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17/Set/2021

Safra 2021/2022: foco das atenções será o clima

Com a colheita do milho 2ª safra de 2021 se encerrando, a produção de grãos (soja e milho) do ciclo 2020/2021 vai ficar aquém do esperado, mesmo com expressivos aumentos da área cultivada. Diante do cenário de demanda aquecida e preços fortalecidos, a tendência é de continuidade de crescimento de área para soja e milho, ainda mais após a quebra de safra deste ano, que levou os preços domésticos a níveis recordes. Com isso, o clima vai cada vez mais ganhar importância, uma vez que é a principal variável com potencial de frustrar as expectativas de um novo recorde de produção para a soja e para o milho. Mesmo no caso da oleaginosa, que atingiu a maior produção já registrada em 2020/2021, superando 135 milhões de toneladas, o clima prejudicou lavouras em várias regiões, após os primeiros meses do ciclo serem marcados por atrasos e chuvas irregulares.

Não fossem esses eventos, a produção poderia ter sido ainda maior, superando o nível de 140 milhões de toneladas. O Brasil vem enfrentando um clima mais seco já há muitos meses, com chuvas, em geral, abaixo da média, o que, inclusive, está diretamente relacionado ao momento atual de crise hídrica e aumento dos custos com a energia. Diante desse cenário, além das preocupações com a qualidade do próximo período chuvoso no Centro-Sul do País, como os riscos de possíveis atrasos e de volumes de precipitação abaixo da média, está no radar a possibilidade de ocorrência, novamente, de La Niña. O La Niña é um fenômeno atmosférico-oceânico que ocorre no oceano Pacífico Equatorial (com alterações na atmosfera adjacente), que registra temperaturas mais baixas que a média histórica, com efeitos no clima ao redor do mundo.

Esses efeitos climáticos também são diferentes dependendo da época do ano em que o fenômeno ocorre. Para o Brasil, quando o resfriamento das águas do Pacífico acontece entre junho e agosto, o clima no Centro-Sul tende a ficar mais seco. Já entre dezembro e fevereiro, as temperaturas usualmente ficam mais baixas principalmente na Região Sudeste e chove mais nas Regiões Norte e Nordeste. Contudo, não significa que essa tendência de mudança do padrão climático vai efetivamente ocorrer, além de o fenômeno poder perdurar por muitos meses, resultando em alterações climáticas diferentes do esperado. Com isso, os efeitos do La Niña sobre a agricultura no Brasil tendem a variar bastante: se observado o histórico de ocorrências, notam-se períodos em que os impactos sobre as lavouras foram grandes e outros em que praticamente não houve resultados negativos.

Previsões climáticas mais longas, que estão sujeitas a alterações significativas, indicam que o mês de novembro poderia registrar chuvas abaixo da média na Região Sul do País, em regiões de Mato Grosso do Sul e de São Paulo. Já em dezembro, as precipitações abaixo do normal ocorreriam mais na Argentina, no Paraguai e em regiões fronteiriças desses países com o Brasil. Alguns estudos sugerem que os volumes de chuva poderiam ser entre 10% e 30% menores em áreas do Centro-Sul brasileiro caso o La Niña se confirme, ou seja, o recuo poderia ser pequeno ou mais significativo, resultando em impactos diferentes sobre as lavouras. Assim, o clima com certeza vai ocupar o papel principal neste novo ciclo que se inicia, ressaltando que não é somente a ocorrência desses fenômenos que tem impactado o clima no Brasil. Há vários outros fatores que se refletem no clima, como o desmatamento da Amazônia e o aquecimento global. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.