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15/Set/2021

Dólar tem alta com o ambiente externo negativo

Nesta terça-feira (14/09), após uma manhã de muita instabilidade, com trocas constantes de sinal, o dólar ganhou fôlego à tarde e registrou novas máximas, encerrando o pregão em alta firme. O principal catalisador para a arrancada do moeda norte-americana no fim dos negócios foi a deterioração do ambiente externo, com perdas fortes dos índices das Bolsa em Nova York, que respingaram no Ibovespa, e a piora das divisas emergentes. Depois de trabalhar em queda a maior parte do dia, o Índice DXY (que mede o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes) também se fortaleceu e renovou máxima, operando perto da estabilidade.

No Brasil, os operadores relataram certo desconforto com a interrupção da tramitação da PEC dos Precatórios na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara após concessão de vista coletiva do parecer pela admissibilidade confeccionado pelo deputado Darci de Matos (PSD-SC). Trata-se de um sinal de que haverá um caminho árduo até uma solução para o pagamento das dívidas judiciais e, por tabela, para definição do reajuste do Bolsa Família, condição essencial para a definição do Orçamento de 2022. Com máxima a R$ R$ 5,26, registrada na reta final de pregão, o dólar encerrou a sessão a R$ 5,25, em alta de 0,65%. Na B3, o giro com o contrato futuro de dólar para outubro, principal termômetro do apetite por negócios, foi mais uma vez reduzido, na casa de US$ 10,8 bilhões.

A mínima do dólar (R$ 5,19) veio pela manhã, na esteira da divulgação da alta de 0,3% do índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em agosto, abaixo das expectativas (+0,4%). Esse resultado reforçou a leitura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que a alta da inflação é transitória e deu vazão à aposta de que o início da redução da compra mensal de bônus ('tapering') virá apenas no último bimestre deste ano. Na avaliação da Inversa Publicações, a queda acentuada das bolsas norte-americanas ao longo da tarde trouxe uma onda de aversão ao risco, já que se esperava uma recuperação dos índices após as perdas recentes. O CPI era o último dado que tinha potencial de ser forte para mexer com a expectativa do tapering. O resultado pesou bem no DXY pela manhã, mas agora o mercado já começa a se 'hedgear' para o encontro do FOMC (encontro do comitê de política monetária do Fed no dia 22 de setembro.

No Brasil, o mercado de câmbio recebeu, em um primeiro momento, de forma amena a sinalização do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que não haverá aceleração do ritmo de alta da Selic (atualmente em 1%) no encontro do Copom neste mês (dias 21 e 22). Campos Neto afirmou que vai levar a Selic onde precisar, mas ponderou que o Banco Central não vai reagir sempre a dados de alta frequência, no que foi interpretado como uma referência a alta de 0,87% do IPCA em agosto, estopim para que parte do mercado passasse a trabalhar com a perspectiva de alta de 1,25% ou de até 1,50% da Selic neste mês. A sinalização de Campos Neto foi criticada por economistas e gestores, por representar supostamente um risco de desancoragem das expectativas de inflação para 2022.

Diversas casas já projetam inflação mais elevada e crescimento mais baixo no ano que vem, o que joga contra a moeda brasileira. A Inversa observa que, dada a forte queda dos juros futuros mais curtos, o dólar subiu pouco no Brasil, já que há uma diminuição da atratividade de operações com arbitragem do diferencial de juros interno e externo. O desempenho da taxa de câmbio está tímido, talvez porque tem muita gente vendida em dólar. Hoje pode ser só o começo desse movimento de depreciação adicional do Real. Ressalta-se que, ajustado pelo risco, a moeda brasileira não é a mais atraente entre emergentes para o carry trade.

Três fatores que podem levar a uma alta do dólar nos próximos meses: o início do 'tapering' nos Estados Unidos, o problema fiscal doméstico e a perspectiva de que se consolide o cenário de polarização nas eleições presidenciais de 2022, com disputa entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O BTG Pactual afirmou que, com a melhora das contas externas, o dólar só não está abaixo de R$ 5,00 hoje porque o País está produzindo muitos ruídos, em especial em relação ao reajuste do Bolsa Família. Se o Brasil mantiver o compromisso com as regras fiscais, a taxa de câmbio deve ficar em R$ 5,00 ou abaixo desse nível nos próximos anos. O dólar parece estar respondendo às incertezas fiscais e institucionais domésticas. A expectativa é de que haja tempo de usufruir no câmbio de termos de troca mais favoráveis. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.