível que substitui o combustível fóssil jet fuel) mostrou seus primeiros consumos regulares e, a partir de 2020, começou a ser significativamente utilizado, devido a uma nova capacidade instalada. Além disso, diversos países começaram a analisar e implementar mandatos de uso de biocombustíveis nesse segmento. Os governos da Noruega e da Suécia promulgaram leis em apoio aos biocombustíveis sustentáveis na aviação, enquanto a França está discutindo um mandato a esse respeito para a sua introdução no curto prazo.

Também em outros Estados membros da União Europeia (UE), inclusive na Alemanha, na Holanda e na Espanha, o assunto tem sido debatido. Nos Estados Unidos, várias iniciativas desse setor estão em andamento. O Brasil já possui especificações de qualidade aprovadas. Atualmente, os biocombustíveis líquidos continuam a se consolidar como parte de uma transição mais limpa, no âmbito de um paradigma de mobilidade baseado na combustão interna. Enquanto novos paradigmas de mobilidade (eletromobilidade, propulsão por hidrogênio etc.) começam a se desenvolver com um tempo de massificação considerável, os biocombustíveis constituem uma alternativa ambientalmente mais sustentável do que os combustíveis fósseis, sem grandes mudanças técnicas. Além disso, permitem agregar valor e diversificar a produção agropecuária, gerando emprego e impactos econômicos positivos nos produtores rurais. Fonte: Suinocultura Industrial. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.