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14/Set/2021

Brasil precisará priorizar a eficiência energética

Segundo o Instituto Clima e Sociedade (iCS), mesmo que contribua com pouco, o Horário de Verão poderia gerar uma economia entre 2% e 3% do consumo de energia elétrica e ajudar o País a enfrentar a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. O País precisa começar a levar a eficiência energética a sério, e não se basear apenas na entrada de termelétricas no sistema para garantir o abastecimento. Segundo o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (Idec), considerando dados do consumo de energia no período de novembro de 2020 a fevereiro de 2021, estima-se que o Horário de Verão teria resultado numa economia de entre 2.500 e 3.800 gigawatts-hora (GWH) caso tivesse sido adotado no último verão nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Quanto menor o consumo, menos térmicas precisam ser acionadas para preservar os combalidos reservatórios das hidrelétricas. A negligência do governo com a eficiência energética é histórica, e se os projetos relativos a essa prática tivessem saído da gaveta dos diversos órgãos responsáveis pela sua implantação, seria possível, apenas com a revisão adequada de geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, economizar 25,3% dos 5.500 megawatts (MW) indicados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) como necessários para se evitar um racionamento este ano. E apenas com uma etiquetagem eficiente de geladeiras seria possível ter uma conta de luz 25% mais barata, mas o Brasil parou no tempo e a eficiência energética nunca é considerada prioridade.

Os primeiros passos para começar a levar a sério o tema seriam a unificação dos programas públicos voltados para o tema em um programa único, e a centralização da governança por meio de um fundo gestor de eficiência energética. Com isso, programas massivos junto ao consumidor para atualização dos padrões de eficiência das geladeiras e aparelhos de ar-condicionado poderiam ter sucesso. Eficiência energética não é apagar um ponto de luz (como pedido pelo presidente Jair Bolsonaro), mas consumir melhor, de forma mais eficiente. O resultado do consumo eficiente poderia dar resultados mais rápidos do que a construção de termelétricas, como propõe o governo, que levam no mínimo cinco anos para ficarem prontas. A eficiência energética tinha que ser tratada como política industrial, e não por poucas pessoas dentro do Ministério de Minas e Energia (MME) que respondem por isso.

Isso está atrasando o desenvolvimento do País. No Brasil, a eficiência energética está nas mãos das distribuidoras de energia, que, por sua vez, não veem vantagem em estimular a queda do consumo. A volta do Horário de Verão é necessária. A construção de usinas térmicas como solução para as constantes crises energéticas do País é criticada, pois é preciso cuidar o lado do consumo, e não apenas da oferta, atuando junto aos fabricantes dos equipamentos de maneira geral, do ar-condicionado e geladeira até os grandes frigoríficos e outros equipamentos de grandes consumidores de energia. Colocar térmicas é ‘espetaculoso’, mas o que vai mudar a estrutura são pequenas medidas, e medidas de eficiência energética levam algum tempo, mas algumas podem ser feitas mais rapidamente e deveriam ser tomadas, como fiscalizar a produção de equipamentos, por exemplo.

O Brasil perde para mercados como Índia e China por conta da eficiência energética. O fim do Horário de Verão se deu em 2018 por uma questão econômica, depois que a economia gerada saiu da casa dos R$ 400 milhões para R$ 100 milhões porque houve o deslocamento do horário de ponta para o meio da tarde. Outro sinal que se faz necessário é a prometida realização de um leilão de eficiência energética para Roraima, que não saiu do papel. O leilão de eficiência energética de Roraima poderia chamar a atenção de que as distribuidoras não perdem dinheiro se o consumo for mais eficiente, seria uma boa maneira de começar a inserir melhores práticas de consumo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.