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14/Set/2021

Dólar em queda com o alívio das tensões políticas

Com agenda esvaziada e sem novos sinais de tensões políticas, o mercado de câmbio doméstico trabalhou em ritmo lento nesta segunda-feira (13/09), acompanhando o tom positivo dos demais ativos domésticos. Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar oscilou menos de R$ 0,04 entre a mínima, de R$ 5,20, em sintonia com o auge da valorização do Ibovespa, e a máxima, de R$ 5,24, registrada logo após a abertura. O dólar fechou a R$ 5,22 (-0,83%), o que levou a valorização acumulada no mês para apenas 1%. Na B3, o contrato futuro de dólar para outubro, termômetro do apetite por negócios, tinha giro baixo, na casa de US$ 9 bilhões. O mercado aproveitou a trégua na disputa entre os Poderes, na esteira da "carta à Nação" de Jair Bolsonaro na semana passada, e a baixa adesão aos protestos contra o presidente no 12 de setembro (dada a ausência dos partidos de esquerda), para aparar os prêmios de risco. Avalia-se que a possibilidade de impeachment de Bolsonaro, que pareceu crível após as declarações do presidente nas manifestações de 7 de setembro, diminuíram a quase zero.

A expectativa é a de que a calmaria no front político-institucional, embora ainda vista com certo ceticismo, abra espaço para algum avanço da pauta econômica no Congresso, como a reforma administrativa e, sobretudo, a solução para o imbróglio dos precatórios. Eventual substituto de Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, rebateu nesta segunda-feira (13/09) informações de que tem uma "agenda paralela" e disse que não aceita conversas sobre o impeachment. Instigado a falar sobre a relação entre os Poderes, Mourão afirmou que o presidente, com a divulgação da "carta à Nação", busca uma reaproximação com o STF e que o País começa a semana com pauta uma positiva. O secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, reconheceu que há um desafio em aberto em relação ao Orçamento de 2022, já que a ampliação do programa Bolsa Família, rebatizado de Auxílio Brasil, depende de uma resolução para o pagamento de precatórios. Mas, isso só vai ser conseguido se houver harmonia entre os Poderes. Ele refutou a leitura de que a retirada do pagamento de precatórios do teto de gastos representaria um descontrole de despesas.

Embora tenha voltado a defender a PEC dos Precatórios como a melhor alternativa para o pagamento de quase R$ 90 bilhões em dívidas judiciais, o secretário disse que a equipe econômica está aberta a outros modelos. Na avaliação da Integral Group, os ativos domésticos, mais a Bolsa que o câmbio, passaram por um movimento natural de correção nesta segunda-feira (13/09), em razão da diminuição das tensões políticas. O mercado já começa a colocar no preço uma costura mais adequada com o STF para a questão dos precatórios, que é favorecida por esse ambiente político mais calmo. Mas, o cenário continua ainda desafiador. Ressalta-se o debate em torno do Orçamento e o potencial impacto negativo de um avanço da reforma do Imposto de Renda no Senado. Também ajuda a dar sustentação ao Real a perspectiva de que o Banco Central acelere o passo e aumente a taxa Selic em 1,25%, para 6,50% ao ano, no dia 22 de setembro, e que possa levar a taxa para mais de 8% no atual ciclo de aperto monetário.

O Banco JP Morgan elevou sua projeção para a taxa Selic de 7,5% para 9%, com mais três aumentos de 1% neste ano e mais um de 0,75% no início de 2022. O Banco reconhece, porém, que há chance de o Banco Central acelerar o ritmo de aperto, apesar dos riscos para a economia. A Valor Investimentos ressalta que houve uma elevação da mediana agregada das projeções para a taxa de câmbio no fim deste ano, de R$ 5,17 para R$ 5,20, no Boletim Focus. Apesar do alívio, os investidores seguem de olho nas tensões políticas em Brasília, sobretudo na questão fiscal e na inflação. Entre os indicadores desta segunda-feira (13/09), dados do ministério da Economia mostraram que a balança comercial registrou superávit de US$ 1,399 bilhão na segunda semana de setembro, levando a um saldo positivo de US$ 2,043 bilhões no acumulado do mês (até o dia 12). Em 2021, o superávit comercial soma US$ 2,043 bilhões.

No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) operou em leve alta, na casa dos 92,600 pontos. A moeda norte-americana tinha um comportamento misto frente às divisas emergentes e de países exportadores de commodities. A expectativa do mercado é pela divulgação, nesta terça-feira (14/09), do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unido em agosto, que servirá de base para a calibragem das expectativas em torno o início da redução de compra mensal de bônus ('tapering') pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O Fed anuncia sua próxima decisão de política monetária no dia 22 de setembro (mesmo dia do Copom), quando também trará novas projeções econômicas e estimativas para o começo da elevação da taxa de juros. Em relatório, a Armor Capital afirma que espera o anúncio do 'tapering' no encontro do Fed em novembro, já que possivelmente até lá o fluxo de dados de emprego tende a melhorar. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.